MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 6 de julho de 2010

A SOLIDÃO PASSEIA NA CLAREIRA




A Solidão passeia na Clareira


 


A noite chega de repente

e traz a melancolia

para me fazer companhia.

Escuto os sons da rua

e não vejo mais a lua

da janela do meu quarto.

Acho que ela se escondeu

para não me responder

o que faço eu,

se já não sei mais quem eu sou.

Serei a sombra de um amor

que está morrendo de dor,

da dor de não ter um amor.

A solidão passeia

na clareira,

sob a luz da lua cheia.

Seu vulto se delineia

e eu a posso ver

se enroscando no meu travesseiro,

estendendo as mãos traiçoeira,

me abraçando por inteiro.

Tento gritar bem alto,

mas nenhum som se ouve na madrugada.

O ar está quente, abafado

e eu sinto o suor escorrer-me pela face,

deslizando em gotas,

que umedecem a minha roupa .

A solidão abre as gigantescas asas,

e pousa sobre mim.

Com garras afiadas,

rasga a minha pele,

desnuda a minha alma

e me deixa nua.

Sinto a pele arder,

os olhos escurecer

e sem poder me conter,

acordo para mais um amanhecer...

Sem você!


Débora Benvenuti



 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A VOLTA DO CORAÇÃO



A Volta do Coração





 

Um Coração que um dia havia amado,

a outro Coração por quem estivera

muito apaixonado,

resolvera voltar a procurar

esse Coração que há tanto tempo

havia abandonado.

A viagem era longa

e pela estrada ele vinha recordando,

tudo o que havia vivido com esse coração,

que tanto o amara.

Imaginou o que o Coração diria,

quando o visse voltando.

Pensou com carinho,

nas palavras que usaria,

para dizer o quanto o amara,

nesses longos anos em que sumira,

mas sempre disse que voltaria.

Isto foi uma promessa que cumpria agora,

com muita alegria,

vibrando de euforia,

por que sabia que por ele

o Coração sempre estaria esperando.

Quando chegou à casa

do Coração que tanto amara,

ele não estava mais a sua espera.

Havia partido para uma viagem

e nunca mais voltara,

por que no lugar onde ele agora

se encontrava,

só se ia,

nunca mais voltava...

domingo, 27 de junho de 2010

UM ANJO CAIU DO CÉU





 
Um anjo caiu do Céu
 



Por um descuido de um arcanjo,

um anjo distraído

escorregou pelo arco-íris

e caiu num pote de mel,

onde se alojou,

esperando ser encontrado

por um coração enamorado,

que por ele esperava,

para juntos realizarem

a tão sonhada lua de mel.

Fazia frio e o anjo

então sentiu uma vontade imensa

de estar com a sua amada,

antes que a noite o abraçasse

e não mais o largasse,

ficando ali para sempre,

mesmo não sendo ali o seu habitat.

Pensou com carinho,

nesse amor que o mantinha

a percorrer os caminhos

que nunca antes trilhara.

Rezou baixinho,

para que o tempo passasse

e muito em breve

o seu amor encontrasse

e os seus sonhos de amor realizasse.

Em algum lugar,

bem longe dali,

um Coração apaixonado

pelo anjo esperava.

E quanto mais o tempo passava,

mais o anjo se angustiava,

pois desejava chegar logo ao paraíso.

Experimentar todos os frutos

que ali encontrasse e decidir

qual deles escolheria,

pois o desejo o consumia

e a distância o maltratava.

O frio aumentava

e o anjo cansado,

dormira sentado

num banco de trem onde

à noite se abrigara.

Muitas e muitas horas depois,

despertara e nos braços do amor

se entregara.





sexta-feira, 25 de junho de 2010

A ANDORINHA


A Andorinha


 

Uma andorinha que pelo céu voava,

sentia que suas asas não mais suportavam

a jornada que a transportara,

entre céus e mares ao encontro

de seu amado.

Perdera-se do grupo

num momento de distração,

e agora, motivada pela emoção

de refazer a revoada

e reencontrar a força que a mantivera

por tanto tempo

nessa busca incessante da felicidade,

sente dificuldades em perceber,

que não mais pode pertencer

ao grupo que a abandonara,

voando assim sozinha,

pelos ares.

