MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A LUZ E A ESCURIDÃO



A Luz e a Escuridão
 
 

- Eu nasci iluminada,

disse a Luz à Escuridão.

- E eu nasci antes do Nada,

disse a Sombra toda entusiasmada.

Era tal a competição,

que nenhuma das duas queria

se ver em menor proporção.

- Mas eu ilumino os caminhos

de quem anda sozinho,

disse a Luz, sem hesitação.

- Eu sou muito amada

pelos namorados,

disse a Escuridão.

Todos me procuram

quando estão apaixonados,

por que é na minha sombra

que vivem uma grande paixão.

- Mas eu também sou muito procurada,

ninguém vive sem iluminação.

E é a minha luz que todos buscam

quando estão sem direção.

Além disso,

eu costumo me transformar

em muitas cores

e isso me dá muita emoção.

Às vezes apareço após a chuva

e no céu formo um grande colorido,

à que todos chamam Arco – Íris.

Não existe quem não me admire

e eu causo muita sensação,

nesses momentos em que todos

apontam em minha direção.

- Pois eu ainda contesto toda essa explicação,

disse a Sombra com uma vaga sensação,

de que a Luz estava com a razão.

- Então vejamos quem é mais importante,

disse a Luz `a Escuridão.

Vamos sair juntas e ver quem consegue

vencer essa competição.

A Luz se transformou em um clarão

tão forte que todos pensaram

que era um trovão.

Então escureceu de repente

e todos ficaram na escuridão.

Foi um apagão, todos gritaram

e virou tudo uma grande confusão.

Somente quando a Luz voltou

e iluminou a Escuridão,

foi que as duas perceberam

que de nada adiantava

toda essa discussão.

Tanto a Luz quanto a sombra

tem lá a sua apreciação.

O certo é que ninguém gosta

quando o caos gera toda essa

confusão.

Débora Benvenuti


O OUTRO LADO DA SOLIDÃO




O outro lado da Solidão





A Solidão era uma figura sinistra.

Não se importava

com o que pensassem dela.

Sabia que não era bonita,

mas isso não a impedia

de se aproximar de quem ela

quisesse impressionar.

Muitas vezes sentia medo.

Afinal,

não era diferente

de qualquer outro sentimento,

que habitasse esse planeta.

Não se lembrava onde nascera.

Sempre fora só

e não havia ninguém

que a pudesse ajudar.

Todos a temiam,

quando a viam se aproximar.

E assim, ela não tinha amigos

com quem pudesse conversar.

Mas havia um outro lado

que todos pareciam ignorar.

Solidão também sente medo,

e esse sentimento a fazia hesitar,

quando pensava de alguém se aproximar.

Então subia bem alto num penhasco.

Lá de cima tudo parecia diferente.

Abria as longas asas negras

e se lançava no infinito.

Gritava bem alto e os seus gritos

ecoavam no silêncio.

Sentia a brisa a

enxugar-lhe as lágrimas,

que escorriam livremente,

caindo em gotas,

tristemente...



Débora Benvenuti


terça-feira, 4 de maio de 2010

A SOMBRA E A SOLIDÃO


A Sombra e a Solidão

A Solidão esgueirava-se pela estrada

e procurava um lugar onde pudesse

se abrigar,antes do escurecer.

Percebia que estava sendo seguida,

mas toda a vez que olhava para trás,

não via ninguém com quem conversar.

Precisava desabafar,

mas nem isso conseguia,

por que ninguém a queria escutar.

Seus pezinhos doloridos

estavam cansados de tanto andar.

A luz do luar fazia a imagem

da Solidão aumentar

e ela percebeu alguém ao seu lado

a soluçar.

A Sombra saiu da escuridão

e a seu lado foi se postar.

Era imensa, gigantesca

e aquela hora da noite,

parecia ainda mais escura.

A Solidão sentiu a presença da Sombra

que não parava de se lamentar.

- Estou cansada, estou confusa.

Mal podia a Sombra estas palavras formular,

antes que se pusesse novamente a soluçar.

Por onde eu ando,continuou a Sombra,

fico num canto esquecida,

quieta,calada,muitas vezes sem me mexer

e quem eu sigo nem percebe

a minha presença ao entardecer.

Quando a luz da lua reflete os meus passos,

muitas vezes eu assusto quem eu sigo

e ninguém percebe que eu sou apenas

uma Sombra amiga.

- Pois eu, disse a Solidão,

sofro muito mais discriminação.

Ninguém quer a minha companhia,

vivo só, na escuridão.

A Sombra então se aproximou da Solidão

e a envolveu com seus braços enormes.

Ficaram as duas quietas, caladas,

observando um raio de luar

iluminar seus corações.



Débora Benvenuti



A ILUSÃO



A Ilusão




A Ilusão estava de partida.

Nunca sentira tanta solidão como agora.

O outono se aproximava

e ela sentia-se só e desamparada.

