MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quinta-feira, 20 de maio de 2010

AMIGO CUPIDO



Amigo Cupido


 


Não sei se você percebeu,

Amigo cupido,

mas há muito tempo

não falas mais comigo.

Será que você esqueceu,

aquele meu pedido?

Se foi isso que aconteceu,

quero novamente te falar,

que ainda tenho os mesmos sonhos

para sonhar.

Só que eles não possuem mais

o mesmo colorido.

Com o tempo,

ficaram desbotados

e acabaram sendo esquecidos.

Mas se puderes me ouvir,

eu posso te dizer,

onde os tenho escondido.

Continuam no mesmo lugar,

naquele armário embutido,

numa caixinha de papelão

em formato de coração.

Lá os guardei,

da última vez que os sonhei

e neles ficou o pedido

que fiz à você,

Amigo Cupido.

Queria que me trouxesses

um Amor,

que fosse único e verdadeiro,

que me amasse por inteiro,

e me fizesse muito feliz.

Não precisa ser maravilhoso,

mas tem que ter

a alma perfumada,

como as flores do campo,

que na sua simplicidade,

me trazem tanta felicidade.

Tem que ter no coração

muita sensibilidade,

e o desejo de me amar

com muita intensidade.

Não precisa ser bonito,

nem ser muito letrado,

basta que seja íntegro

e muito delicado.

Que esteja disposto a amar

e ser por mim amado.

É só isso que te peço,

Amigo cupido.

Agora que já lembras do meu pedido,

vá depressa

cumprir a sua promessa.

Eu fico aqui esperando,

porque tenho muita pressa.

Se esperar muito,

me descuido

e acabo com todos os meus sonhos

num segundo,

porque a espera se faz incerta

e os meus sonhos,

nunca mais ninguém desperta.




Débora Benvenuti





sábado, 8 de maio de 2010

A IMAGINAÇÃO TAMBÉM É MÃE



A Imaginação também é Mãe



A Imaginação sempre quis ser Mãe.

Queria experimentar essa sensação

que todas as mães diziam

ser a melhor coisa que existia.

Precisou esperar muito.

Até que chegou o seu dia.

Nascia a primeira filha da Imaginação

e ela então se enternecia,

vendo que a sua pequena Imaginação crescia

e a todos surpreendia

com as perguntas que fazia:

- Mamãe,dizia ela,

quanto vou ter um irmão?

E a Mamãe Imaginação suspirava

e se indagava se isto algum dia

aconteceria ou seria só um sonho,

que ela guardaria.

Mas um dia,quando Mamãe Imaginação

não mais esperava,

nasceu um lindo menino,

para brincar de faz de conta

com a pequenina Imaginação.

E os dois brincavam e imaginavam

que um dia também

eles passariam pela mesma situação:

Seria o começo de uma nova geração.

Mas Mamãe Imaginação disse a eles

que netos por enquanto ela não queria não.

Só na Imaginação!



Débora Benvenuti



sexta-feira, 7 de maio de 2010

COLCHA DE RETALHOS



Colcha de Retalhos


 

De cada momento que eu vivi,

recolhi o momento mais sublime

e os costurei em minha colcha de retalhos.

Hoje esses momentos eu os vejo,

cada um com seus encantos,

alguns já desbotados,

pela emoção transformados.

Alguns até rabiscados

e muitas vezes retocados,

com as cinzas do meu passado.

Eu assim os coloquei,

lado a lado,

costurados com a linha do tempo,

com fios dourados bordados

e com um acabamento esmerado.

Cada detalhe dessa colcha

são percorridos pelos meus dedos trêmulos,

que deslizam suavemente

pela minha colcha de retalhos.

Com ela me agasalho,

nos momentos em que sinto

o frio da noite,

caindo em flocos de saudade.

E assim, aconchegada,

me sinto mais sossegada,

embora a solidão

ainda invada o meu coração

e transforme esses momentos

em suave recordação.

 

Débora Benvenuti



quinta-feira, 6 de maio de 2010

FALANDO DE SENTIMENTOS

Falando de Sentimentos


Muitos não entendem

o significado do meu nome.

Mesmo eu ainda me pergunto

porque me chamam Prosopopéia.

Sou uma mistura de sentimentos,

sou prosa e sou verso,

falo do universo

e de seres inanimados.

Tenho vida própria

e também dou vida a quem

nasceu e vive calado.

Se você não me entendeu,

ouça então este ditado:

-“ O essencial é invisível aos olhos

e só se pode ver com o coração.”

E muitas vezes

falei com o Coração,

Viajei com a Imaginação,

Morei em muitos lugares,

Voei pelos ares.

Mesmo não tendo asas

causei muitas exclamações.

Suspirei,amei,fui amado

e também fui chamado

de muitos outros nomes,

mas de todos os que tenho lembrado,

prefiro que me chames

de qualquer nome,

mas que tenha um só significado:

Sou o Amor personificado

e vivo nos corações

de todos os apaixonados...



