MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 20 de abril de 2010

A Fonte dos Desejos




A Fonte dos Desejos

 





Existia uma Fonte encantada
habitada por uma fada,
que satisfazia a todos os desejos
de quem nela acreditasse.
Se alguém dela se aproximasse,
nunca mais sentiria solidão,
viveria eternamente
na mais completa harmonia,
não mais sofreria desilusão
e amaria com todo o coração,
mas para isso precisaria
desvendar o seu segredo.
Um coração que por ali passava,
ouvindo o murmúrio da Fonte,
se aproximou cauteloso,
mas enlevado por tão belo canto
e tão suave melodia,
percebeu que podia
à Fonte fazer um pedido,
mas a Fonte foi logo avisando,
que só atenderia,
se o pedido fosse feito
por alguém que não possuísse
nenhum defeito
e que descobrisse um sonho perfeito,
desse a esse sonho um nome,
que fosse maior que o oceano,
mais forte que o vento
e mais perfeito que a flor mais perfeita.
O coração teria então
um momento para reflexão,
mas teria que acertar
senão perderia toda a razão.
E com toda a convicção,
eis a resposta do coração,
à charada que a fonte fizera então:
- O maior de todos os sonhos é o AMOR,
sem ele não haveria a emoção
que trago no coração,
e com esta resposta,
fez-se um clarão
que iluminou a escuridão,
e a fonte deu razão
à resposta do coração,
deu a ele a condição
de existir para sempre
em todos os corações
e foi então,
que o Amor descobriu,
que até mesmo entre as flores
havia um Amor - Perfeito...

 


Débora Benvenuti








O Amor e o Coração




 


Um Coração que queria muito amar,

percorreu muitos caminhos

até o Amor encontrar.

Não sabia o que sentia

quando viu o Amor se aproximar.

Era um sentimento tão intenso,

que o Coração não soube explicar.

Sensações tão diferentes

que ele chegou a experimentar,

e perto do Amor

ficou sem saber o que pensar.

O Amor percebeu o Coração a pulsar,

tão nitidamente

que até dava para escutar.

Essa sensação que o Coração sentia

o fazia hesitar,

porque tinha muito medo

de pelo Amor se apaixonar.

Sabia que não podia

esse sentimento demonstrar,

porque para esse Amor

o Coração não saberia o que falar

e nem podia com ele sonhar.

Era um sonho proibido,

e isso o Coração não poderia agüentar.

Por mais que quisesse

por esse Amor tudo arriscar,

sabia que algum dia

o Amor iria para nunca mais voltar.

Mas à que sensação maravilhosa

o Coração se entregou.

Sonhou sonhos cor de rosa,

desejou amar o Amor,

mas percebeu cheio de dor,

que não podia a esse sonho se entregar.

Então fechou as janelinhas

para o Amor não notar,

que o Coração envelhecera

de tanto esperar,

por esse Amor chegar.



Débora Benvenuti




O Acendedor de Corações



O Acendedor de Corações

 


Era uma noite gelada e fria,

em que o sereno da

madrugada caia.

O vento castigava a quem

não se abrigava da noite

que se prolongava,

como uma ave de rapina,

estendendo as suas garras,

até alcançar o raiar do dia.

Nessa noite o Amor

se compadeceu,

de todos aqueles

que não tinham um amor,

para chamar de seu.

Acendeu um candeeiro

e saiu na noite escura,

como um curandeiro,

procurando um coração,

que precisasse de um pouco

de paixão,

para dar vazão à emoção

que fazia eco em seu coração.

Andou por muito tempo

e foi acendendo todos os corações,

em que a chama da paixão,

o vento do tempo apagara.

Por onde andou,

só encontrou as cinzas

que a paixão deixara,

nesses corações que nunca mais

amaram e já haviam esquecido

o quanto o Amor os havia aquecido.

Acendeu tantos corações,

até que o fogo do seu candeeiro apagou

e com o vento como açoite,

voltou para o seu leito

e dormiu como nunca antes

havia feito,

nos lençóis amassados e desfeitos...

 

Débora Benvenuti




A Magia do Lago



A Magia do Lago



Uma bela libélula,

depois de muito voar

por jardins e bosques floridos,

pousou no tronco de uma árvore para descansar.

Anoiteceu e os raios do luar iluminaram

um lago de águas límpidas e tranqüilas.

A libélula aproximou-se para observar

e viu o seu reflexo nas águas refletidos.

Surpreendeu-se ao perceber que não era

igual às outras libélulas que conhecia.

Havia algo de diferente e belo.

Ela era simplesmente uma mulher,

com asas tão transparentes que

somente os raios do luar passavam

por entre elas e seu reflexo brilhava no lago.

Por um momento,

ficou perplexa com sua imagem,

então entendeu por que

suas amigas sempre faziam

comentários quando a viam voar

livremente pelos ares.

Havia algo que ela queria entender:

- Por que tinha a forma humana e

possuía asas?

Desejou ser apenas uma mulher,

mas como se desfazer das asas,

que a impediam de ser como as outras

mulheres que conhecia?

