MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sábado, 8 de maio de 2010

A IMAGINAÇÃO TAMBÉM É MÃE



A Imaginação também é Mãe



A Imaginação sempre quis ser Mãe.

Queria experimentar essa sensação

que todas as mães diziam

ser a melhor coisa que existia.

Precisou esperar muito.

Até que chegou o seu dia.

Nascia a primeira filha da Imaginação

e ela então se enternecia,

vendo que a sua pequena Imaginação crescia

e a todos surpreendia

com as perguntas que fazia:

- Mamãe,dizia ela,

quanto vou ter um irmão?

E a Mamãe Imaginação suspirava

e se indagava se isto algum dia

aconteceria ou seria só um sonho,

que ela guardaria.

Mas um dia,quando Mamãe Imaginação

não mais esperava,

nasceu um lindo menino,

para brincar de faz de conta

com a pequenina Imaginação.

E os dois brincavam e imaginavam

que um dia também

eles passariam pela mesma situação:

Seria o começo de uma nova geração.

Mas Mamãe Imaginação disse a eles

que netos por enquanto ela não queria não.

Só na Imaginação!



Débora Benvenuti



sexta-feira, 7 de maio de 2010

COLCHA DE RETALHOS



Colcha de Retalhos


 

De cada momento que eu vivi,

recolhi o momento mais sublime

e os costurei em minha colcha de retalhos.

Hoje esses momentos eu os vejo,

cada um com seus encantos,

alguns já desbotados,

pela emoção transformados.

Alguns até rabiscados

e muitas vezes retocados,

com as cinzas do meu passado.

Eu assim os coloquei,

lado a lado,

costurados com a linha do tempo,

com fios dourados bordados

e com um acabamento esmerado.

Cada detalhe dessa colcha

são percorridos pelos meus dedos trêmulos,

que deslizam suavemente

pela minha colcha de retalhos.

Com ela me agasalho,

nos momentos em que sinto

o frio da noite,

caindo em flocos de saudade.

E assim, aconchegada,

me sinto mais sossegada,

embora a solidão

ainda invada o meu coração

e transforme esses momentos

em suave recordação.

 

Débora Benvenuti



quinta-feira, 6 de maio de 2010

FALANDO DE SENTIMENTOS

Falando de Sentimentos


Muitos não entendem

o significado do meu nome.

Mesmo eu ainda me pergunto

porque me chamam Prosopopéia.

Sou uma mistura de sentimentos,

sou prosa e sou verso,

falo do universo

e de seres inanimados.

Tenho vida própria

e também dou vida a quem

nasceu e vive calado.

Se você não me entendeu,

ouça então este ditado:

-“ O essencial é invisível aos olhos

e só se pode ver com o coração.”

E muitas vezes

falei com o Coração,

Viajei com a Imaginação,

Morei em muitos lugares,

Voei pelos ares.

Mesmo não tendo asas

causei muitas exclamações.

Suspirei,amei,fui amado

e também fui chamado

de muitos outros nomes,

mas de todos os que tenho lembrado,

prefiro que me chames

de qualquer nome,

mas que tenha um só significado:

Sou o Amor personificado

e vivo nos corações

de todos os apaixonados...



Débora Benvenuti



A frase citada pertence ao Pequeno Príncipe

Saint Exupery

A DÚVIDA E A CURIOSIDADE




 
A Dúvida e a Curiosidade
 

 
A Dúvida caminhava pela estrada
e trazia consigo um pesado fardo.
De vez em quando pensava em desistir,
mas corria o risco de não mais prosseguir
e abandonar para sempre,
o que estava a carregar.
Pensava às vezes se desfazer
um pouco do fardo que carregava,
mas não se atrevia sequer a abrir o saco,
que já cansada,
pela estrada arrastava.
Por onde passava,
encontrava sempre a Curiosidade,
que a espreitava,
em cada curva da estrada,
e quanto mais andava,
mais a Dúvida se martirizava.
Queria ter uma certeza,
uma apenas e já se daria por satisfeita,
mas por outro lado, tinha medo,
de espiar dentro do saco,
que pesava a cada passo que dava.
E ela assim continuava,
confiando na certeza,
de que haveria um momento
em que não teria mais dúvidas.
Quando a Curiosidade novamente
 a encontrasse,
se desfaria do fardo,
que não mais conseguia carregar.
E assim, depois de muito pensar
e com os pezinhos doloridos
 de tanto andar,
encontrou a Curiosidade a lhe esperar.
Não teve mais argumentos,
para a Curiosidade enganar.
Colocou o pesado fardo no chão,
devagar, sem nada falar.
A Curiosidade saltitava
e mal conseguia se conter,
querendo saber
o que a Dúvida tinha a esconder.
Então, lentamente,
a Dúvida se desfez do fardo.
De dentro dele,
como por encanto,
surgiu a Esperança,
que deixou a Dúvida muda de espanto,
porque não sabia que o fardo
que pesava tanto,
se tornara tão leve,
depois que deixara a Curiosidade
espiar por um momento e
pôr fim ao seu tormento...

