MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 8 de junho de 2010

SÃO JOÃO,EU QUERO ME CASAR






São João,eu quero me Casar!





Quando é que eu me caso?

Perguntava Dora.

Pergunte para o São João.

Respondia eu,

Rindo da aflição

Que Dora demonstrava

Sempre nessas ocasiões.

Faça uma simpatia,

Depois que a noite se fizer fria.

À meia-noite,

Junto a um pé

De bananeira,

Crave um facão

E retire no outro dia.

A letra que ali aparecer

Será o nome do futuro maridão.

E lá se ia Dora,

Fazer tudo

Como mandava a tradição.

E depois de saber o nome,

Queria saber Dora,

O que faço para saber

Quanto tempo falta

Para essa união?

Muito simples:

Amarre um fio de linha

Numa aliança

E a mergulhe num copo de vidro.

Conte quantas vezes ela vai tilintar,

Batendo de lá para cá.

Se ainda quiser saber mais,

Encha uma bacia d’água fria.

Depois escreva vários nomes

Em pedaços de papel.

Dobre quatro vezes

E os largue na bacia.

No outro dia observe

Qual dos papéis se desdobrou.

Esse será o nome

Do homem que fará

O seu coração se apaixonar..

Se ainda quiser ter certeza,

De que esse dia chegará,

Pegue a clara de um ovo

E a coloque no sereno.

A madrugada fará

A clara em neve se transformar.

Se nada disso acontecer,

Esqueça,

não é dessa vez

Que você vai desencalhar.

Se todas essas simpatias

Surtirem efeito,

Prepare-se...

Mas muito cuidado,

Na hora de ir para o altar.

Não se esqueça de agradecer ao Santo

Na hora de se casar!


domingo, 6 de junho de 2010

O BALANÇO DAS PALAVRAS



O Balanço das Palavras
 


Hoje eu não vou falar de nada,

só quero estar por perto,

para ver o que despertam

as palavras dos meus versos.

Sei que ficam no balanço,

enquanto uma empurra,

a outra canta e vão

escorregando nas vírgulas

e se perdendo nos finais

de cada ponto do acalanto.

Enquanto cantam,

fazem rimas com o riso

que despertam nos passantes.

Quem mais se diverte

é a Felicidade,

que sorri para o Amor

que desce pelo escorregador

deixando o Desejo

morrendo de vontade

de dar beijos na Saudade,

que se balança com vontade,

naquele vai e vem,

deixando a todos estonteados

com toda a sua espontaneidade.

Todas queriam brincar

com a Saudade e fazer dela

a palavra mais importante,

para lembrarem desse dia

em que fizeram tanta estripulia,

sem se preocupar com o que diria

a dona desses versos se ainda

estivesse por perto.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

O TEMPO E O VENTO




O Tempo e o Vento

 

O Vento saiu de casa

assoviando alegre e contente.

Há muito não se sentia assim,

leve, sereno, feliz..

Passeava pela praia,

quando encontrou o Tempo,

se lamentando, contrafeito.

Por mais que se esforçasse,

sempre alguém encontrava

algum defeito.

Então ele soluçava

e algumas gotas do céu lançava.

Se estava quente ou se

estava frio,

alguém sempre reclamava.

E falavam que o Tempo virara.

Mas não terminavam a frase

e isso o incomodava.

O Vento então contava

por tudo que passara:

- Se soprava bem de leve

o chamavam de brisa fresca.

Ele então se enfurecia

e soprava com vontade.

Já erguera muitas saias

de moças encabuladas,

que ficavam ruborizadas

com essas coisas safadas,

que o Vento aprontava.

Quando isso acontecia,

o Vento se enfurecia,

soprava com toda a força,

que a todos espantava.

Muitos se escondiam

quando ele se aproximava.

Então o chamavam

por qualquer nome de mulher

e isso era um vexame

que ele não podia suportar.

Os dois se calaram

e pensaram no que fazer.

O Tempo resolveu se recolher

e logo escureceu.

O Vento se esqueceu

de todos os nomes que recebeu.

Mas prometeu se controlar,

se parassem de lhe chamar

de Brisa Fresca e de outros

nomes que preferia nem lembrar...



