MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sábado, 15 de janeiro de 2011

O Sonho Adormeceu


O Sonho Adormeceu


O Sonho adormeceu,
ouvindo a chuva cair de mansinho.
Os pingos escorrendo pela vidraça
desenhavam figuras,
que sumiam feito fumaça.
Os sons da rua ecoavam uma melodia
que mal se ouvia,
enquanto a tarde se fazia noite,
e o dia suspirava
as canções que ouvira durante o dia.
Os sons foram diminuindo
e a chuva aos pouco
foi se transformando em pingos,
que batiam compassados,
marcando um ritmo cadenciado.
O Sonho adormeceu abraçado ao travesseiro.
De tudo o que sonhou,
restou apenas a esperança,
que guardou na lembrança,
para sonhar feito criança.


Débora Benvenuti

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A IMAGINAÇÃO E A INSPIRAÇÃO



A Imaginação e a Inspiração


Por mais que se esforçasse,
a Imaginação estava sem inspiração.
Sempre fora muito criativa,
mas depois que começou a trabalhar,
a Imaginação se cansou
e sem inspiração,
nada mais contou.
Queria dizer aos amigos
o motivo de sua ausência,
mas quanto mais pensava,
mais sentia que a carência
da inspiração tudo dificultava.
Não necessitava de relógio,
era livre e não media as horas.
Agora era escrava do tempo
e precisava estar atenta.
E foi com essa convicção,
que encontrou a Inspiração,
despida de qualquer intenção,
esperando o momento certo,
para fazer as suas persuasões.
Queria convencer a Imaginação
que ela não precisava da Inspiração.
Quando alguém perguntasse,
onde era a fonte,
bastava dizer que a nascente,
mudava a cada instante
e dependia da Inspiração
para ser sua representante.
Mas a Imaginação estava cansada.
Chegava em casa desanimada,
depois de um dia inteiro,
fazendo contas e calculando
o que devia fazer primeiro:
Se escrever novos roteiros
ou ir para a cama e adormecer,
para outro dia ver nascer
e sem mais argumentos,
se convencer,
que trabalhar é bom,
mas dá o que fazer...


Débora Benvenuti

domingo, 2 de janeiro de 2011

DESPEDIDA



Despedida



Sem querer ouvi este diálogo
Entre o Ano Velho e o Ano Novo:
- Sinto-me já cansado
e não tenho mais esperanças,
disse o Ano Velho
ao Ano Novo que se aproximava, cauteloso.
- Não devias te sentir assim.
Tivestes um ano inteirinho
e deves ter muitas coisas para lembrar.
_ Um dia também serás como eu
e então irás lembrar o que me aconteceu.
No início, todos irão te saudar,
mas quando ficares velho,
de ti ninguém irá querer lembrar.
- Não acredito em profecias.
Vou fazer muitas acrobacias
para que ninguém de mim possa reclamar.
- Por mais que faças tudo o que desejas,
sempre haverá alguém
que contigo não irá concordar.
- Talvez não consiga contentar a todos,
mas provarei que posso tentar
e muitas coisas poderei realizar.
- Eu pensava bem assim,
quando vi tantas esperanças
sendo depositadas num barquinho a navegar.
- Não basta viver de esperança,
é preciso se esforçar,
para todos os sonhos realizar.
E o ano Velho se despediu tristonho,
sabendo que naquele momento,
nada mais poderia fazer,
a não ser desejar à todos
Que o ano Novo seja venturoso.


Débora Benvenuti

domingo, 19 de dezembro de 2010

Felicidade e Ilusão


Felicidade e Ilusão



Felicidade,
Sensação momentânea,
euforia instantânea.
Ilusão,
Perda consciente,
Utopia inconsciente.
Ilusão e Felicidade,
Com um só significado:
Perde-se uma
e a outra continua
no inconsciente mutilado.
Felicidade é Utopia,
Utopia é Felicidade
em estado avançado.
 Ilusão,
Felicidade,
Utopia sem comparação.


