MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

domingo, 27 de março de 2011

Páscoa Feliz



 

Páscoa Feliz



Era uma vez um coelhinho
que de tanto saltitar
esqueceu o caminho de casa
e não soube mais voltar.
Mamãe-coelha, preocupada
o filhote foi buscar.
Salta aqui, salta acolá
e nada do filhote encontrar.
Numa toca, na colina,
numa cesta escondida 
o coelhinho foi achar,
muitos ovos coloridos,
que ficaram esquecidos,
muitos deles sem pintar.
Por que tantos ovos,
se pôs o coelhinho a pensar...
E então mamãe-coelha
ao filhote foi contar
o significado da Páscoa
que ele parecia ignorar
Cada ovo simboliza
um momento singular,
É neste instante mágico
que uma nova vida vai começar
e então mamãe-coelha
ao filhote foi contar
o significado da Páscoa
que ele parecia ignorar
Cada ovo simboliza
um momento singular,
É neste instante mágico
que uma nova vida vai começar
É o Renascimento,
O Dom Divino
que costumamos comemorar,
Cristo vive e é isso
que nós devemos lembrar,
todas as ofensas perdoar
e uma Boa Páscoa
A todos desejar...

Débora Benvenuti

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Mão Direita


A Mão Direita



A Mão Direita era sábia e inteligente. Quando era jovem,passava o tempo livre folhando livros e mais livros,na busca do conhecimento e do saber.Depois que logrou êxito em seus estudos,conseguiu um bom emprego,formou  uma família, mas nunca deixou escapar uma boa oportunidade, assim que ela aparecia. Por entre seus dedos ágeis, iam se somando grandes investimentos e assim ele formou uma base sólida, criou uma empresa e passou a administrar os seus funcionários pessoalmente. Todos o consideravam um homem bom. Distribuía igualmente a quem precisasse, o que para ele não fazia falta. Era honesto e muito competente em tudo o que fazia. Mas tinha um defeito, como não poderia deixar de ser. Ficava horas e horas observando o que fazia a sua mão esquerda. Se ela cometesse um engano, a advertia verbalmente e de forma ríspida, para que todos pudessem ouvir. Muitas vezes humilhava os dedinhos da mão esquerda, que não eram tão sábios quanto os dedos da sua mão direita. Não admitia erros e não suportava que alguém lhe dissesse que estava errado. A Mão Direita tinha um ponto fraco: era apaixonado pelo Dedo Mínimo. Por esse dedo, fazia o possível e o impossível. Assim, se alguém precisasse chegar até ele, bastava que falasse ao ouvido do Dedo Mínimo, para que a Mão Direita escutasse. Entretanto, tudo o que fazia a Mão Direita, a esquerda ficava sabendo e muitas vezes, de forma não muito agradável. Assim, os dedinhos da mão esquerda trabalhavam sempre de cabeça baixa, temendo por seus empregos. E eram monitorados o tempo todo por câmeras de vigilância, para que não perdessem um minuto sequer fazendo algo que não se relacionasse exclusivamente com seus afazeres. Todos trabalhavam com medo e a Mão Direita dizia que só assim todos poderiam respeitá-lo e trabalhavam exaustivamente porque precisavam do emprego. Algumas vezes a Mão Direita ameaçava tirar da Mão Esquerda, os anéis que havia dado em um momento de complacência. Então os dedinhos da Mão Esquerda ficavam deprimidos e angustiados e já não conseguiam trabalhar nem dormir descansados. Um dia apareceu um sábio que confabulou ao ouvido da Mão Direita:
“ Que não saiba a Mão Esquerda, o que faz a Mão Direita...”