 

Débora Benvenuti





quarta-feira, 5 de maio de 2010

A LUZ E A ESCURIDÃO



A Luz e a Escuridão
 
 

- Eu nasci iluminada,

disse a Luz à Escuridão.

- E eu nasci antes do Nada,

disse a Sombra toda entusiasmada.

Era tal a competição,

que nenhuma das duas queria

se ver em menor proporção.

- Mas eu ilumino os caminhos

de quem anda sozinho,

disse a Luz, sem hesitação.

- Eu sou muito amada

pelos namorados,

disse a Escuridão.

Todos me procuram

quando estão apaixonados,

por que é na minha sombra

que vivem uma grande paixão.

- Mas eu também sou muito procurada,

ninguém vive sem iluminação.

E é a minha luz que todos buscam

quando estão sem direção.

Além disso,

eu costumo me transformar

em muitas cores

e isso me dá muita emoção.

Às vezes apareço após a chuva

e no céu formo um grande colorido,

à que todos chamam Arco – Íris.

Não existe quem não me admire

e eu causo muita sensação,

nesses momentos em que todos

apontam em minha direção.

- Pois eu ainda contesto toda essa explicação,

disse a Sombra com uma vaga sensação,

de que a Luz estava com a razão.

- Então vejamos quem é mais importante,

disse a Luz `a Escuridão.

Vamos sair juntas e ver quem consegue

vencer essa competição.

A Luz se transformou em um clarão

tão forte que todos pensaram

que era um trovão.

Então escureceu de repente

e todos ficaram na escuridão.

Foi um apagão, todos gritaram

e virou tudo uma grande confusão.

Somente quando a Luz voltou

e iluminou a Escuridão,

foi que as duas perceberam

que de nada adiantava

toda essa discussão.

Tanto a Luz quanto a sombra

tem lá a sua apreciação.

O certo é que ninguém gosta

quando o caos gera toda essa

confusão.

Débora Benvenuti


O OUTRO LADO DA SOLIDÃO




O outro lado da Solidão





A Solidão era uma figura sinistra.

Não se importava

com o que pensassem dela.

Sabia que não era bonita,

mas isso não a impedia

de se aproximar de quem ela

quisesse impressionar.

Muitas vezes sentia medo.

Afinal,

não era diferente

de qualquer outro sentimento,

que habitasse esse planeta.

Não se lembrava onde nascera.

Sempre fora só

e não havia ninguém

que a pudesse ajudar.

Todos a temiam,

quando a viam se aproximar.

E assim, ela não tinha amigos

com quem pudesse conversar.

Mas havia um outro lado

que todos pareciam ignorar.

Solidão também sente medo,

e esse sentimento a fazia hesitar,

quando pensava de alguém se aproximar.

Então subia bem alto num penhasco.

Lá de cima tudo parecia diferente.

Abria as longas asas negras

e se lançava no infinito.

Gritava bem alto e os seus gritos

ecoavam no silêncio.

Sentia a brisa a

enxugar-lhe as lágrimas,

que escorriam livremente,

caindo em gotas,

tristemente...



Débora Benvenuti


terça-feira, 4 de maio de 2010

A SOMBRA E A SOLIDÃO


A Sombra e a Solidão

A Solidão esgueirava-se pela estrada

e procurava um lugar onde pudesse

se abrigar,antes do escurecer.

Percebia que estava sendo seguida,

mas toda a vez que olhava para trás,

não via ninguém com quem conversar.

Precisava desabafar,

mas nem isso conseguia,

por que ninguém a queria escutar.

Seus pezinhos doloridos

estavam cansados de tanto andar.

A luz do luar fazia a imagem

da Solidão aumentar

e ela percebeu alguém ao seu lado

a soluçar.

A Sombra saiu da escuridão

e a seu lado foi se postar.

Era imensa, gigantesca

e aquela hora da noite,

parecia ainda mais escura.

A Solidão sentiu a presença da Sombra

que não parava de se lamentar.

- Estou cansada, estou confusa.

Mal podia a Sombra estas palavras formular,

antes que se pusesse novamente a soluçar.

Por onde eu ando,continuou a Sombra,

fico num canto esquecida,

quieta,calada,muitas vezes sem me mexer

e quem eu sigo nem percebe

a minha presença ao entardecer.

Quando a luz da lua reflete os meus passos,

muitas vezes eu assusto quem eu sigo

e ninguém percebe que eu sou apenas

uma Sombra amiga.

- Pois eu, disse a Solidão,

sofro muito mais discriminação.

Ninguém quer a minha companhia,

vivo só, na escuridão.

A Sombra então se aproximou da Solidão

e a envolveu com seus braços enormes.

Ficaram as duas quietas, caladas,

observando um raio de luar

iluminar seus corações.



Débora Benvenuti