MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A MORADA DO AMOR


A Morada do Amor



Um Coração muito magoado,

depois de muito procurar,

sem ter encontrado

outro coração para amar,

resolveu sair a procura

desse amor tão desejado.

Chegando às margens de um lago,

encontrou um barco abandonado

e resolvido a ver o que havia

nas outras margens,

tomou o barco emprestado

e começou a travessia,

para o outro lado do lago.

Durante a travessia,

foi ouvindo muitos relatos do Vento,

que soprava suaves melodias ao seu ouvido.

Falava de canções tão esquecidas,

que o Coração ouvia cada vez

mais enternecido.

Eram canções tão suaves,

que falavam de Amor,

esse quase desconhecido do pobre Coração,

já enfraquecido,

que a cada palavra sussurrada pelo vento,

ia ficando cada vez mais apaixonado,

e desejando cada vez mais que o Vento

contasse logo onde era a morada

desse sentimento,

que fazia os corações baterem descompassados,

a cada sonho alimentado.

O Vento, então,

percebendo a ansiedade do coração,

terminou a travessia,

deixando o passageiro

do outro lado do lago.

O coração desembarcou

e nada ali encontrou.

Ficou muito tempo escutando

o murmúrio do vento,

que dizia a todo o momento:

- Eu existo...eu existo...eu existo...

Eu existo dentro de você!!!

O Coração compreendeu

onde era a morada do Amor

e se comprometeu

a deixar sempre a porta aberta,

para receber o Amor

de um outro coração

que fizesse a travessia inversa...







A DÚVIDA






A DÚVIDA

 
 
Um Coração que carregava consigo

muito sentimento,

caminhava tristemente

e ia deixando pelo caminho

as marcas de seus pezinhos.

A cada passo que dava,

a Dúvida o acompanhava.

Durante todo o trajeto,

sentia que era seguido,

por essa presença inquietante,

que invadia seus pensamentos.

Queria se desfazer desse sentimento,

mas quanto mais pensava,

mais a Dúvida o perseguia.

Fechar os olhos,

de nada adiantava,

porque até nesse momento,

ela estava presente,

como uma sombra agourenta,

que com seus braços o enlaçava

e o prendia tão fortemente,

que o Coração sufocava.

Queria gritar,

mas nenhum som saia,

e enquanto no sono se debatia,

mais a Dúvida o consumia.

Amanhecia.

Já era dia.

Enquanto a Dúvida existia,

sabia que nada mais faria.

Só restava esperar,

e acreditar que a Dúvida

um dia o pudesse deixar,

para que o Coração

pudesse simplesmente respirar,

e desse pesadelo todo acordar,

e livre para sempre,

novamente seus sonhos sonhar...


Débora Benvenuti

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O SONHO E A ESPERANÇA



O Sonho e a Esperança





O Sonho era filho da Esperança. Nascera tão pequenino, que a sua mãe temera que ele não conseguisse sobreviver. Todas as noites, a Esperança sentava-se à janela do quarto do Sonho, e ficava vigiando o seu sono, enquanto ele dormia. Tinha medo que ele acordasse e não encontrasse a Esperança ao seu lado. Durante a noite ela tecia roupinhas para o Sonho vestir, quando acordasse. Tricotava pacientemente com os fios prateados que recolhia da lua, enquanto ela ficava pendurada lá no céu, iluminando a escuridão da noite. Eram amigas há muito tempo. Enquanto a Esperança tricotava, conversava com a Lua e lhe contava todos os sonhos que a mantinham viva. Sonhava com o Amor, com quem tivera um Sonho lindo e que ela cuidava com todo o carinho, esperando que ele crescesse tão lindo como o pai. Mas o Amor, a maior parte do tempo, estava ausente. Isso não impedia a Esperança de sonhar e ela não se deixava abater. Sabia que um dia o Amor voltaria e a ajudaria a cuidar do Sonho, que tiveram um dia, quando estavam tão apaixonados e o Sonho acabara de nascer. Nas noites frias, ela olhava a Lua pela janela e admirava a sua luminosidade e a forma como se mantinha sempre linda e atraente. É certo, que em algumas noites, ela desaparecia e sua face ficava tão acinzentada, que era difícil para a Esperança conseguir localizá-la na imensidão do firmamento. Nessas noites, ela mal conseguia tecer os agasalhos que tricotava para que o Sonho vestisse ao amanhecer. E a cada dia o Sonho ia ficando maior e a Esperança não desistia de esperar o Amor chegar. O Sonho já entendia um pouco o que acontecia com a mãe. Percebia o quanto ela se esforçava para cuidar do Sonho, para que ele não se perdesse quando saía sozinho pela estrada. Uma vez, o Sonho chegara em casa com os pezinhos tão machucados, que fez a Esperança ficar assustada.
- Meu Sonho, o que aconteceu com você?
- Não foi nada não, foi apenas uma pedra no caminho, respondeu o Sonho,tentando não preocupar a mãe.
- E que fizestes com a pedra, meu Sonho?
- Eu a deixei lá.
- Então volte para buscá-la, respondeu a mãe.
- Por que devo buscá-la? Perguntou o Sonho.
- Porque foram essas pedras que te feriram os pés.
_ Mas encontrarei muitas outras pedras pelo caminho. Que farei com elas?
- Sempre que uma pedra te ferir os pés, retire-as do teu caminho,mas não as odeie. Guarde-as com carinho. Para que um dia você lembre com quantas pedras construístes o castelo dos teus sonhos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

