MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 27 de abril de 2010

A Imaginação e o Silêncio

 


 

 

A Imaginação precisava encontrar

 o Silêncio e com ele conversar.

 Há muito tempo se sentia desanimada

 e não mais conseguia imaginar.

 Seus pensamentos eram confusos

 e as idéias não mais a ajudavam

 a se encontrar.

 Decidida a descobrir

 o que a fazia assim agir,

 saiu na madrugada a procura

 do Silêncio e o encontrou sozinho,

 no alto de um penhasco.

 O Silêncio observou a Imaginação

 se aproximar

 e logo pensou no que ela

 iria falar.

 Sabia tudo o que acontecia

 com a amiga,

 mas como era muito observador,

 não queria aquele momento transpor.

 Ficou em silêncio,

 como era do seu costume.

 Sabia o quanto a Imaginação

 estava cansada.

 Suas asas estavam quebradas

 e ela não conseguia mais voar.

 A Imaginação se aproximou

 do Silêncio e se pôs a falar:

 - Amigo Silêncio, podes me escutar?

 Ao que o Silêncio concordou,

 balançando a cabeça, docemente.

 - Estou a escutar...

 A Imaginação então contou ao Silêncio,

 o que a impedia de voar.

 Da última vez que sonhara,

 voara tão alto,

 que esquecera das suas asas cuidar.

 Quando percebera

 que o sonho acabara,

 do alto daquele penhasco despencara,

 e suas asas quebrara.

 Assim, não mais podia voar,

 como tantas vezes fizera.

 O Silêncio nada podia fazer,

 para consolar a Imaginação.

 Sentia uma enorme vontade

 de falar,

 mas não sabia como

 se expressar.

 Então, estendeu os braços

 e envolveu a Imaginação,

 com tanto carinho,

 que ela se pôs a soluçar.

 O Silêncio cuidou dos ferimentos

 da Imaginação,

 até que ela pudesse voar.

 E numa manhã ensolarada,

 a Imaginação se sentiu

 mais animada,

 se sentiu reconfortada.

 Do alto do penhasco,

 se despediu do Silêncio,

 bateu as asas com cuidado

 e percebeu que estava curada.

 Agradeceu ao Silêncio

 e se lançou do nada,

 na imensidão do espaço

 que a esperava...

  

Débora Benvenuti


sábado, 24 de abril de 2010

A Nuvem e o Amor






A Nuvem e o Amor




 

Uma Nuvem vivia no céu a sonhar.

Queria muito um amor encontrar,

mas não sabia como fazer,

para chamar a atenção do Amor

e fazer ele por ela se apaixonar.

Sentiu a presença do Vento

e lembrou-se que poderia com ele contar,

para o seu sonho realizar.

- Amigo Vento,

disse a nuvem a sonhar,

preciso muito que me ajudes

a um sonho realizar:

Quero muito um Amor encontrar.

O Vento escutou aquele lamento

e resolveu a Nuvem ajudar.

Soprou forte, por um momento,

até ver a Nuvem em um coração

se transformar.

A Nuvem ficou tão contente,

suspirou profundamente,

quando viu o Amor para ela olhar.

Sentiu imediatamente,

que poderia pelo Amor se apaixonar.

E ele aquela linda Nuvem se pôs a admirar.

A Nuvem preferiu nada falar,

sobre a sua condição momentânea.

Amou o Amor com todo o ardor

que havia em seu coração.

E o Amor amou aquela Nuvem,

como jamais julgara amar.

Foram momentos tão felizes,

que o Amor se sentiu nas nuvens.

Adormeceu aconchegado

aquele colo tão macio e aveludado .

Quando acordou, percebeu que a Nuvem

não estava mais ao seu lado.

A Nuvem chorava amargurada,

porque pensou que o Amor a tivesse

abandonado,

mas o Vento que por ali passava,

já a havia transformado

e muito longe dali a transportara.

O Amor a procurou por todo o lado,

mas nunca mais encontrou a Nuvem

por quem havia se apaixonado...

E a Nuvem até hoje,

continua no céu vagando,

em noites enluaradas,

procurando por esse Amor

que a deixou tão arrasada...


 

Débora Benvenuti





Nota: Veja o poema em vídeo .

O Amor e a Noite






O Amor e a Noite


 
 
O Amor estava apaixonado pela Noite.

Quando ela chegava e despia o seu manto,

deixava o Amor mudo de espanto,

ao ver aquela mulher misteriosa,

que tanta beleza irradiava.

Leva-a para o seu leito

e a contemplava com tanto carinho,

que quase a sufocava.

Já não sabia mais o que fazer,

para demonstrar o quanto a amava.

Mesmo assim,

a noite todos os dias ia embora

e deixava o Amor muito amargurado.

Os dois se amavam,

disso ninguém duvidava.