Débora Benvenuti

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Depressão e a Esperança




A Depressão e a Esperança



A Esperança acordou animada. Calçou os chinelinhos e se levantou da cama. Espreguiçou-se e foi abrir as cortinas do seu quarto. O dia estava lindo. O sol se infiltrava por entre as persianas da janela e desenhava lindas figuras na parede.Tudo parecia perfeito. Depois de se vestir, a Esperança saiu cedo, como sempre fazia. Adorava respirar o ar puro a cada manhã. Isto a fazia sentir-se bem e era muito bom começar o dia assim. Havia uma alameda coberta de folhas secas que mais parecia um tapete e era por lá que a Esperança adorava caminhar. Por onde andava, encontrava os amigos e ia espalhando mensagens de ânimo a cada um deles. Nessa manhã, deparou-se com a sua amiga Depressão, que há muito tempo não encontrava. Ela estava sentada embaixo de uma árvore, absorta, olhando fixamente para um ponto indefinido e não percebeu a Esperança ao seu lado.
- Posso ajudar, amiga Depressão? Sem esperar resposta, a Esperança sentou-se ao lado da Depressão. Recostou-se no tronco da árvore onde a amiga se encontrava e ficou esperando que ela falasse alguma coisa. Como não obteve resposta, pensou em alguma coisa para dizer. Precisava induzir a Depressão a contar o que a afligia tanto, mas o silêncio da amiga começava a preocupá-la.
Depois de alguns minutos em silêncio, a Depressão falou:
- Não consigo pensar em nada que me interesse. Fico horas observando o nada e nada acontece.
- Você já procurou ajuda de um profissional?
- Ninguém pode me ajudar, falou a Depressão, olhando fixamente um ponto que só ela podia ver.
- Às vezes também me sinto assim. Na verdade, acho que todos nós em algum momento nos sentimos assim, sem ânimo para nada. - Mas eu não consigo fazer as mesmas coisas que fazia antes. Sinto-me cansada e não consigo me concentrar em nada. - Pois devia fazer um esforço. Por que não tenta levantar, caminhar ao meu lado, enquanto conversamos?
- Até para caminhar me sinto cansada. Nada que eu comece, consigo terminar. - Pois vamos tentar juntas, disse a Esperança, estendendo a mão para a amiga, para que ela pudesse se levantar. A Depressão aceitou a mão que a amiga lhe oferecia. Levantou-se com algum esforço e se pôs a caminhar ao lado da Esperança. Depois de algum tempo calada, a Depressão percebeu que as coisas não pareciam tão ruins como antes. A Esperança corria alegremente à sua frente, fazendo tantas piruetas que a Depressão acabou achando graça da amiga. Primeiro, foi só um sorriso tímido que aflorou aos seus lábios. Depois, foram sonoras gargalhadas que se podia ouvir a quilômetros dali. As duas riam alegres e despreocupadas. Por um momento, a Depressão esqueceu dos seus problemas. Era tão bom poder conversar, rir de pequenas coisas e não pensar mais em nada. As duas seguiram conversando animadas. Quando se despediram, a Esperança novamente aconselhou a Depressão a procurar um médico e a seguir o tratamento direitinho. Fazendo isso, em pouco tempo ela estaria novamente vendo o mundo com outros olhos.

Débora Benvenuti

A Dúvida



A Dúvida




A Dúvida não conseguia dormir sossegada. Todas as noites acontecia a mesma coisa. Depois das atividades do dia, ela se acomodava no sofá, ligava a tv, escolhia um bom filme e se recostava em uma almofada para relaxar. Mas isso não a deixava sossegada. Ficava sempre na dúvida se não havia esquecido de fazer alguma coisa. E quando isso acontecia,
a Interrogação aparecia e tecia comentários que faziam a Dúvida ficar em dúvida.
- Você não está esquecendo nada, perguntava a Interrogação, só para ver se a Dúvida ficava curiosa.
- De que posso ter-me esquecido? Perguntava a Dúvida, erguendo uma sobrancelha, já pensando no que diria a amiga, ao ver que ela ficava em dúvida.
- Percebi que hoje você não fechou as persianas da janela do quarto...
- Fechei sim ou será que não?
- Está chovendo...vai entrar água pela janela...
- Mas eu tenho certeza de que fechei...ou será que não...?
Lá saia a Dúvida correndo para ver se havia fechado a janela...
Todos os dias ela revisava mentalmente tudo o que havia feito,mas acabava sempre esquecendo alguma coisa. Pensou em algo que pudesse fazer para não precisar mais ficar na dúvida. Depois de muito pensar, encontrou uma solução que acreditou ser razoável. Anotou em uma agenda de bolso as coisas que fazia todos os dias. Sempre que ia sair, verificava tudo cuidadosamente e ia marcando com um “x” tudo o que precisava ser feito. É claro que dava trabalho, mas era só uma questão de hábito. Assim, nunca mais ficaria na dúvida e a Interrogação não mais a importunaria...