O dia amanhecera lindo.

O calor do sol a aquecera,

mas a noite se aproximava

e ela ainda caminhava pela estrada.

Vivia iludindo os corações

onde habitava,

mas não se sentia incomodada.

Era muito requisitada.

Sempre que alguém a procurava,

ela iludia com palavras adocicadas.

E os corações sucumbiam, apaixonados.

Muitos nem percebiam

que a Ilusão era só uma miragem

e muito pouco tempo durava.

Quando percebiam que a Ilusão

os enganara,

dela nunca mais se aproximavam.

E a Ilusão se tornava amarga,

cada vez que desiludia

um coração que nela acreditava.

Mas nada podia fazer.

Era linda e tinha as faces rosadas.

Um andar elegante e sofisticado.

Nela tudo era lindo e maravilhoso.

Enquanto era admirada,

Vivia um conto de fadas.

Mas pouco a pouco ia ficando cansada.

Queria se iludir,

mas não sabia como.

Era hora de partir.

Sabia disso.

Mesmo sendo Ilusão,

sofria de solidão...



Débora Benvenuti



segunda-feira, 3 de maio de 2010

TEMPO


TEMPO
 

Essa é a questão: TEMPO.

As pessoas vivem em função do Tempo.

Muitos dizem: Eu não tenho Tempo.

- Mas o que é o Tempo?

O Tempo não existe.

Quem inventou o Tempo foi alguém que

 não sabia o que fazer com o Tempo.

- Mas para que inventar algo que não existe?

Pura perda de Tempo!

E você vai se organizar no Tempo para que?

Para encontrar algo para fazer,

quando você não tiver Tempo para fazer nada?

Tudo é Tempo ou é Tempo perdido?

E lá vem o velho refrão de novo:

Há Tempo para tudo - tudo tem seu Tempo...

- Mas onde está o Tempo?

Será que o Tempo existe,

ou você existe em função do Tempo?

Lá vem o Tempo de novo:

- Eu não tenho Tempo!

Se você não tem tempo,

para que vai se preocupar

com algo que você não tem?

Vais perder mais Tempo ainda?

O Tempo já passou na janela

e só você não viu.

- E por que você não viu o Tempo passar?

- Porque o Tempo não existe e se não existe,

por que perdes Tempo com o Tempo?



Débora Benvenuti

AS CORES DO MEU PRESENTE




As cores do meu Presente


Vou colorir
com todas as cores
que eu descobrir,
um mundo encantado
onde exista um lugar,
que eu possa sonhar...
Nele eu quero pintar
uma janela,
que se abra
cada vez que a brisa soprar.
Nessa janela eu possa observar
todos os momentos
que eu deixei passar.
Pintarei novamente com novas cores,
os novos horizontes
que se abrirem para eu sonhar,
porque sei que nele estarás,
a me esperar.
Não quero mais me enganar.
Eu quero ter você a meu lado,
caminhando junto,
como dois apaixonados
que se conheceram
e nunca mais se separaram.
Quero te amar.
Quero te beijar.
Quero sentir o calor do teu abraço e
me perder nos teus braços,
antes que o outono chegue,
que se faça tarde,
e eu não possa te encontrar.
Quero colorir o meu presente,
com todas as cores do universo.
E de todas as cores,
quero escolher a mais bonita,
fazer um laço de fita
e com ele amarrar um bilhete onde
deixo essa frase escrita:
Você é o meu presente
E te quero para todo o sempre...

Débora Benvenuti

O CORAÇÃO E A OSTRA


 



Certo dia um coração, sentindo-se cansado, velho e alquebrado,decidiu que não mais queria ser um coração. Desejou  ser uma ostra e assim sendo,foi esconder-se no fundo do oceano. Levou consigo apenas um grão de areia e embalado pelas ondas do mar, adormeceu e foi jogado na areia da praia. Um Português que por ali passava, recolheu a ostra e a abriu, descobrindo no seu interior, não mais um grão de areia, mas a mais bela pérola.Tomou-a em suas mãos e ficou observando-a,sem saber,o que fazer com ela. Naquele momento,a ostra desejou ser novamente um coração e ficou a espera de que o Português decidisse o que fazer com a pérola. Enquanto observava a pérola, ele pensou: Para que quero uma pérola, se já tenho tudo o que eu quero? A Pérola, percebendo a indecisão do Português,respondeu:- Eu não sou uma Pérola, sou apenas um coração e se me quiseres, poderás me levar contigo. Eu sou o Amor,a Chama da Paixão que o Vento do Tempo jamais apagará e existirei para sempre no seu coração.O Vento que por ali passava,ouvindo o diálogo dos dois,soprou mais forte e acendeu a Chama da Paixão que estavaa dormecida no coração do Português e ele, sentindo-se enternecido,recolheu o coração e o guardou no peito. A partir desse  dia, o coração nunca mais desejou ser uma ostra.

 

                                 Débora Benvenuti