MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O TEMPO,A ETERNIDADE E O AMOR







O Amor estava perdido no tempo
e quanto mais o Tempo passava,
mais o Amor se sentia envelhecido.
Sabia que estava envelhecendo
e não entendia
o que poderia estar acontecendo.
Aquele sentimento que existia
e que no princípio parecia
que nunca terminaria,
não era mais o amor
que antes sentia.
Algo havia mudado
e transformado o Amor
em algo não desejado.
A chama que ardia
e que tantas fagulhas erguia,
agora eram cinzas
que o Amor escondia,
com medo de aceitar
pensar no que acontecia.
Preferia acreditar que era amor,
esse sentimento que pensava
que ainda existia.
Mas quanto mais pensava,
mais percebia
que era um erro
que só ele conhecia.
E era chegado o momento
de se encontrar com a Eternidade,
dizer o quanto havia mudado
desde que se confessara apaixonado.
Mas o Tempo,
que de tudo sabia,
entendia o que o Amor sentia.
Quanto mais o Amor insistia
em dizer que era amor
o que ainda sentia,
o Tempo o desmentia,
dizendo que era outro sentimento
que o mantinha todos os dias.
E assim, diante da Eternidade,
o Amor precisou usar de toda
a sua sinceridade
e confessar que o amor,
não era mais Amor,
mas sim uma grande Amizade...



Débora Benvenuti

sábado, 6 de novembro de 2010

O DESTINO E O ACASO



O Destino e o Acaso



O Destino e o Acaso
tiveram um encontro inusitado.
Em uma curva da estrada,
os dois se encontraram,
Lado a lado.
O Acaso se espantou
ao ver o Destino
ali parado.
E foi assim que os dois
tiveram este diálogo engraçado.
O Acaso, admirado,
sentiu-se desorientado
e assim que se refez do susto,
perguntou, sem mais demora:
- O que fazes nesta estrada,
Amigo Destino?
Não vês que ainda é madrugada?
- Pois tenho aqui um manuscrito
onde tudo está escrito.
- E posso saber do que se trata
ou isso é uma missão ingrata?
- Como Destino,
Eu sigo o meu caminho
e não posso voltar atrás.
Este é o meu martírio.
- Eu, ao contrário,
tenho missão arbitrária.
Posso estar aqui agora
ou em outro lugar,
se for o caso.
Por isso me chamo Acaso.
Apareço e desapareço
 tão de repente,
como neste caso.
- Pois eu tenho uma missão
a cumprir e desse encargo
não tenho como fugir.
- E se tentasses persuadir
quem te faz o destino cumprir?
- Isso eu não posso fazer.
Quem escreve os manuscritos
não me deixa ler.
-- E se trocássemos os papéis,
Alguém iria perceber?
- Eu posso chegar por Acaso
Onde o Destino precisa intervir.
E você como Destino,
poderia descansar e dormir.
- E assim combinados,
os dois partiram animados.
O Destino mais descansado,
deixou que o Acaso decidisse
mais um caso,
que cabia ao Destino,
mais uma vez, decidir.
Por isso,se alguém disser
“ Que foi o Destino que não quis”,
Pode ter sido o Acaso
Que deixou o Destino dormir.


Débora Benvenuti

A PAIXÃO



A Paixão



A Paixão embriagada
caminhava desmotivada.
Sentia-se enganada
e no Amor não mais confiava.
Cada vez que se declarava
o Amor fingia que não entendia
e a Paixão se consumia.
Ardia em chamas
e nada conseguia.
Fazia versos,
dizia o que sentia
e nada disso adiantava.
A Paixão então ficava a cada dia
mais determinada.
Precisava conquistar o Amor
e estava desesperada.
Seus argumentos eram cheios
de sentimentos.
A Paixão era uma chama ardente,
que se consumia lentamente.
Queimava como brasa
ao mais leve sopro da brisa.
E quanto mais a brisa soprava
mais a chama se propagava.
A Paixão se consumia
de tanto amor que sentia.
Até que um dia,
O Amor se contagiou
com o calor que essa Paixão
por ele sentia.
Era uma noite fria
e o Amor precisava de calor,
para aquecer o seu coração que sofria.
A Paixão então se aproximou do Amor
e o envolveu  docemente.
Falou da sua paixão
e do quanto precisava desse amor
para preencher seus dias.
Amor e Paixão,
a partir desse dia,
viveram tão unidos,
que se tornou impossível
descobrir qual dos dois
habitavam um mesmo coração.


Débora Benvenuti

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A REVOADA DOS SONHOS



A Revoada dos Sonhos

 


Meu coração alçou o vôo frenético
da revoada,
mas quedou-se quieto
ao longo da estrada,
com o peso das emoções
que carregava.
Viu passarem inquietos corações,
carregados de sentimentos
das mais variadas sensações.
Muitos alquebrados,
arrastavam sonhos desfeitos.
Outros ainda esperançosos
carregavam ilusões,
muitas das quais eram
alucinações.
E o coração esperançoso,
muniu-se de todo o seu esforço.
Pensou num sonho prazeroso
e lançou-se no espaço,
Com o sonho a ser sonhado
Adormecido em seus braços.