Débora Benvenuti

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A TRAVESSIA



A Travessia



Em uma ilha deserta, viviam quatro amigos que esperavam há muito tempo serem resgatados. A Esperança era responsável por manter a todos unidos, sem jamais deixar que se entregassem ao desânimo. O Amor se preocupava em fazer com que todos fossem amáveis uns com os outros e a Felicidade estava sempre presente nestes momentos. Procurava iluminar as feições de cada um, para que todos pudessem ver uns aos outros como se fosse um espelho. O Tempo era amigo e conselheiro. Ficava horas fitando o horizonte, para ver se surgia alguma embarcação, mesmo quando todos dormiam. E assim os dias iam se prolongando até se transformarem em anos. Certo dia apareceu na ilha uma velha embarcação, conduzida por um homem de barba grisalha e olhar bondoso. Os amigos ficaram eufóricos,imaginando que finalmente poderiam voltar para casa. A Esperança se sentiu renascer. Perguntou ao barqueiro se podia fazer a travessia levando todos os amigos com ela.
- Não, respondeu o barqueiro. Só posso levar comigo apenas um dos seus amigos.
- E porque não podes levar a todos?
- Porque há o risco de naufragarmos.
- Mas a embarcação me parece segura,respondeu a Esperança, um tanto desapontada.
- Pode até parecer segura, mas o casco está trincado e já começa a fazer água.
A Felicidade saltitava entusiasmada, imaginando que talvez ela pudesse ser a escolhida.
O Amor se aproximou cauteloso e sugeriu que fizessem uma análise da situação,para ver quem estaria em melhores condições de partir da ilha em busca de ajuda.
Talvez a Esperança fosse a escolhida, mas depois de muito pensarem,chegaram à conclusão que não poderiam ficar sem ela. O segundo indicado foi o Amor. Mas talvez o Amor fizesse falta. Todos precisariam dele para manter a união dos que iriam ficar na ilha. Então pensaram que a Felicidade pudesse ser a mais indicada para realizar essa tarefa. Mas como poderiam ficar sem a Felicidade para lhes fazer companhia? Era ela que fazia com que todos sorrissem, apesar das dificuldades que encontravam. Restava apenas o Tempo. Como não haviam pensado nisso? Só o Tempo seria capaz de ir e vir, sem perder tempo. E apesar de ser o mais velho dos quatro amigos, ainda podia passar despercebido, sem que ninguém desse por sua falta. E assim foi feito. O Tempo fez a travessia com o barqueiro e desembarcou no Futuro,que ficou encarregado de voltar ao Passado e resgatar os três amigos que ficaram perdidos no tempo,esperando que o Tempo voltasse atrás e os resgatasse...Mas será que o Tempo voltaria para buscá-los?
A Esperança pensava que sim...

Débora Benvenuti

sábado, 15 de janeiro de 2011

O Sonho Adormeceu


O Sonho Adormeceu


O Sonho adormeceu,
ouvindo a chuva cair de mansinho.
Os pingos escorrendo pela vidraça
desenhavam figuras,
que sumiam feito fumaça.
Os sons da rua ecoavam uma melodia
que mal se ouvia,
enquanto a tarde se fazia noite,
e o dia suspirava
as canções que ouvira durante o dia.
Os sons foram diminuindo
e a chuva aos pouco
foi se transformando em pingos,
que batiam compassados,
marcando um ritmo cadenciado.
O Sonho adormeceu abraçado ao travesseiro.
De tudo o que sonhou,
restou apenas a esperança,
que guardou na lembrança,
para sonhar feito criança.


Débora Benvenuti

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A IMAGINAÇÃO E A INSPIRAÇÃO



A Imaginação e a Inspiração


Por mais que se esforçasse,
a Imaginação estava sem inspiração.
Sempre fora muito criativa,
mas depois que começou a trabalhar,
a Imaginação se cansou
e sem inspiração,
nada mais contou.
Queria dizer aos amigos
o motivo de sua ausência,
mas quanto mais pensava,
mais sentia que a carência
da inspiração tudo dificultava.
Não necessitava de relógio,
era livre e não media as horas.
Agora era escrava do tempo
e precisava estar atenta.
E foi com essa convicção,
que encontrou a Inspiração,
despida de qualquer intenção,
esperando o momento certo,
para fazer as suas persuasões.
Queria convencer a Imaginação
que ela não precisava da Inspiração.
Quando alguém perguntasse,
onde era a fonte,
bastava dizer que a nascente,
mudava a cada instante
e dependia da Inspiração
para ser sua representante.
Mas a Imaginação estava cansada.
Chegava em casa desanimada,
depois de um dia inteiro,
fazendo contas e calculando
o que devia fazer primeiro:
Se escrever novos roteiros
ou ir para a cama e adormecer,
para outro dia ver nascer
e sem mais argumentos,
se convencer,
que trabalhar é bom,
mas dá o que fazer...


