MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ESCUTA,CORAÇÃO!



 
Escuta, Coração!





Escuta, Coração!

Precisamos conversar:

Não finjas que não me ouves,

eu sei que só sabes amar.

Quem amas está longe

e talvez nunca venha a te encontrar.

Se esperas há tanto tempo

esse sonho realizar,

o tempo pode se perder no tempo

e fazer a noite se aproximar.

Ouves o vento lá fora?

Não é a voz do vento,

é só o canto da cotovia

anunciando o raiar da aurora.

É mais um dia de agonia,

para esse teu coração que implora,

por um pouco de carinho,

antes que se finde o dia

e termine a tua agonia,

de ver teus sonhos indo embora.

Escuta,Coração!

Por quanto tempo estás a espera

desse amor que não ouve o teu clamor?

Nem ousas mais falar de amor!

Só ficas nessa espera

desse alguém que não te espera?



Débora Benvenuti




quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ESPERANÇA E A SAUDADE



A Esperança e a Saudade




 
A Esperança estava cansada,

de tanto ser enganada.

Cada vez que em seus sonhos acreditava,

sempre se sentia desarmada.

Nunca estava preparada

e por mais que se esforçasse,

sempre acontecia algo inesperado,

que fazia a Esperança ficar emocionada.

Então lá vinha novamente a Saudade

e com suas palavras adocicadas,

fazia a Esperança ficar entusiasmada.

Falava de coisas amenas,

mas sempre com a intenção

de relembrar as mesmas cenas,

que a Esperança julgava superadas.

Então a Saudade aproveitava

e no coração da Esperança se instalava.

E os sentimentos que ela afastava,

de novo se manifestavam.

E a Esperança, nessas palavras acreditava.

Continuava a sonhar,

os mesmos sonhos que sonhara.

E isso muito mal a ela causava.

A Esperança ficava ainda mais iludida,

mas sempre aconteciam as mesmas coisas

e a Esperança outra vez se enganava.

Não sabia se acreditava na Saudade

ou se recusava a ouvir suas palavras,

que a seus ouvidos soavam,

como a mais bela de todas as melodias.

Assim vivia a Esperança,

sem saber em quem acreditar,

até que um dia surgiu o Amor

e a ela confessou,

que estava apaixonado.

A Esperança enfim pensou,

que já era hora da Saudade ir embora

e nela nunca mais acreditou...


Débora Benvenuti


segunda-feira, 14 de junho de 2010

A FONTE E A FLOR



A Fonte e a Flor

 


Uma Flor,

sentindo que já não era mais tão bela,

com a aproximação do outono,

chorava sentindo dor.

A Fonte que por ali passava,

com pena da Flor,

a irrigava com todo o amor.

- Sente-se melhor, amiga Flor?

- Sinto um imenso desejo

de continuar sendo bela,

choramingou a Flor a sua amiga Fonte,

que a escutava, muita atenta.

- Pois eu lamento não poder ajudá-la,

disse a Fonte, já consternada

com a tristeza da Flor.

- Eu só queria ainda ser bela,

mas o outono queima todas as minhas pétalas

e quando for novamente primavera,

não serei mais como eu era...

E a Fonte teve então uma inspiração:

Convidou a flor a mudar de estação,

jogar suas pétalas na Fonte

e assim seguir em nova direção,

onde pudesse novamente se recompor.

A Flor pensando na idéia

que a Fonte lhe dera,

arrancou todas as pétalas,

e a Fonte as carregou para longe

daquela estação.

A Flor durante o percurso,

foi se afastando das suas pétalas

e quando tentou reencontrá-las,

percebeu que já não era

mais assim tão bela,

como era na primavera.

E mesmo em outra estação,

suas pétalas murcharam

e acabaram nuas no chão.


sábado, 12 de junho de 2010

O AMOR NASCEU





O AMOR NASCEU



O Amor era um lindo sentimento,
no dia em que nasceu.
Era suave e delicado.
Tinha as faces rosadas
e perfume de flor.
Sua mãe era uma fada,
tinha as mãos delicadas
e afagava o Amor,
como a mãe mais dedicada.
Tudo em que a Fada tocava,
se transformava
em belos sentimentos,
que o Amor ia aprendendo
e com eles convivendo.
Aprendeu que ser Sincero,
era ter o coração puro,
conviver com a Verdade
e nunca usar a Falsidade
para justificar uma maldade.
Conviver com bons amigos
e ajudar sempre que preciso,
era uma das coisas necessárias
que o Amor nunca ignorava.
Assim crescia o Amor,
aprendendo a dar valor
aos ensinamentos que a Fada
lhe ensinava.
Um dia a Fada se ausentou
e o Amor ficou sem protetor.
Então a Natureza se encarregou
de ensinar o Amor a conviver
em outros corações ,
onde houvesse a ausência do Amor.
A partir desse dia,
o Amor teve tantas alegrias,
que mal conseguia
transmitir a sua euforia,
ensinando aos corações a repetir
o que a Fada lhe dizia,
quando era pequenino e esses
sentimentos todos aprendia...




sexta-feira, 11 de junho de 2010

A MORADA DO AMOR


A Morada do Amor



Um Coração muito magoado,

depois de muito procurar,

sem ter encontrado

outro coração para amar,

resolveu sair a procura

desse amor tão desejado.