Na imensidão do anoitecer,

já cansada,

com a alma dilacerada por tantas noites

sufocando o pranto,

percebe que por mais alto que voe,

por mais depressa que suas asas

alcem o vôo frenético da revoada,

uma andorinha só não faz verão,

Voa só...na solidão...



Débora Benvenuti



quarta-feira, 23 de junho de 2010

ESCUTA,CORAÇÃO!



 
Escuta, Coração!





Escuta, Coração!

Precisamos conversar:

Não finjas que não me ouves,

eu sei que só sabes amar.

Quem amas está longe

e talvez nunca venha a te encontrar.

Se esperas há tanto tempo

esse sonho realizar,

o tempo pode se perder no tempo

e fazer a noite se aproximar.

Ouves o vento lá fora?

Não é a voz do vento,

é só o canto da cotovia

anunciando o raiar da aurora.

É mais um dia de agonia,

para esse teu coração que implora,

por um pouco de carinho,

antes que se finde o dia

e termine a tua agonia,

de ver teus sonhos indo embora.

Escuta,Coração!

Por quanto tempo estás a espera

desse amor que não ouve o teu clamor?

Nem ousas mais falar de amor!

Só ficas nessa espera

desse alguém que não te espera?



Débora Benvenuti




quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ESPERANÇA E A SAUDADE



A Esperança e a Saudade




 
A Esperança estava cansada,

de tanto ser enganada.

Cada vez que em seus sonhos acreditava,

sempre se sentia desarmada.

Nunca estava preparada

e por mais que se esforçasse,

sempre acontecia algo inesperado,

que fazia a Esperança ficar emocionada.

Então lá vinha novamente a Saudade

e com suas palavras adocicadas,

fazia a Esperança ficar entusiasmada.

Falava de coisas amenas,

mas sempre com a intenção

de relembrar as mesmas cenas,

que a Esperança julgava superadas.

Então a Saudade aproveitava

e no coração da Esperança se instalava.

E os sentimentos que ela afastava,

de novo se manifestavam.

E a Esperança, nessas palavras acreditava.

Continuava a sonhar,

os mesmos sonhos que sonhara.

E isso muito mal a ela causava.

A Esperança ficava ainda mais iludida,

mas sempre aconteciam as mesmas coisas

e a Esperança outra vez se enganava.

Não sabia se acreditava na Saudade

ou se recusava a ouvir suas palavras,

que a seus ouvidos soavam,

como a mais bela de todas as melodias.

Assim vivia a Esperança,

sem saber em quem acreditar,

até que um dia surgiu o Amor

e a ela confessou,

que estava apaixonado.

A Esperança enfim pensou,

que já era hora da Saudade ir embora

e nela nunca mais acreditou...


Débora Benvenuti


segunda-feira, 14 de junho de 2010

A FONTE E A FLOR



A Fonte e a Flor

 


Uma Flor,

sentindo que já não era mais tão bela,

com a aproximação do outono,

chorava sentindo dor.

A Fonte que por ali passava,

com pena da Flor,

a irrigava com todo o amor.

- Sente-se melhor, amiga Flor?

- Sinto um imenso desejo

de continuar sendo bela,

choramingou a Flor a sua amiga Fonte,

que a escutava, muita atenta.

- Pois eu lamento não poder ajudá-la,

disse a Fonte, já consternada

com a tristeza da Flor.

- Eu só queria ainda ser bela,

mas o outono queima todas as minhas pétalas

e quando for novamente primavera,

não serei mais como eu era...

E a Fonte teve então uma inspiração:

Convidou a flor a mudar de estação,

jogar suas pétalas na Fonte

e assim seguir em nova direção,

onde pudesse novamente se recompor.

A Flor pensando na idéia

que a Fonte lhe dera,

arrancou todas as pétalas,

e a Fonte as carregou para longe

daquela estação.

A Flor durante o percurso,

foi se afastando das suas pétalas

e quando tentou reencontrá-las,

percebeu que já não era

mais assim tão bela,

como era na primavera.

E mesmo em outra estação,

suas pétalas murcharam

e acabaram nuas no chão.