Olhou novamente o seu reflexo no lago

e percebeu que a imagem ali refletida

dançava aos seus olhos e os raios de luar

escreviam palavras que emergiam do lago,

conforme o movimento das águas.

Começou a recolher as palavras,

a medida que elas surgiam e as

colocava na relva ao seu lado.

Percebeu então que uma mensagem

ali havia se formado:

" Se quiseres adquirir a forma humana,

perderás as tuas asas e jamais poderás

voar na tua imaginação"

No entanto, se quiseres manter esse dom,

terás que cumprir três coisas:

- Amar alguém com todo o teu coração;

- Fazer felizes todas as pessoas ao teu redor;

- Ser sábia em todas as tuas decisões.

Depois disso, as palavras desapareceram

e a libélula adormeceu profundamente

e só acordou com os raios de sol

aquecendo a sua pele.

Lembrou-se da noite anterior e foi

novamente olhar-se no lago.

Nada viu de diferente nela.

Apenas as suas asas haviam desaparecido.

Olhou ao seu redor e sentiu uma sensação

muito agradável tomando conta

de todo o seu ser.

Sentiu vontade de voar,

mas lembrou-se que não possuía mais asas.

Então percebeu que podia caminhar.

Sentiu-se livre...

Livre para voar na sua imaginação...



Débora Benvenuti



A Eternidade, o Amor e a Saudade


A Saudade e o Amor
diante da Eternidade foram se encontrar,
para explicar o que andavam fazendo
e cada um ao seu modo
foram se expressando:
_ A Saudade disse que havia deixado
muitos corações despedaçados,
enquando o Amor tentava compor
os caquinhos estilhaçados,
que a Saudade ia deixando pelo caminho.
Quanto mais longe de um coração
se encontrava,
mais a Saudade ia deixando a sua mágoa
e o Coração mais apertado ficava,
cada vez que a Saudade passava.
De tanto consolar o Coração,
o Amor acabou também ficando apaixonado,
pelo mesmo coração que a Saudade
havia deixado.
A Saudade, sabendo então que o Coração
estava de novo apaixonado,
resolveu voltar e questionar o seu lugar.
O Amor, sabendo de todos os males
que a Saudade havia deixado,
nesse coração tão amargurado,
jutou diante da Eternidade,
que jamais havia deixado
alguém tão só e desesperado.
A Eternidade,
conhecedora de toda a enfermidade
que a Saudade causava,
disse que o Amor era superior
a toda essa crueldade,
causado pela Saudade.
Resolveu que a partir desse momento,
cada vez que um coração se sentisse
aprisionado pela Saudade,
teria o direito de escolher o Amor
que mais afeto despertasse
e deixar a Saudade seguir
a mesma estrada que havia trilhado,
quando deixou o Coração
já tão gasto e humilhado.
Daquele dia em diante o Amor
e a Saudade nunca mais foram vistos
habitando um mesmo coração.
Quando a Saudade passava,
o Amor se fingia de cego,
para não ver a Saudade,
junto da Eternidade,
fazer juras de Amor
e enganar o Coração,
que mesmo apaixonado,
ainda pensava na Saudade...

Débora Benvenuti






segunda-feira, 19 de abril de 2010






Vida que Segue





Um coração abandonado,

ainda muito perturbado,

embarcou numa casquinha de noz

e no mar foi lançado.

Não sabia que fora enganado

e assim, desamparado,

com o coração muito magoado,

decidiu que precisava

partir para outra viagem,

ao interior de si mesmo.

Navegou por muitos mares,

encontrou muitos adversários

e com eles, alguns falsários.

Mas isso tudo não o aniquilou,

pelo contrário,

o deixou ainda mais animado.

Sempre que partia

a navegar além dos mares,

encontrava tempo fechado,

com muito nevoeiro

encobrindo o seu veleiro.

Isso tudo não era motivo

para que o fizesse desistir,

de seguir sempre em frente

e novos horizontes descobrir.

Mesmo fragilizado,

naquele barquinho improvisado,

sentiu-se reconfortado

com a decisão que tomara.

As ondas do mar se erguiam

com tanta força,

que faziam a casquinha quase virar

e o coração ainda mais desesperado,

pensava no mar se lançar.

Depois de algum tempo

o mar pareceu se acalmar

e tudo voltou ao normal.

A casquinha no mar flutuou

e o coração serenou.

Depois da tempestade,

veio a calmaria

e o coração ainda receoso

percebeu que estivera á deriva

no mar revolto

e ainda envolto

em seus pensamentos,

na areia da praia

a casquinha atracou.

Desembarcou todo encharcado

e molhado até o pescoço.

Mas o sol que o aquecia

o deixou mais animado.

Sentiu a brisa do mar

a soprar encabulada.

Não se importou

em tirar as roupas molhadas

e seguir de novo

por uma nova estrada.

Só que agora,

muito mais reconfortado.

Com o coração cheio de esperança,

sem o peso das lembranças,

sentiu-se revigorado.

E percebeu...

Que a vida segue...



