MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ESPERANÇA E A SAUDADE



A Esperança e a Saudade




 
A Esperança estava cansada,

de tanto ser enganada.

Cada vez que em seus sonhos acreditava,

sempre se sentia desarmada.

Nunca estava preparada

e por mais que se esforçasse,

sempre acontecia algo inesperado,

que fazia a Esperança ficar emocionada.

Então lá vinha novamente a Saudade

e com suas palavras adocicadas,

fazia a Esperança ficar entusiasmada.

Falava de coisas amenas,

mas sempre com a intenção

de relembrar as mesmas cenas,

que a Esperança julgava superadas.

Então a Saudade aproveitava

e no coração da Esperança se instalava.

E os sentimentos que ela afastava,

de novo se manifestavam.

E a Esperança, nessas palavras acreditava.

Continuava a sonhar,

os mesmos sonhos que sonhara.

E isso muito mal a ela causava.

A Esperança ficava ainda mais iludida,

mas sempre aconteciam as mesmas coisas

e a Esperança outra vez se enganava.

Não sabia se acreditava na Saudade

ou se recusava a ouvir suas palavras,

que a seus ouvidos soavam,

como a mais bela de todas as melodias.

Assim vivia a Esperança,

sem saber em quem acreditar,

até que um dia surgiu o Amor

e a ela confessou,

que estava apaixonado.

A Esperança enfim pensou,

que já era hora da Saudade ir embora

e nela nunca mais acreditou...


Débora Benvenuti


segunda-feira, 14 de junho de 2010

A FONTE E A FLOR



A Fonte e a Flor

 


Uma Flor,

sentindo que já não era mais tão bela,

com a aproximação do outono,

chorava sentindo dor.

A Fonte que por ali passava,

com pena da Flor,

a irrigava com todo o amor.

- Sente-se melhor, amiga Flor?

- Sinto um imenso desejo

de continuar sendo bela,

choramingou a Flor a sua amiga Fonte,

que a escutava, muita atenta.

- Pois eu lamento não poder ajudá-la,

disse a Fonte, já consternada

com a tristeza da Flor.

- Eu só queria ainda ser bela,

mas o outono queima todas as minhas pétalas

e quando for novamente primavera,

não serei mais como eu era...

E a Fonte teve então uma inspiração:

Convidou a flor a mudar de estação,

jogar suas pétalas na Fonte

e assim seguir em nova direção,

onde pudesse novamente se recompor.

A Flor pensando na idéia

que a Fonte lhe dera,

arrancou todas as pétalas,

e a Fonte as carregou para longe

daquela estação.

A Flor durante o percurso,

foi se afastando das suas pétalas

e quando tentou reencontrá-las,

percebeu que já não era

mais assim tão bela,

como era na primavera.

E mesmo em outra estação,

suas pétalas murcharam

e acabaram nuas no chão.


sábado, 12 de junho de 2010

O AMOR NASCEU





O AMOR NASCEU



O Amor era um lindo sentimento,
no dia em que nasceu.
Era suave e delicado.
Tinha as faces rosadas
e perfume de flor.
Sua mãe era uma fada,
tinha as mãos delicadas
e afagava o Amor,
como a mãe mais dedicada.
Tudo em que a Fada tocava,
se transformava
em belos sentimentos,
que o Amor ia aprendendo
e com eles convivendo.
Aprendeu que ser Sincero,
era ter o coração puro,
conviver com a Verdade
e nunca usar a Falsidade
para justificar uma maldade.
Conviver com bons amigos
e ajudar sempre que preciso,
era uma das coisas necessárias
que o Amor nunca ignorava.
Assim crescia o Amor,
aprendendo a dar valor
aos ensinamentos que a Fada
lhe ensinava.
Um dia a Fada se ausentou
e o Amor ficou sem protetor.
Então a Natureza se encarregou
de ensinar o Amor a conviver
em outros corações ,
onde houvesse a ausência do Amor.
A partir desse dia,
o Amor teve tantas alegrias,
que mal conseguia
transmitir a sua euforia,
ensinando aos corações a repetir
o que a Fada lhe dizia,
quando era pequenino e esses
sentimentos todos aprendia...




sexta-feira, 11 de junho de 2010

A MORADA DO AMOR


A Morada do Amor



Um Coração muito magoado,

depois de muito procurar,

sem ter encontrado

outro coração para amar,

resolveu sair a procura

desse amor tão desejado.

Chegando às margens de um lago,

encontrou um barco abandonado

e resolvido a ver o que havia

nas outras margens,

tomou o barco emprestado

e começou a travessia,

para o outro lado do lago.

Durante a travessia,

foi ouvindo muitos relatos do Vento,

que soprava suaves melodias ao seu ouvido.

Falava de canções tão esquecidas,

que o Coração ouvia cada vez

mais enternecido.

Eram canções tão suaves,

que falavam de Amor,

esse quase desconhecido do pobre Coração,

já enfraquecido,

que a cada palavra sussurrada pelo vento,

ia ficando cada vez mais apaixonado,

e desejando cada vez mais que o Vento

contasse logo onde era a morada

desse sentimento,

que fazia os corações baterem descompassados,

a cada sonho alimentado.

O Vento, então,

percebendo a ansiedade do coração,

terminou a travessia,

deixando o passageiro

do outro lado do lago.

O coração desembarcou

e nada ali encontrou.

Ficou muito tempo escutando

o murmúrio do vento,

que dizia a todo o momento:

- Eu existo...eu existo...eu existo...

Eu existo dentro de você!!!

O Coração compreendeu

onde era a morada do Amor

e se comprometeu

a deixar sempre a porta aberta,

para receber o Amor

de um outro coração

que fizesse a travessia inversa...