SÃO JOÃO,EU QUERO ME CASAR






São João,eu quero me Casar!





Quando é que eu me caso?

Perguntava Dora.

Pergunte para o São João.

Respondia eu,

Rindo da aflição

Que Dora demonstrava

Sempre nessas ocasiões.

Faça uma simpatia,

Depois que a noite se fizer fria.

À meia-noite,

Junto a um pé

De bananeira,

Crave um facão

E retire no outro dia.

A letra que ali aparecer

Será o nome do futuro maridão.

E lá se ia Dora,

Fazer tudo

Como mandava a tradição.

E depois de saber o nome,

Queria saber Dora,

O que faço para saber

Quanto tempo falta

Para essa união?

Muito simples:

Amarre um fio de linha

Numa aliança

E a mergulhe num copo de vidro.

Conte quantas vezes ela vai tilintar,

Batendo de lá para cá.

Se ainda quiser saber mais,

Encha uma bacia d’água fria.

Depois escreva vários nomes

Em pedaços de papel.

Dobre quatro vezes

E os largue na bacia.

No outro dia observe

Qual dos papéis se desdobrou.

Esse será o nome

Do homem que fará

O seu coração se apaixonar..

Se ainda quiser ter certeza,

De que esse dia chegará,

Pegue a clara de um ovo

E a coloque no sereno.

A madrugada fará

A clara em neve se transformar.

Se nada disso acontecer,

Esqueça,

não é dessa vez

Que você vai desencalhar.

Se todas essas simpatias

Surtirem efeito,

Prepare-se...

Mas muito cuidado,

Na hora de ir para o altar.

Não se esqueça de agradecer ao Santo

Na hora de se casar!


domingo, 6 de junho de 2010

O BALANÇO DAS PALAVRAS



O Balanço das Palavras
 


Hoje eu não vou falar de nada,

só quero estar por perto,

para ver o que despertam

as palavras dos meus versos.

Sei que ficam no balanço,

enquanto uma empurra,

a outra canta e vão

escorregando nas vírgulas

e se perdendo nos finais

de cada ponto do acalanto.

Enquanto cantam,

fazem rimas com o riso

que despertam nos passantes.

Quem mais se diverte

é a Felicidade,

que sorri para o Amor

que desce pelo escorregador

deixando o Desejo

morrendo de vontade

de dar beijos na Saudade,

que se balança com vontade,

naquele vai e vem,

deixando a todos estonteados

com toda a sua espontaneidade.

Todas queriam brincar

com a Saudade e fazer dela

a palavra mais importante,

para lembrarem desse dia

em que fizeram tanta estripulia,

sem se preocupar com o que diria

a dona desses versos se ainda

estivesse por perto.



quarta-feira, 2 de junho de 2010

O TEMPO E O VENTO




O Tempo e o Vento

 

O Vento saiu de casa

assoviando alegre e contente.

Há muito não se sentia assim,

leve, sereno, feliz..

Passeava pela praia,

quando encontrou o Tempo,

se lamentando, contrafeito.

Por mais que se esforçasse,

sempre alguém encontrava

algum defeito.

Então ele soluçava

e algumas gotas do céu lançava.

Se estava quente ou se

estava frio,

alguém sempre reclamava.

E falavam que o Tempo virara.

Mas não terminavam a frase

e isso o incomodava.

O Vento então contava

por tudo que passara:

- Se soprava bem de leve

o chamavam de brisa fresca.

Ele então se enfurecia

e soprava com vontade.

Já erguera muitas saias

de moças encabuladas,

que ficavam ruborizadas

com essas coisas safadas,

que o Vento aprontava.

Quando isso acontecia,

o Vento se enfurecia,

soprava com toda a força,

que a todos espantava.

Muitos se escondiam

quando ele se aproximava.

Então o chamavam

por qualquer nome de mulher

e isso era um vexame

que ele não podia suportar.

Os dois se calaram

e pensaram no que fazer.

O Tempo resolveu se recolher

e logo escureceu.

O Vento se esqueceu

de todos os nomes que recebeu.

Mas prometeu se controlar,

se parassem de lhe chamar

de Brisa Fresca e de outros

nomes que preferia nem lembrar...



Débora Benvenuti