MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A ANDORINHA


A Andorinha


 

Uma andorinha que pelo céu voava,

sentia que suas asas não mais suportavam

a jornada que a transportara,

entre céus e mares ao encontro

de seu amado.

Perdera-se do grupo

num momento de distração,

e agora, motivada pela emoção

de refazer a revoada

e reencontrar a força que a mantivera

por tanto tempo

nessa busca incessante da felicidade,

sente dificuldades em perceber,

que não mais pode pertencer

ao grupo que a abandonara,

voando assim sozinha,

pelos ares.

Na imensidão do anoitecer,

já cansada,

com a alma dilacerada por tantas noites

sufocando o pranto,

percebe que por mais alto que voe,

por mais depressa que suas asas

alcem o vôo frenético da revoada,

uma andorinha só não faz verão,

Voa só...na solidão...



Débora Benvenuti



quarta-feira, 23 de junho de 2010

ESCUTA,CORAÇÃO!



 
Escuta, Coração!





Escuta, Coração!

Precisamos conversar:

Não finjas que não me ouves,

eu sei que só sabes amar.

Quem amas está longe

e talvez nunca venha a te encontrar.

Se esperas há tanto tempo

esse sonho realizar,

o tempo pode se perder no tempo

e fazer a noite se aproximar.

Ouves o vento lá fora?

Não é a voz do vento,

é só o canto da cotovia

anunciando o raiar da aurora.

É mais um dia de agonia,

para esse teu coração que implora,

por um pouco de carinho,

antes que se finde o dia

e termine a tua agonia,

de ver teus sonhos indo embora.

Escuta,Coração!

Por quanto tempo estás a espera

desse amor que não ouve o teu clamor?

Nem ousas mais falar de amor!

Só ficas nessa espera

desse alguém que não te espera?



Débora Benvenuti




quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ESPERANÇA E A SAUDADE



A Esperança e a Saudade




 
A Esperança estava cansada,

de tanto ser enganada.

Cada vez que em seus sonhos acreditava,

sempre se sentia desarmada.

Nunca estava preparada

e por mais que se esforçasse,

sempre acontecia algo inesperado,

que fazia a Esperança ficar emocionada.

Então lá vinha novamente a Saudade

e com suas palavras adocicadas,

fazia a Esperança ficar entusiasmada.

Falava de coisas amenas,

mas sempre com a intenção

de relembrar as mesmas cenas,

que a Esperança julgava superadas.

Então a Saudade aproveitava

e no coração da Esperança se instalava.

E os sentimentos que ela afastava,

de novo se manifestavam.

E a Esperança, nessas palavras acreditava.

Continuava a sonhar,

os mesmos sonhos que sonhara.

E isso muito mal a ela causava.

A Esperança ficava ainda mais iludida,

mas sempre aconteciam as mesmas coisas

e a Esperança outra vez se enganava.

Não sabia se acreditava na Saudade

ou se recusava a ouvir suas palavras,

que a seus ouvidos soavam,

como a mais bela de todas as melodias.

Assim vivia a Esperança,

sem saber em quem acreditar,

até que um dia surgiu o Amor

e a ela confessou,

que estava apaixonado.

A Esperança enfim pensou,

que já era hora da Saudade ir embora

e nela nunca mais acreditou...


Débora Benvenuti


segunda-feira, 14 de junho de 2010

A FONTE E A FLOR



A Fonte e a Flor

 


Uma Flor,

sentindo que já não era mais tão bela,

com a aproximação do outono,

chorava sentindo dor.

A Fonte que por ali passava,

com pena da Flor,

a irrigava com todo o amor.

- Sente-se melhor, amiga Flor?

- Sinto um imenso desejo

de continuar sendo bela,

choramingou a Flor a sua amiga Fonte,

que a escutava, muita atenta.

- Pois eu lamento não poder ajudá-la,

disse a Fonte, já consternada

com a tristeza da Flor.

- Eu só queria ainda ser bela,

mas o outono queima todas as minhas pétalas

e quando for novamente primavera,

não serei mais como eu era...

E a Fonte teve então uma inspiração:

Convidou a flor a mudar de estação,

jogar suas pétalas na Fonte

e assim seguir em nova direção,

onde pudesse novamente se recompor.

A Flor pensando na idéia

que a Fonte lhe dera,

arrancou todas as pétalas,

e a Fonte as carregou para longe

daquela estação.

A Flor durante o percurso,

foi se afastando das suas pétalas

e quando tentou reencontrá-las,

percebeu que já não era

mais assim tão bela,

como era na primavera.

E mesmo em outra estação,

suas pétalas murcharam

e acabaram nuas no chão.


sábado, 12 de junho de 2010

O AMOR NASCEU





O AMOR NASCEU



O Amor era um lindo sentimento,
no dia em que nasceu.
Era suave e delicado.
Tinha as faces rosadas
e perfume de flor.
Sua mãe era uma fada,
tinha as mãos delicadas
e afagava o Amor,
como a mãe mais dedicada.
Tudo em que a Fada tocava,
se transformava
em belos sentimentos,
que o Amor ia aprendendo
e com eles convivendo.
Aprendeu que ser Sincero,
era ter o coração puro,
conviver com a Verdade
e nunca usar a Falsidade
para justificar uma maldade.
Conviver com bons amigos
e ajudar sempre que preciso,
era uma das coisas necessárias
que o Amor nunca ignorava.
Assim crescia o Amor,
aprendendo a dar valor
aos ensinamentos que a Fada
lhe ensinava.
Um dia a Fada se ausentou
e o Amor ficou sem protetor.
Então a Natureza se encarregou
de ensinar o Amor a conviver
em outros corações ,
onde houvesse a ausência do Amor.
A partir desse dia,
o Amor teve tantas alegrias,
que mal conseguia
transmitir a sua euforia,
ensinando aos corações a repetir
o que a Fada lhe dizia,
quando era pequenino e esses
sentimentos todos aprendia...




sexta-feira, 11 de junho de 2010

A MORADA DO AMOR


A Morada do Amor



Um Coração muito magoado,

depois de muito procurar,

sem ter encontrado

outro coração para amar,

resolveu sair a procura

desse amor tão desejado.

Chegando às margens de um lago,

encontrou um barco abandonado

e resolvido a ver o que havia

nas outras margens,

tomou o barco emprestado

e começou a travessia,

para o outro lado do lago.

Durante a travessia,

foi ouvindo muitos relatos do Vento,

que soprava suaves melodias ao seu ouvido.

Falava de canções tão esquecidas,

que o Coração ouvia cada vez

mais enternecido.

Eram canções tão suaves,

que falavam de Amor,

esse quase desconhecido do pobre Coração,

já enfraquecido,

que a cada palavra sussurrada pelo vento,

ia ficando cada vez mais apaixonado,

e desejando cada vez mais que o Vento

contasse logo onde era a morada

desse sentimento,

que fazia os corações baterem descompassados,

a cada sonho alimentado.

O Vento, então,

percebendo a ansiedade do coração,

terminou a travessia,

deixando o passageiro

do outro lado do lago.

O coração desembarcou

e nada ali encontrou.

Ficou muito tempo escutando

o murmúrio do vento,

que dizia a todo o momento:

- Eu existo...eu existo...eu existo...

Eu existo dentro de você!!!

O Coração compreendeu

onde era a morada do Amor

e se comprometeu

a deixar sempre a porta aberta,

para receber o Amor

de um outro coração

que fizesse a travessia inversa...