Débora Benvenuti



A frase citada pertence ao Pequeno Príncipe

Saint Exupery

A DÚVIDA E A CURIOSIDADE




 
A Dúvida e a Curiosidade
 

 
A Dúvida caminhava pela estrada
e trazia consigo um pesado fardo.
De vez em quando pensava em desistir,
mas corria o risco de não mais prosseguir
e abandonar para sempre,
o que estava a carregar.
Pensava às vezes se desfazer
um pouco do fardo que carregava,
mas não se atrevia sequer a abrir o saco,
que já cansada,
pela estrada arrastava.
Por onde passava,
encontrava sempre a Curiosidade,
que a espreitava,
em cada curva da estrada,
e quanto mais andava,
mais a Dúvida se martirizava.
Queria ter uma certeza,
uma apenas e já se daria por satisfeita,
mas por outro lado, tinha medo,
de espiar dentro do saco,
que pesava a cada passo que dava.
E ela assim continuava,
confiando na certeza,
de que haveria um momento
em que não teria mais dúvidas.
Quando a Curiosidade novamente
 a encontrasse,
se desfaria do fardo,
que não mais conseguia carregar.
E assim, depois de muito pensar
e com os pezinhos doloridos
 de tanto andar,
encontrou a Curiosidade a lhe esperar.
Não teve mais argumentos,
para a Curiosidade enganar.
Colocou o pesado fardo no chão,
devagar, sem nada falar.
A Curiosidade saltitava
e mal conseguia se conter,
querendo saber
o que a Dúvida tinha a esconder.
Então, lentamente,
a Dúvida se desfez do fardo.
De dentro dele,
como por encanto,
surgiu a Esperança,
que deixou a Dúvida muda de espanto,
porque não sabia que o fardo
que pesava tanto,
se tornara tão leve,
depois que deixara a Curiosidade
espiar por um momento e
pôr fim ao seu tormento...

 

Débora Benvenuti





quarta-feira, 5 de maio de 2010

A LUZ E A ESCURIDÃO



A Luz e a Escuridão
 
 

- Eu nasci iluminada,

disse a Luz à Escuridão.

- E eu nasci antes do Nada,

disse a Sombra toda entusiasmada.

Era tal a competição,

que nenhuma das duas queria

se ver em menor proporção.

- Mas eu ilumino os caminhos

de quem anda sozinho,

disse a Luz, sem hesitação.

- Eu sou muito amada

pelos namorados,

disse a Escuridão.

Todos me procuram

quando estão apaixonados,

por que é na minha sombra

que vivem uma grande paixão.

- Mas eu também sou muito procurada,

ninguém vive sem iluminação.

E é a minha luz que todos buscam

quando estão sem direção.

Além disso,

eu costumo me transformar

em muitas cores

e isso me dá muita emoção.

Às vezes apareço após a chuva

e no céu formo um grande colorido,

à que todos chamam Arco – Íris.

Não existe quem não me admire

e eu causo muita sensação,

nesses momentos em que todos

apontam em minha direção.

- Pois eu ainda contesto toda essa explicação,

disse a Sombra com uma vaga sensação,

de que a Luz estava com a razão.

- Então vejamos quem é mais importante,

disse a Luz `a Escuridão.

Vamos sair juntas e ver quem consegue

vencer essa competição.

A Luz se transformou em um clarão

tão forte que todos pensaram

que era um trovão.

Então escureceu de repente

e todos ficaram na escuridão.

Foi um apagão, todos gritaram

e virou tudo uma grande confusão.

Somente quando a Luz voltou

e iluminou a Escuridão,

foi que as duas perceberam

que de nada adiantava

toda essa discussão.

Tanto a Luz quanto a sombra

tem lá a sua apreciação.

O certo é que ninguém gosta

quando o caos gera toda essa

confusão.

Débora Benvenuti


O OUTRO LADO DA SOLIDÃO




O outro lado da Solidão





A Solidão era uma figura sinistra.

Não se importava

com o que pensassem dela.

Sabia que não era bonita,

mas isso não a impedia

de se aproximar de quem ela

quisesse impressionar.

Muitas vezes sentia medo.

Afinal,

não era diferente

de qualquer outro sentimento,

que habitasse esse planeta.

Não se lembrava onde nascera.

Sempre fora só

e não havia ninguém

que a pudesse ajudar.

Todos a temiam,

quando a viam se aproximar.

E assim, ela não tinha amigos

com quem pudesse conversar.

Mas havia um outro lado

que todos pareciam ignorar.

Solidão também sente medo,

e esse sentimento a fazia hesitar,

quando pensava de alguém se aproximar.

Então subia bem alto num penhasco.

Lá de cima tudo parecia diferente.

Abria as longas asas negras

e se lançava no infinito.

Gritava bem alto e os seus gritos

ecoavam no silêncio.

Sentia a brisa a

enxugar-lhe as lágrimas,

que escorriam livremente,

caindo em gotas,

tristemente...



Débora Benvenuti