A DÚVIDA






A DÚVIDA

 
 
Um Coração que carregava consigo

muito sentimento,

caminhava tristemente

e ia deixando pelo caminho

as marcas de seus pezinhos.

A cada passo que dava,

a Dúvida o acompanhava.

Durante todo o trajeto,

sentia que era seguido,

por essa presença inquietante,

que invadia seus pensamentos.

Queria se desfazer desse sentimento,

mas quanto mais pensava,

mais a Dúvida o perseguia.

Fechar os olhos,

de nada adiantava,

porque até nesse momento,

ela estava presente,

como uma sombra agourenta,

que com seus braços o enlaçava

e o prendia tão fortemente,

que o Coração sufocava.

Queria gritar,

mas nenhum som saia,

e enquanto no sono se debatia,

mais a Dúvida o consumia.

Amanhecia.

Já era dia.

Enquanto a Dúvida existia,

sabia que nada mais faria.

Só restava esperar,

e acreditar que a Dúvida

um dia o pudesse deixar,

para que o Coração

pudesse simplesmente respirar,

e desse pesadelo todo acordar,

e livre para sempre,

novamente seus sonhos sonhar...


Débora Benvenuti

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O SONHO E A ESPERANÇA



O Sonho e a Esperança





O Sonho era filho da Esperança. Nascera tão pequenino, que a sua mãe temera que ele não conseguisse sobreviver. Todas as noites, a Esperança sentava-se à janela do quarto do Sonho, e ficava vigiando o seu sono, enquanto ele dormia. Tinha medo que ele acordasse e não encontrasse a Esperança ao seu lado. Durante a noite ela tecia roupinhas para o Sonho vestir, quando acordasse. Tricotava pacientemente com os fios prateados que recolhia da lua, enquanto ela ficava pendurada lá no céu, iluminando a escuridão da noite. Eram amigas há muito tempo. Enquanto a Esperança tricotava, conversava com a Lua e lhe contava todos os sonhos que a mantinham viva. Sonhava com o Amor, com quem tivera um Sonho lindo e que ela cuidava com todo o carinho, esperando que ele crescesse tão lindo como o pai. Mas o Amor, a maior parte do tempo, estava ausente. Isso não impedia a Esperança de sonhar e ela não se deixava abater. Sabia que um dia o Amor voltaria e a ajudaria a cuidar do Sonho, que tiveram um dia, quando estavam tão apaixonados e o Sonho acabara de nascer. Nas noites frias, ela olhava a Lua pela janela e admirava a sua luminosidade e a forma como se mantinha sempre linda e atraente. É certo, que em algumas noites, ela desaparecia e sua face ficava tão acinzentada, que era difícil para a Esperança conseguir localizá-la na imensidão do firmamento. Nessas noites, ela mal conseguia tecer os agasalhos que tricotava para que o Sonho vestisse ao amanhecer. E a cada dia o Sonho ia ficando maior e a Esperança não desistia de esperar o Amor chegar. O Sonho já entendia um pouco o que acontecia com a mãe. Percebia o quanto ela se esforçava para cuidar do Sonho, para que ele não se perdesse quando saía sozinho pela estrada. Uma vez, o Sonho chegara em casa com os pezinhos tão machucados, que fez a Esperança ficar assustada.
- Meu Sonho, o que aconteceu com você?
- Não foi nada não, foi apenas uma pedra no caminho, respondeu o Sonho,tentando não preocupar a mãe.
- E que fizestes com a pedra, meu Sonho?
- Eu a deixei lá.
- Então volte para buscá-la, respondeu a mãe.
- Por que devo buscá-la? Perguntou o Sonho.
- Porque foram essas pedras que te feriram os pés.
_ Mas encontrarei muitas outras pedras pelo caminho. Que farei com elas?
- Sempre que uma pedra te ferir os pés, retire-as do teu caminho,mas não as odeie. Guarde-as com carinho. Para que um dia você lembre com quantas pedras construístes o castelo dos teus sonhos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

SÃO JOÃO,EU QUERO ME CASAR






São João,eu quero me Casar!





Quando é que eu me caso?

Perguntava Dora.

Pergunte para o São João.

Respondia eu,

Rindo da aflição

Que Dora demonstrava

Sempre nessas ocasiões.

Faça uma simpatia,

Depois que a noite se fizer fria.

À meia-noite,

Junto a um pé

De bananeira,

Crave um facão

E retire no outro dia.

A letra que ali aparecer

Será o nome do futuro maridão.

E lá se ia Dora,

Fazer tudo

Como mandava a tradição.

E depois de saber o nome,

Queria saber Dora,

O que faço para saber

Quanto tempo falta

Para essa união?

Muito simples:

Amarre um fio de linha

Numa aliança

E a mergulhe num copo de vidro.

Conte quantas vezes ela vai tilintar,

Batendo de lá para cá.

Se ainda quiser saber mais,

Encha uma bacia d’água fria.

Depois escreva vários nomes

Em pedaços de papel.

Dobre quatro vezes

E os largue na bacia.

No outro dia observe

Qual dos papéis se desdobrou.

Esse será o nome

Do homem que fará

O seu coração se apaixonar..

Se ainda quiser ter certeza,

De que esse dia chegará,

Pegue a clara de um ovo

E a coloque no sereno.

A madrugada fará

A clara em neve se transformar.

Se nada disso acontecer,

Esqueça,

não é dessa vez

Que você vai desencalhar.

Se todas essas simpatias

Surtirem efeito,

Prepare-se...

Mas muito cuidado,

Na hora de ir para o altar.

Não se esqueça de agradecer ao Santo

Na hora de se casar!