Débora Benvenuti


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

EM BUSCA DO AMOR



Em Busca do Amor

 

O Acendedor de Corações
acordou preocupado.
Há muito tempo não saía mais
à noite e tivera um sono agitado.
Sentia-se cansado e desanimado.
Por mais que pensasse em algo
para fazer,
continuava só e angustiado.
Ele próprio havia acendido
tantos corações,
porém o seu coração continuava
apagado.
Depois que todos haviam se retirado
e dormiam um sono sossegado,
era hora do Acendedor
voltar a sua rotina
e fazer do Cupido seu aliado.
Sairiam todas as noites,
Como sempre haviam feito.
O Acendedor com o seu candeeiro,
procurando corações onde os sonhos
haviam sido desfeitos
e o Cupido ao seu lado,
flechando corações amargurados,
onde a Chama do Amor
há muito tempo havia apagado.
E foi numa noite gelada,
em que o frio da madrugada
transformava  os flocos que caíam
em chumaços de algodão,
que o Acendedor de Corações
decidiu que precisava de um amor
para aquecer seu coração.
Saiu caminhando sem destino,
e decidiu naquele instante,
que acenderia o seu coração
antes que a chama do seu candeeiro
apagasse e o frio da noite aumentasse...



Débora Benvenuti

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

QUANDO AS LUZES SE APAGAM


Quando as Luzes se Apagam






Um Coração desiludido,

que pelo universo perambulava,

percebeu que havia errado

o caminho por onde andava.

Voltou sobre os seus passinhos,

que haviam deixado marcas

pelo caminho e resolveu

seguir a sua jornada,

com todos os sonhos que carregava.

Depois de muito andar

e com o fardo que pesava,

pois carregava sempre junto

todos os sonhos que sonhava,

sentou-se à sombra de uma árvore,

que balançava os seus ramos,

como um convite ao descanso.

Eram tantos sonhos,

que seus ombros tão frágeis,

já o peso não mais suportavam.

Percebeu que devia

de alguns sonhos se desfazer,

para a caminhada poder refazer.

Mas sonhara tantos sonhos lindos

e agora, já tristonho,

teria que de alguns deles se desfazer.

Resolveu apostar na sorte,

e se desfazer de qualquer sonho,

por mais difícil que isso pudesse ser.

Então fechou os olhos e retirou

de dentro do fardo

onde os sonhos carregava,

um dos sonhos que tanto acalentava.

O sonho escolhido se sentiu perdido,

ao perceber que fora o escolhido.

Queria continuar sendo sonhado,

mesmo que nunca se sentisse realizado,

mas enquanto sonho,

poderia ser  sonhado.

O Coração, ao perceber qual

seria o sonho que iria se desfazer,

ficou mais triste ainda,

porque o sonho escolhido,

foi o Sonho mais sonhado,

o Sonho do Amor Perdido,

atrás do qual nessa jornada

havia partido e assim,

com o coração sem nenhuma ilusão,

retomou o seu caminho,

deixando o seu sonho mais lindo,

naquele lugar esquecido.

Quando as luzes se apagam,

todos os sonhos ficam perdidos...

 

Débora Benvenuti

domingo, 12 de setembro de 2010

A EXPECTATIVA



A Expectativa



 




A Expectativa era um sentimento

que vivia latente

e se fazia presente

em todos os momentos.

Chegava de repente

e assumia um papel

tão enervante,

que desarmava qualquer

semblante.

Muitas vezes era tão inquietante,

que por mais que se quisesse

dela se desfazer,

não se encontrava um jeito

disso acontecer.

E ela sabia muito bem

o poder de sedução

que exercia,

qualquer que fosse a situação.

Nesse momento ela não se continha

e ia aumentando sua pressão,

até explodir de emoção.

Quando conseguia o seu intento,

deixava o ar tão tenso,

que até respirar,

se tornava um tormento.

O coração batia tão fortemente

que dava para escutar

o oscilar ofegante,

do ar que se infiltrava

pelas narinas sibilantes.

Aquele aperto na garganta

ia dando um nó tão fortemente,

que fazia a mente escurecer

e o chão desaparecer.

Depois vinha a calmaria

e a Expectativa desaparecia

bem assim como surgia.

Deixava na sua passagem

um vendaval de emoções

que estraçalhavam qualquer coração.

Quem com ela convivia todo o dia,

sabia o mal que ela fazia,

mas não conseguia

se desfazer dessa agonia,

que a todos consumia,

pelo menos uma vez ao dia.





Débora Benvenuti