Débora Benvenuti

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A INDIFERENÇA E O ENTUSIASMO



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A Indiferença e o Entusiasmo


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A Indiferença sofria de um mal
que ninguém conhecia.
Estava sempre arredia
e por mais que o Entusiasmo
se esforçasse,
nada fazia a Indiferença
mudar o humor que a consumia.
Mas o Entusiasmo não podia
falar do caráter da Indiferença.
Ele mesmo muitas vezes
se desconhecia.
Ficava muito entusiasmado
com tudo o que via
e acreditava que assim sempre seria.
Desejava tudo o que não tinha
e depois que conseguia,
lá vinha a Indiferença
lhe fazer companhia.
Um dia estava apaixonado,
fazia declarações
e acreditava em tudo o que dizia.
Mas de repente,
algo acontecia
e o Entusiasmo logo se esquecia
de tudo o que prometia.
Se apaixonava facilmente
e dizia que era amor o que sentia,
esse sentimento que o entorpecia
e quase o enlouquecia.
Mas assim como se apaixonava,
se deparava com a Indiferença,
a lhe fazer companhia.
A Indiferença lhe segredava
coisas que ele temia
e que em breve aconteceria.
Isso tudo fazia o Entusiasmo
se desinteressar
e logo outros interesses procurar.
O Entusiasmo se esforçava
para se manter sempre contente
e prometia a si mesmo
que da próxima vez
seria diferente.
Mas nada acontece assim de repente
e o Entusiasmo sofria
por não conseguir o seu intento.
A Indiferença estava sempre presente
em todos os momentos.
Invadia o seu pensamento
e fazia o Entusiasmo
desistir de todo o seu intento.
Amnésia era o mal que acometia
o Entusiasmo.
Depois de algum tempo,
Ele tudo esquecia...



Débora Benvenuti



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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O SONHO E A ESPERANÇA



O Sonho e a Esperança



O Sonho era filho da Esperança. Nascera tão pequenino, que a sua mãe temera que ele não conseguisse sobreviver. Todas as noites, a Esperança sentava-se à janela do quarto do Sonho, e ficava vigiando o seu sono, enquanto ele dormia. Tinha medo que ele acordasse e não encontrasse a Esperança ao seu lado. Durante a noite ela tecia roupinhas para o Sonho vestir, quando acordasse. Tricotava pacientemente com os fios prateados que recolhia da lua, enquanto ela ficava pendurada lá no céu, iluminando a escuridão da noite. Eram amigas há muito tempo. Enquanto a Esperança tricotava, conversava com a Lua e lhe contava todos os sonhos que a mantinham viva. Sonhava com o Amor, com quem tivera um Sonho lindo e que ela cuidava com todo o carinho, esperando que ele crescesse tão lindo como o pai. Mas o Amor, a maior parte do tempo, estava ausente. Isso não impedia a Esperança de sonhar e ela não se deixava abater. Sabia que um dia o Amor voltaria e a ajudaria a cuidar do Sonho, que tiveram um dia, quando estavam tão apaixonados e o Sonho acabara de nascer. Nas noites frias, ela olhava a Lua pela janela e admirava a sua luminosidade e a forma como se mantinha sempre linda e atraente. É certo, que em algumas noites, ela desaparecia e sua face ficava tão acinzentada, que era difícil para a Esperança conseguir localizá-la na imensidão do firmamento. Nessas noites, ela mal conseguia tecer os agasalhos que tricotava para que o Sonho vestisse ao amanhecer. E a cada dia o Sonho ia ficando maior e a Esperança não desistia de esperar o Amor chegar. O Sonho já entendia um pouco o que acontecia com a mãe. Percebia o quanto ela se esforçava para cuidar do Sonho, para que ele não se perdesse quando saía sozinho pela estrada. Uma vez, o Sonho chegara em casa com os pezinhos tão machucados, que fez a Esperança ficar assustada.
- Meu Sonho, o que aconteceu com você?
- Não foi nada não, foi apenas uma pedra no caminho, respondeu o Sonho,tentando não preocupar a mãe.
- E que fizestes com a pedra, meu Sonho?
- Eu a deixei lá.
- Então volte para buscá-la, respondeu a mãe.
- Por que devo buscá-la? Perguntou o Sonho.
- Porque foram essas pedras que te feriram os pés.
_ Mas encontrarei muitas outras pedras pelo caminho. Que farei com elas?
- Sempre que uma pedra te ferir os pés, retire-as do teu caminho,mas não as odeie. Guarde-as com carinho. Para que um dia você lembre com quantas pedras construístes o castelo dos teus sonhos.