Chegando às margens de um lago,

encontrou um barco abandonado

e resolvido a ver o que havia

nas outras margens,

tomou o barco emprestado

e começou a travessia,

para o outro lado do lago.

Durante a travessia,

foi ouvindo muitos relatos do Vento,

que soprava suaves melodias ao seu ouvido.

Falava de canções tão esquecidas,

que o Coração ouvia cada vez

mais enternecido.

Eram canções tão suaves,

que falavam de Amor,

esse quase desconhecido do pobre Coração,

já enfraquecido,

que a cada palavra sussurrada pelo vento,

ia ficando cada vez mais apaixonado,

e desejando cada vez mais que o Vento

contasse logo onde era a morada

desse sentimento,

que fazia os corações baterem descompassados,

a cada sonho alimentado.

O Vento, então,

percebendo a ansiedade do coração,

terminou a travessia,

deixando o passageiro

do outro lado do lago.

O coração desembarcou

e nada ali encontrou.

Ficou muito tempo escutando

o murmúrio do vento,

que dizia a todo o momento:

- Eu existo...eu existo...eu existo...

Eu existo dentro de você!!!

O Coração compreendeu

onde era a morada do Amor

e se comprometeu

a deixar sempre a porta aberta,

para receber o Amor

de um outro coração

que fizesse a travessia inversa...







A DÚVIDA






A DÚVIDA

 
 
Um Coração que carregava consigo

muito sentimento,

caminhava tristemente

e ia deixando pelo caminho

as marcas de seus pezinhos.

A cada passo que dava,

a Dúvida o acompanhava.

Durante todo o trajeto,

sentia que era seguido,

por essa presença inquietante,

que invadia seus pensamentos.

Queria se desfazer desse sentimento,

mas quanto mais pensava,

mais a Dúvida o perseguia.

Fechar os olhos,

de nada adiantava,

porque até nesse momento,

ela estava presente,

como uma sombra agourenta,

que com seus braços o enlaçava

e o prendia tão fortemente,

que o Coração sufocava.

Queria gritar,

mas nenhum som saia,

e enquanto no sono se debatia,

mais a Dúvida o consumia.

Amanhecia.

Já era dia.

Enquanto a Dúvida existia,

sabia que nada mais faria.

Só restava esperar,

e acreditar que a Dúvida

um dia o pudesse deixar,

para que o Coração

pudesse simplesmente respirar,

e desse pesadelo todo acordar,

e livre para sempre,

novamente seus sonhos sonhar...


Débora Benvenuti

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O SONHO E A ESPERANÇA



O Sonho e a Esperança





O Sonho era filho da Esperança. Nascera tão pequenino, que a sua mãe temera que ele não conseguisse sobreviver. Todas as noites, a Esperança sentava-se à janela do quarto do Sonho, e ficava vigiando o seu sono, enquanto ele dormia. Tinha medo que ele acordasse e não encontrasse a Esperança ao seu lado. Durante a noite ela tecia roupinhas para o Sonho vestir, quando acordasse. Tricotava pacientemente com os fios prateados que recolhia da lua, enquanto ela ficava pendurada lá no céu, iluminando a escuridão da noite. Eram amigas há muito tempo. Enquanto a Esperança tricotava, conversava com a Lua e lhe contava todos os sonhos que a mantinham viva. Sonhava com o Amor, com quem tivera um Sonho lindo e que ela cuidava com todo o carinho, esperando que ele crescesse tão lindo como o pai. Mas o Amor, a maior parte do tempo, estava ausente. Isso não impedia a Esperança de sonhar e ela não se deixava abater. Sabia que um dia o Amor voltaria e a ajudaria a cuidar do Sonho, que tiveram um dia, quando estavam tão apaixonados e o Sonho acabara de nascer. Nas noites frias, ela olhava a Lua pela janela e admirava a sua luminosidade e a forma como se mantinha sempre linda e atraente. É certo, que em algumas noites, ela desaparecia e sua face ficava tão acinzentada, que era difícil para a Esperança conseguir localizá-la na imensidão do firmamento. Nessas noites, ela mal conseguia tecer os agasalhos que tricotava para que o Sonho vestisse ao amanhecer. E a cada dia o Sonho ia ficando maior e a Esperança não desistia de esperar o Amor chegar. O Sonho já entendia um pouco o que acontecia com a mãe. Percebia o quanto ela se esforçava para cuidar do Sonho, para que ele não se perdesse quando saía sozinho pela estrada. Uma vez, o Sonho chegara em casa com os pezinhos tão machucados, que fez a Esperança ficar assustada.
- Meu Sonho, o que aconteceu com você?
- Não foi nada não, foi apenas uma pedra no caminho, respondeu o Sonho,tentando não preocupar a mãe.
- E que fizestes com a pedra, meu Sonho?
- Eu a deixei lá.
- Então volte para buscá-la, respondeu a mãe.
- Por que devo buscá-la? Perguntou o Sonho.
- Porque foram essas pedras que te feriram os pés.
_ Mas encontrarei muitas outras pedras pelo caminho. Que farei com elas?
- Sempre que uma pedra te ferir os pés, retire-as do teu caminho,mas não as odeie. Guarde-as com carinho. Para que um dia você lembre com quantas pedras construístes o castelo dos teus sonhos.