MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sábado, 24 de abril de 2010

O Amor e a Noite






O Amor e a Noite


 
 
O Amor estava apaixonado pela Noite.

Quando ela chegava e despia o seu manto,

deixava o Amor mudo de espanto,

ao ver aquela mulher misteriosa,

que tanta beleza irradiava.

Leva-a para o seu leito

e a contemplava com tanto carinho,

que quase a sufocava.

Já não sabia mais o que fazer,

para demonstrar o quanto a amava.

Mesmo assim,

a noite todos os dias ia embora

e deixava o Amor muito amargurado.

Os dois se amavam,

disso ninguém duvidava.

Era um amor tão belo

como nunca houvera outro igual.

O Amor se entregava a essa paixão

que consumia o seu coração.

Quão bela era a Noite,

suspirava o Amor,

quando a Noite chegava e o abraçava,

tonta de emoção.

Falavam de amor,

faziam planos,

dormiam abraçados,

caminhavam lado a lado

e o Amor ficava cada dia

mais apaixonado.

Mas a tristeza não o abandonava.

Quando acordava e não mais

encontrava a Noite ao seu lado,

soluçava amargurado

e sem saber o que fazer,

resolveu permanecer acordado,

para descobrir o que acontecia

com a Noite,

quando o dia amanhecia.

E foi então que descobriu

o mistério que a envolvia.

No travesseiro ao seu lado,

apenas uma estrela solitária,

caída do manto da noite,

quando ela na madrugada

se transformara.



Débora Benvenuti






sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Sabedoria, a Dignidade e a Esperteza






A Sabedoria, a Dignidade e a Esperteza





Já era tarde quando a Sabedoria encerrou as atividades do seu dia. Preparava-se para dormir,quando ouviu que batiam à porta. Vestiu o seu manto e foi atender ao visitante, que parecia nem sentir o frio que fazia àquela hora. Deparou-se então com duas criaturas enigmáticas. A Sabedoria se perguntou o que poderiam querer, depois do anoitecer. A Esperteza foi a primeira a se manifestar. Queria questionar algo que fez a Dignidade estremecer. Por sua natureza, a Esperteza vivia a enganar a todos, enquanto a Dignidade se mostrava preocupada,pois sabia que um dia a Esperteza podia se enganar,cometer um erro fatal e nunca mais se modificar.Essa era a questão,que as duas levaram para a Sabedoria avaliar. A Dignidade tinha os seus princípios,achava que nunca cometera nenhum delito,enquanto a Esperteza,ria-se dela,sem nenhum conflito.A Esperteza se aproveitava de todas as oportunidades e se achava tão esperta,que julgava que ninguém jamais ficaria alerta. Sabia falar bem. Convencia com muita facilidade, enquanto a Dignidade se opunha a toda aquela falsidade.
A Sabedoria,fingindo-se de cega, propôs às duas uma tarefa:
- Que fossem a uma festa e trouxessem a pessoa mais honesta.
A Esperteza logo encontrou a Mentira e com muita sutileza, voltou à casa da Sabedoria.
A Dignidade,por sua vez,decidiu que a Honra era a pessoa mais sensata,entre tantas que ela conhecera. E assim,as duas se encontraram face a face com a Sabedoria.
Enquanto a Esperteza fingia ter encontrado a pessoa certa, a Dignidade mantia-se o mais honesta possível.
A Sabedoria olhou as duas e percebeu que a Esperteza estava impaciente. Trazia um saco às costas, que não parava de se mexer. Parecia que tinha alma e precisava se intrometer, na conversa que a Sabedoria tentava manter.
A Esperteza se distraiu por um momento e deixou escapar a Mentira, que se perdeu no mundo e até hoje continua a correr.Então a Sabedoria chamou a Dignidade e com muita Honra,a encarregou de manter o Mundo longe de toda a falsidade,ter cuidado com a Esperteza e se manter com muita dignidade. Tarefa árdua, que a Dignidade se comprometeu a manter. Procedendo assim, poderia conseguir que a Honra enfim, triunfasse onde a Mentira deixasse a pegada de seus passos....



Débora Benvenuti


quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Razão e a Emoção





A Razão e a Emoção

A Razão e a Emoção

eram duas amigas inseparáveis.

Tinham as suas divergências,

porque a Razão sempre achava

que sabia tudo,

embora a Emoção muitas vezes

superasse a Razão,

em todas as suas argumentações.

Viviam as duas num mesmo coração,

nem sempre com a mesma convicção.

A Emoção era muito sensível.

Bastava alguém falar macio,

pedir baixinho,

contar algum acontecimento triste

e lá vinha a Emoção crescendo

dentro do coração,

até sufocar a Razão,

naquele espaço tão pequeno,

onde as duas conviviam,

sempre que podiam.

Quando a Razão percebia

que a Emoção se envolvia

em algum assunto do Coração,

chamava a sua atenção,

mas nem sempre era ouvida

e tão absorvida ficava

em suas emoções,

que não ouvia os argumentos

da Razão.

Quando percebia que havia agido

por impulsos,

seduzida pela Paixão,

ficava decepcionada com o Coração

e o culpava por toda a sua

agitação.

Prometia a si mesma,

nunca mais cometer os mesmos erros

e ouvir a voz da Razão.

O problema é que a Razão

nem sempre tinha razão.