Débora Benvenuti





segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CAIXA DE SONHOS



Caixa de Sonhos





Na hora de dormir,
pegue esta caixinha pequenina,
que te envio com muito carinho
e a abra quando estiveres sozinho,
com muito cuidado,
pois ela é encantada.
Quando a abrires,
não fiques decepcionado,
se dentro dela,
nada encontrares.
Como eu disse,
Ela é encantada
e para encontrares o que procuras,
precisas estar descansado
e muito relaxado.
Pense em todos os sonhos
que não foram realizados.
Mentalize os que mais gostares.
Tire de dentro da caixinha
e os coloque no travesseiro
ao seu lado.
Durma um sono tranqüilo,
Sonhe com o sonho realizado.
Quando acordares,
pense no sonho e o mantenha sempre
Alimentado,
Pois os sonhos precisam de muito cuidados,
senão morrem antes mesmo
de estarem criados.
A esperança é a sua grande aliada
e a Imaginação tem que estar
bem inspirada,
Para tornar esse sonho,
Realidade...


Débora Benvenuti

sábado, 4 de dezembro de 2010

MEU CORAÇÃO ADORMECEU


Meu Coração Adormeceu




Hoje meu coração se aquietou
e mais tranqüilo adormeceu.
Percebi que uma de suas asinhas se feriu
e assim que ele dormiu,
o cobri com uma colchinha,
para ele não sentir frio.
Na sua caminha o coloquei,
até que ele dormiu.
Pareceu-me tão cansado
e muito, muito, magoado.
Enquanto ele dormia,
falei baixinho ao seu ouvido.
Pedi a ele que me falasse
porque estava tão magoado.
Pareceu-me que ele ouviu
e sentiu-se reconfortado,
mas teve um sono agitado.
Falou que fora pelo seu amor abandonado
e assim,triste e desanimado,
havia a sua asinha machucado.
Mas não era dessa dor que ele falava,
era de algo mais desanimador:
"  Uma tristeza,que o fazia sentir dor."
Ficara tão desesperado,
que de um penhasco despencara.
As suas asinhas esquecera de bater,
no momento em que saltara,
no abismo que o tragara.
Por isso, a asa ferida
e o coração todo amassado,
era tudo o que sobrara,
desse coração que tanto amara
e desse amor, abdicara...


Débora Benvenuti

domingo, 21 de novembro de 2010

A CONSCIÊNCIA E O CIGARRO

Blog de deborabenvenuti :Sonhos em Poemas, A CONSCIÊNCIA E O CIGARRO
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A Consciência e o Cigarro

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A Consciência sabia

o mal que o Cigarro fazia.

Mas isso não a impedia

de fumar um Cigarro

todo o dia.

Na carteira,

Uma frase advertia:

Fumar é prejudicial,

Causa Dependência

e Impotência Sexual.

Com o passar do tempo

a Consciência foi entristecendo.

Já não sabia mais

o que estava acontecendo.

O prazer que antes ela sentia,

aos pouco foi desaparecendo.

E quanto isso acontecia,

a Consciência ia entristecendo.

Sentia-se pálida e tremendo.

Seus desejos eram substituídos

pelo Cigarro que consumia.

E quanto mais fumava

mais percebia

que algo acontecia.

Já não conseguia

mais transar como queria.

Mas pensava que podia

tomar um Viagra

e o problema com o tempo,

desaparecia.

Só que isso nunca acontecia.

Tomar Viagra

já não mais resolvia.

Quem sabe tomar dois,

Fumar um cigarro depois.

Um pouco de álcool, quem sabe,

seria uma boa solução,

para resolver os problemas

que a Consciência sabia que existia,

mas que não admitia.

Enquanto o vício persistia,

a Consciência buscava no Cigarro

afogar as mágoas que sentia.

O Cigarro era seu Amigo,

disso ninguém discordava.

Ele era o companheiro inseparável

e dizia que ajudava.

- Se quiseres emagrecer

e mostrar a todos o seu poder,

dizia o Cigarro à Consciência

quando ela se sentia enfraquecer.

Fume-me até o dia amanhecer,

Jogue fora todos os seus princípios

Eu estou aqui e todos os seus

Problemas eu posso resolver.

E a Consciência assim procedia,

mesmo vendo o que acontecia.

Fumou tanto, até que um dia,

a tosse o acordou

quando o dia amanhecia.

A Consciência ouviu do médico

Tudo aquilo que já sabia...



Débora Benvenuti