Era um amor tão belo

como nunca houvera outro igual.

O Amor se entregava a essa paixão

que consumia o seu coração.

Quão bela era a Noite,

suspirava o Amor,

quando a Noite chegava e o abraçava,

tonta de emoção.

Falavam de amor,

faziam planos,

dormiam abraçados,

caminhavam lado a lado

e o Amor ficava cada dia

mais apaixonado.

Mas a tristeza não o abandonava.

Quando acordava e não mais

encontrava a Noite ao seu lado,

soluçava amargurado

e sem saber o que fazer,

resolveu permanecer acordado,

para descobrir o que acontecia

com a Noite,

quando o dia amanhecia.

E foi então que descobriu

o mistério que a envolvia.

No travesseiro ao seu lado,

apenas uma estrela solitária,

caída do manto da noite,

quando ela na madrugada

se transformara.



Débora Benvenuti






sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Sabedoria, a Dignidade e a Esperteza






A Sabedoria, a Dignidade e a Esperteza





Já era tarde quando a Sabedoria encerrou as atividades do seu dia. Preparava-se para dormir,quando ouviu que batiam à porta. Vestiu o seu manto e foi atender ao visitante, que parecia nem sentir o frio que fazia àquela hora. Deparou-se então com duas criaturas enigmáticas. A Sabedoria se perguntou o que poderiam querer, depois do anoitecer. A Esperteza foi a primeira a se manifestar. Queria questionar algo que fez a Dignidade estremecer. Por sua natureza, a Esperteza vivia a enganar a todos, enquanto a Dignidade se mostrava preocupada,pois sabia que um dia a Esperteza podia se enganar,cometer um erro fatal e nunca mais se modificar.Essa era a questão,que as duas levaram para a Sabedoria avaliar. A Dignidade tinha os seus princípios,achava que nunca cometera nenhum delito,enquanto a Esperteza,ria-se dela,sem nenhum conflito.A Esperteza se aproveitava de todas as oportunidades e se achava tão esperta,que julgava que ninguém jamais ficaria alerta. Sabia falar bem. Convencia com muita facilidade, enquanto a Dignidade se opunha a toda aquela falsidade.
A Sabedoria,fingindo-se de cega, propôs às duas uma tarefa:
- Que fossem a uma festa e trouxessem a pessoa mais honesta.
A Esperteza logo encontrou a Mentira e com muita sutileza, voltou à casa da Sabedoria.
A Dignidade,por sua vez,decidiu que a Honra era a pessoa mais sensata,entre tantas que ela conhecera. E assim,as duas se encontraram face a face com a Sabedoria.
Enquanto a Esperteza fingia ter encontrado a pessoa certa, a Dignidade mantia-se o mais honesta possível.
A Sabedoria olhou as duas e percebeu que a Esperteza estava impaciente. Trazia um saco às costas, que não parava de se mexer. Parecia que tinha alma e precisava se intrometer, na conversa que a Sabedoria tentava manter.
A Esperteza se distraiu por um momento e deixou escapar a Mentira, que se perdeu no mundo e até hoje continua a correr.Então a Sabedoria chamou a Dignidade e com muita Honra,a encarregou de manter o Mundo longe de toda a falsidade,ter cuidado com a Esperteza e se manter com muita dignidade. Tarefa árdua, que a Dignidade se comprometeu a manter. Procedendo assim, poderia conseguir que a Honra enfim, triunfasse onde a Mentira deixasse a pegada de seus passos....



Débora Benvenuti


quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Razão e a Emoção





A Razão e a Emoção

A Razão e a Emoção

eram duas amigas inseparáveis.

Tinham as suas divergências,

porque a Razão sempre achava

que sabia tudo,

embora a Emoção muitas vezes

superasse a Razão,

em todas as suas argumentações.

Viviam as duas num mesmo coração,

nem sempre com a mesma convicção.

A Emoção era muito sensível.

Bastava alguém falar macio,

pedir baixinho,

contar algum acontecimento triste

e lá vinha a Emoção crescendo

dentro do coração,

até sufocar a Razão,

naquele espaço tão pequeno,

onde as duas conviviam,

sempre que podiam.

Quando a Razão percebia

que a Emoção se envolvia

em algum assunto do Coração,

chamava a sua atenção,

mas nem sempre era ouvida

e tão absorvida ficava

em suas emoções,

que não ouvia os argumentos

da Razão.

Quando percebia que havia agido

por impulsos,

seduzida pela Paixão,

ficava decepcionada com o Coração

e o culpava por toda a sua

agitação.

Prometia a si mesma,

nunca mais cometer os mesmos erros

e ouvir a voz da Razão.

O problema é que a Razão

nem sempre tinha razão.

Então a Emoção se sentia perdida

e acabava culpando o Coração,

por colocar a emoção

sempre acima da Razão...



Débora Benvenuti