Então a Emoção se sentia perdida

e acabava culpando o Coração,

por colocar a emoção

sempre acima da Razão...



Débora Benvenuti

 

                                                                                                            

quarta-feira, 21 de abril de 2010



A Imaginação e o Eco





A Imaginação andava apreensiva.

Há muito tempo não conseguia imaginar.

Já se sentira assim um dia

e quando isso acontecia,

de nada adiantava chorar.

Seus pensamentos se confundiam

e ela não conseguia mais pensar.

Então saía a caminhar...

Seus passos a conduziam,

sempre ao mesmo lugar:

- O alto de um penhasco

onde podia a tudo observar,

até que pudesse se acalmar.

Parou um instante,

ouviu o Silêncio,

falou ao Vento,

sentou no rochedo

e começou a soluçar.

Pensou que nunca mais voltaria

a se lançar no espaço.

Suas asas estavam gastas

e a impediam de voar.

Então gritou bem alto:

- Eu quero voar...

Eu quero voar...

E o som retumbava,

trazido pelo Eco,

e ela ouvia o que ele dizia

e mal conseguia acreditar:

- Eu quero voar soava tão nítido,

que algo dentro dela

começou a despertar.

Essa voz que ela ouvia

a incentivava a voar.

Então se lançou no espaço,

abriu as suas asas

e percebeu que ainda sabia voar...



Débora Benvenuti


terça-feira, 20 de abril de 2010

A Fonte dos Desejos




A Fonte dos Desejos

 





Existia uma Fonte encantada
habitada por uma fada,
que satisfazia a todos os desejos
de quem nela acreditasse.
Se alguém dela se aproximasse,
nunca mais sentiria solidão,
viveria eternamente
na mais completa harmonia,
não mais sofreria desilusão
e amaria com todo o coração,
mas para isso precisaria
desvendar o seu segredo.
Um coração que por ali passava,
ouvindo o murmúrio da Fonte,
se aproximou cauteloso,
mas enlevado por tão belo canto
e tão suave melodia,
percebeu que podia
à Fonte fazer um pedido,
mas a Fonte foi logo avisando,
que só atenderia,
se o pedido fosse feito
por alguém que não possuísse
nenhum defeito
e que descobrisse um sonho perfeito,
desse a esse sonho um nome,
que fosse maior que o oceano,
mais forte que o vento
e mais perfeito que a flor mais perfeita.
O coração teria então
um momento para reflexão,
mas teria que acertar
senão perderia toda a razão.
E com toda a convicção,
eis a resposta do coração,
à charada que a fonte fizera então:
- O maior de todos os sonhos é o AMOR,
sem ele não haveria a emoção
que trago no coração,
e com esta resposta,
fez-se um clarão
que iluminou a escuridão,
e a fonte deu razão
à resposta do coração,
deu a ele a condição
de existir para sempre
em todos os corações
e foi então,
que o Amor descobriu,
que até mesmo entre as flores
havia um Amor - Perfeito...

 


Débora Benvenuti








O Amor e o Coração




 


Um Coração que queria muito amar,

percorreu muitos caminhos

até o Amor encontrar.

Não sabia o que sentia

quando viu o Amor se aproximar.

Era um sentimento tão intenso,

que o Coração não soube explicar.

Sensações tão diferentes

que ele chegou a experimentar,

e perto do Amor

ficou sem saber o que pensar.

O Amor percebeu o Coração a pulsar,

tão nitidamente

que até dava para escutar.

Essa sensação que o Coração sentia

o fazia hesitar,

porque tinha muito medo

de pelo Amor se apaixonar.

Sabia que não podia

esse sentimento demonstrar,

porque para esse Amor

o Coração não saberia o que falar

e nem podia com ele sonhar.

Era um sonho proibido,

e isso o Coração não poderia agüentar.

Por mais que quisesse

por esse Amor tudo arriscar,

sabia que algum dia

o Amor iria para nunca mais voltar.

Mas à que sensação maravilhosa

o Coração se entregou.

Sonhou sonhos cor de rosa,

desejou amar o Amor,

mas percebeu cheio de dor,

que não podia a esse sonho se entregar.

Então fechou as janelinhas

para o Amor não notar,

que o Coração envelhecera

de tanto esperar,

por esse Amor chegar.



Débora Benvenuti




O Acendedor de Corações



O Acendedor de Corações

 


Era uma noite gelada e fria,

em que o sereno da

madrugada caia.

O vento castigava a quem

não se abrigava da noite

que se prolongava,

como uma ave de rapina,

estendendo as suas garras,

até alcançar o raiar do dia.

Nessa noite o Amor

se compadeceu,

de todos aqueles

que não tinham um amor,

para chamar de seu.

Acendeu um candeeiro

e saiu na noite escura,

como um curandeiro,

procurando um coração,

que precisasse de um pouco

de paixão,

para dar vazão à emoção

que fazia eco em seu coração.

Andou por muito tempo

e foi acendendo todos os corações,

em que a chama da paixão,

o vento do tempo apagara.

Por onde andou,

só encontrou as cinzas

que a paixão deixara,

nesses corações que nunca mais

amaram e já haviam esquecido

o quanto o Amor os havia aquecido.

Acendeu tantos corações,

até que o fogo do seu candeeiro apagou

e com o vento como açoite,

voltou para o seu leito

e dormiu como nunca antes

havia feito,

nos lençóis amassados e desfeitos...

 

Débora Benvenuti