Débora Benvenuti

domingo, 11 de abril de 2010

Pappilon


Pappilon



Há muitos e muitos anos,existiu um marinheiro chamado Pappilon. Ele navegou durante anos por mares turbulentos, às vezes entremeados por calmarias e foi durante esse período que ele acreditou ter chegado a um porto seguro e fez ali a sua morada. Sopraram os ventos, veio a tempestade e ele firme, construiu sua família. Teve dois filhos, a quem ele chamou Sarah e Noah. Dedicou-lhes todo o amor que um pai pode dedicar a seus filhos e cada vez que pensava ter passado a tempestade, sopravam novos ventos que varriam para longe toda a esperança de felicidade. Até que um dia, ele resolveu se lançar ao mar novamente, a procura de outros portos onde pudesse se abrigar dos ventos fortes, que ameaçavam destroçar sua embarcação. E foi durante essa aventura, que ele chegou a uma ilha deserta,onde pensou que não existisse ninguém. Percebeu então, que na areia da praia o Amor havia deixado pegadas profundas, em formato de coração. Curioso, decidiu seguir essas pegadas para ver se a ilha era tão deserta assim. Caminhou durante muito tempo e acabou chegando a uma cabana onde percebeu que havia luz acesa. Encontrou ali uma mulher muito só, que durante muito tempo se distraia fazendo caixinhas muito coloridas e de vários formatos, onde guardava todos os sonhos que acalentava.Curioso,não resistiu à tentação e foi abrindo caixinha por caixinha, para ver o que havia dentro delas. Em cada caixinha que abria, foi descobrindo que haviam sido guardados ali, Amor,Esperança,Carinho, Afeto e muitos outros sentimentos,que ele, com o tempo,foi conhecendo. Um dia, ele abriu a última caixinha que continha um sentimento que ele desconhecia:

“ A Liberdade.”

E por desconhecer o significado dessa palavra, se aventurou novamente ao mar. Tentou durante muito tempo descobrir o que isso significava e quanto mais procurava, menos entendia. Era algo diferente de tudo que ele já havia experimentado. E assim, ele continua até hoje, buscando em cada porto um lugar seguro para ancorar a sua curiosidade.

Depois que o marinheiro partiu em busca de novas aventuras, a mulher fechou novamente cada uma das caixinhas e as escondeu em um lugar tão seguro, mas tão seguro, para que ninguém mais pudesse abri-las. E a partir desse dia, as luzes da cabana se apagaram e as pegadas na praia sumiram para sempre.



Débora Benvenuti

Coração Egípcio





Um Coração adormeceu

e quando acordou ,

percebeu

que estava num lugar estranho,

que não era o seu.

Atravessara o oceano

e todo o Mar Egeu.

Se encontrava agora,

nas areias escaldantes,

de uma terra distante,

cheia de mistérios,

onde o que havia,

era a magia,

que o envolvia.

Que lugar estranho,

observou o coração,

no momento em que acordou.

Estava num museu,

ou era tudo um sonho seu?

Ao seu lado percebeu,

que havia um sarcófago

e pulsando dentro dele,

um coração que lhe falava

palavras de amor,

o que muito o surpreendeu.

Parecia que o conhecia

e ele mesmo sentiu,

uma forte emoção,

que fez bater mais forte

o seu coração.

Aquela voz

vinha de muito longe

e o coração reconheceu,

como sendo de um Amor

que o tempo não esqueceu.

Sentiu uma grande euforia

que o envolvia

e o fazia transportar

para um mundo que ele conhecia,

pois quem lhe falava de Amor,

era Tutankamon.

Então o Coração entendeu,

que o seu coração era de Nefertite,

e ele então se aquietou

e se deixou conduzir

por aqueles corredores

que tantas vezes percorrera

e nos braços do seu Amor,

novamente adormeceu.

Viveu novamente as emoções

que já vivera tantas vezes,

ao lado desse Amor,

que novamente era Seu.



Débora Benvenuti

sábado, 10 de abril de 2010










A Amizade e o Sorriso




A Amizade

queria muito conquistar

o Sorriso,

mas não sabia o que fazer,

para dele se aproximar

e um sorriso ganhar.

Pensou em várias maneiras,

sem se decidir

por onde começar.

Depois de muito pensar,

resolveu que do Sorriso

precisava se aproximar.

Como era muito espontânea

e o Sorriso muito encabulado,

achou que poderia conquistá-lo

falando coisas engraçadas.

Só não sabia se com isso,

conquistaria o Sorriso,

que se mantinha em um canto,

muito quieto,

quase calado.

A Amizade se aproximou

com cautela,

pisando suave, delicado.

Rodopiou,

fez molecagem

e o Sorriso,

lá num canto, calado.

Parecia que não havia nada

que fizesse o Sorriso

desfazer a cara amarrada.

Então a Amizade se aproximou,

tentou, tentou

e enfim o sorriso

naquele rosto calado,

desabrochou.

Foi quando a Amizade percebeu

esse sentimento chamado

Generosidade,

que nasce de um momento

chamado Sinceridade,

que é o que faz o Sorriso

Desabrochar, sem maldade....



Débora Benvenuti