Débora Benvenuti

domingo, 2 de janeiro de 2011

DESPEDIDA



Despedida



Sem querer ouvi este diálogo
Entre o Ano Velho e o Ano Novo:
- Sinto-me já cansado
e não tenho mais esperanças,
disse o Ano Velho
ao Ano Novo que se aproximava, cauteloso.
- Não devias te sentir assim.
Tivestes um ano inteirinho
e deves ter muitas coisas para lembrar.
_ Um dia também serás como eu
e então irás lembrar o que me aconteceu.
No início, todos irão te saudar,
mas quando ficares velho,
de ti ninguém irá querer lembrar.
- Não acredito em profecias.
Vou fazer muitas acrobacias
para que ninguém de mim possa reclamar.
- Por mais que faças tudo o que desejas,
sempre haverá alguém
que contigo não irá concordar.
- Talvez não consiga contentar a todos,
mas provarei que posso tentar
e muitas coisas poderei realizar.
- Eu pensava bem assim,
quando vi tantas esperanças
sendo depositadas num barquinho a navegar.
- Não basta viver de esperança,
é preciso se esforçar,
para todos os sonhos realizar.
E o ano Velho se despediu tristonho,
sabendo que naquele momento,
nada mais poderia fazer,
a não ser desejar à todos
Que o ano Novo seja venturoso.


Débora Benvenuti

domingo, 19 de dezembro de 2010

Felicidade e Ilusão


Felicidade e Ilusão



Felicidade,
Sensação momentânea,
euforia instantânea.
Ilusão,
Perda consciente,
Utopia inconsciente.
Ilusão e Felicidade,
Com um só significado:
Perde-se uma
e a outra continua
no inconsciente mutilado.
Felicidade é Utopia,
Utopia é Felicidade
em estado avançado.
 Ilusão,
Felicidade,
Utopia sem comparação.


Débora Benvenuti

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A INDIFERENÇA E O ENTUSIASMO



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A Indiferença e o Entusiasmo


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A Indiferença sofria de um mal
que ninguém conhecia.
Estava sempre arredia
e por mais que o Entusiasmo
se esforçasse,
nada fazia a Indiferença
mudar o humor que a consumia.
Mas o Entusiasmo não podia
falar do caráter da Indiferença.
Ele mesmo muitas vezes
se desconhecia.
Ficava muito entusiasmado
com tudo o que via
e acreditava que assim sempre seria.
Desejava tudo o que não tinha
e depois que conseguia,
lá vinha a Indiferença
lhe fazer companhia.
Um dia estava apaixonado,
fazia declarações
e acreditava em tudo o que dizia.
Mas de repente,
algo acontecia
e o Entusiasmo logo se esquecia
de tudo o que prometia.
Se apaixonava facilmente
e dizia que era amor o que sentia,
esse sentimento que o entorpecia
e quase o enlouquecia.
Mas assim como se apaixonava,
se deparava com a Indiferença,
a lhe fazer companhia.
A Indiferença lhe segredava
coisas que ele temia
e que em breve aconteceria.
Isso tudo fazia o Entusiasmo
se desinteressar
e logo outros interesses procurar.
O Entusiasmo se esforçava
para se manter sempre contente
e prometia a si mesmo
que da próxima vez
seria diferente.
Mas nada acontece assim de repente
e o Entusiasmo sofria
por não conseguir o seu intento.
A Indiferença estava sempre presente
em todos os momentos.
Invadia o seu pensamento
e fazia o Entusiasmo
desistir de todo o seu intento.
Amnésia era o mal que acometia
o Entusiasmo.
Depois de algum tempo,
Ele tudo esquecia...



Débora Benvenuti



BBBRRRR001A