Débora Benvenuti



domingo, 30 de maio de 2010

MEU CORAÇÃO SE APAIXONOU



Meu coração se Apaixonou




Meu coração andava inquieto

e por mais que eu indagasse,

não conseguia descobrir

o que o fazia andar tão quieto.

Com certeza me escondia

algo que não me dizia.

E por estar assim calado,

suspeitei que algo estava errado.

De manhã mal acordou

e da cama levantou.

Saiu pisando de mansinho,

com medo que eu acordasse.

Espiei sem que ele notasse

e vi que calçava os chinelinhos.

Arrumou-se todo faceiro

e saiu muito ligeiro.

Então o segui sem que

ele percebesse

e o vi se encontrar

com outro coração,

que o estava a esperar.

Percebi que entre os dois

existia um grande amor.

Não havia quem negasse

a existência desse amor.

Bastava que para os dois olhasse,

para perceber

o que fazia o meu coração esconder.

Compreendi que meu coração

estava por outro apaixonado.

Agora só me restava

voltar para casa e esperar,

que meu coração me falasse,

quem era o coração

que o fazia emudecer

e uma paixão assim me esconder.

Por mais que eu perguntasse,

ele nada me quis dizer.

E eu continuo sem saber

o que faz o meu coração sofrer.



Débora Benvenuti

sábado, 29 de maio de 2010

O AMOR E A PAIXÃO



O Amor e a Paixão



Um dia, por um acaso,

ouvi esse diálogo

entre o Amor e a Paixão:

- Eu sou o Amor

e por onde eu passo,

vou deixando um rastro

de perfume de flor.

E você...quem é você?

- Eu sou a Paixão

e por um onde eu passo,

vou deixando um rastro

de amargura e de dor.

E já te encontrei muitas vezes

entre flores e dores

e tu me dissestes

que não sabias ao certo,

se o que sentias era Afeto,

Desejo ou Amor.

- E que trazes contigo?

Pergunta a Paixão

ao amigo chamado Amor.

- Eu venho de muito longe

e existo desde o princípio

de todas as eras

e assim espero

continuar espalhando

Ternura, Afeto e Amor.

- E que trazes você,

em tua bagagem, amiga Paixão?

- Eu trago comigo muitas estórias

de quem confundiu

Amor com Paixão.

Eu faço a incerteza

viver com tristeza

em cada coração.

Isso me faz viver por mais tempo

e não ter que partir,

quando parto um coração.

Eu fico por perto,

a espera do momento certo,

de me instalar novamente

em mais um coração.

- Pois eu acredito,

que por ser o Amor,

habite mais tempo,

ilumine os caminhos

e permaneça unindo

ainda mais os corações.

E os dois continuaram

caminhando lado a lado,

cada qual acreditando

viver mais tempo

no coração solitário

de quem vive buscando o Amor...


 
Débora Benvenuti

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A ALMA DA IMAGINAÇÃO





A Alma da Imaginação

  

A Imaginação estava assustada,
mas fingia que não sabia de nada.
Percebia que toda a vez que refletia,
mais alguém se metia
nos seus pensamentos
sem o seu consentimento.
Isso lhe causava muitos aborrecimentos.
Decidia que faria alguma coisa
e nem mesmo concluía o seu pensamento
e já mudava tudo
sem qualquer esclarecimento.
Muitas vezes se perdia
e não entendia as coisas
que lhe acontecia.
Parecia que tudo o que vivia
e os lugares que visitava,
não lhe eram desconhecidos.
Algum dia ali estivera
e sabia tudo como era.
O momento seguinte era igual
a outros tantos momentos
iguais a esse que vivia.
E até o que dizia,
já havia dito um dia.
Sua Alma inquieta
então lhe confidenciou
como tudo isso acontecia.
Enquanto a Imaginação dormia,
ela vagava pelo infinito
e fazia tudo como fora descrito
e num livro deixava escrito,
para que a Imaginação entendesse
que o que acontecia
um dia já fora escrito
e ela apenas teria
que traduzir esse manuscrito.


Débora Benvenuti