MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As Quatro Estações

  



As Quatro Estações
  
  
As quatro estações
queriam se encontrar,
mas não sabiam o que fazer
para esse sonho realizar.
O Outono então pensou
num plano para poderem se comunicar.
Escreveu com gotas de orvalho,
numa folha seca,
uma mensagem que fez o vento carregar,
até o Inverno encontrar.
E com o frio que fazia,
o Inverno soprou
com toda a força que podia,
a mesma folha até a Primavera encontrar.
A folha flutuou no ar por muitos dias
e num belo jardim florido se deixou ficar.
Um pássaro que por ali voava,
a folha foi juntar,
para o seu ninho com carinho, afofar.
Percebeu a mensagem que a folha trazia
e viu que precisaria encontrar alguém
que a fosse levar.
Como o seu ninho não podia abandonar,
pediu ao beija-flor,
que fosse de flor em flor
a mensagem entregar.
E num belo dia de verão,
as quatro estações se encontraram.
O dia amanheceu com cerração,
depois a neblina se dissipou
e o sol aqueceu tanto,
que derreteu as nuvens.
Elas caíram em gotas
que rolaram pelo chão,
com tanta força
que causaram uma inundação.
O frio chegou de repente
e fez todo mundo vestir um casacão,
para espantar o frio,
fora de estação.
E as quatro estações
comemoraram o encontro,
tomando um belo quentão
ao redor do fogão...


Débora Benvenuti

A Máscara da Incompetência



A Máscara da Incompetência


A Imaginação se sentiu incomodada
com a incompetência demonstrada
por pessoas mal intencionadas.
Mal começara o dia
e a Imaginação se deparava
com mais uma depravação.
O fato foi comprovado
por uma blogueira inconformada
com a visita inesperada
de um blogueiro depravado
que tinha no link
um nome inusitado.
Não vou falar o tal nome
por respeito à Imaginação,
este ser que sempre está
trazendo informação,
falando de tantas coisas
que só fazem bem
ao coração.
Mas isto só não foi o bastante
para a minha indignação.
Procurando uma imagem no Google,
vejo lá uma publicação,
num site de muita visitação.
O meu poema
“As Quatro Estações”
Editado no meu livro
e ali postado
sem muita consideração.
Era um site de jogos
e eu tentei fazer uma anotação.
Deixar escrito alguma coisa
que mostrasse que a incompetência
é a arma de muito ladrão.
Mas por não saber jogar,
precisei fazer a inscrição,
para poder postar um comentário
e perguntar se o usuário
não sabia que o plágio
é falta de competência
e traz muita incomodação.
Depois de entrar no site,
fiquei sabendo
que para postar,
precisava jogar.
E o tal comentário
eu deixei de postar,
por não saber jogar!


Débora Benvenuti

O Poema e a Ilusão



O Poema estava apaixonado

pela Ilusão.

Escrevia versos e tentava

conquistar seu coração.

Com palavras carinhosas,

fazia todo o dia

uma declaração.

A Ilusão não queria

demonstrar a sua paixão.

Acreditava que tudo

não passava de uma mera confusão.

Por ser Ilusão,

muito cedo desapareceria

e causaria uma enorme decepção,

a esse coração que dizia amá-la

e não conseguiria viver

com a rejeição.

Sabia muito bem que sofreria,

e sabendo da sua triste condição,

tão logo percebesse o engano,

partiria sem rumo e sem direção.

O Poema, percebendo a sua hesitação,

pediu a Ilusão que convivesse

para sempre no seu coração.

Casariam sem muita badalação,

sem festa e sem convidados,

para não serem incomodados,

nesta nova fase

que iniciavam com tanta convicção.

Para não serem enganados,

selaram assim essa união:

O Poema viveria

e em seus versos escreveria,

tudo o que sentia,

mesmo sabendo que o que sentia

Era a mais pura ilusão.

 

 

 

 

Débora Benvenuti


domingo, 7 de agosto de 2011

O Vento e a Flor


O Vento e a Flor

 

O vento sopra devagar

e faz a flor suavemente balançar.

Suas pétalas perfumadas

espalham um aroma sedutor,

que até o vento se impregna

desse aroma que exala da flor.

E percorrendo os campos floridos,

por vales, montanhas e mares,

o vento carrega consigo,

mensagens de amor,

a um coração solitário,

que vive sonhando com a flor.

O vento sopra de mansinho,

falando com carinho,

de sentimentos serenos,

sensações tão amenas,

que fazem o coração

se sentir tão pequeno.

Uma lágrima escorre

e um sentimento verdadeiro,

transforma aquele sentimento

num doce devaneio.

Um amor derradeiro,

um sonho inteiro dedicado à flor.



Débora Benvenuti

O Acendedor de Corações e o Amor


O Acendedor de Corações
e o Amor


Quando a noite silencia
e não se ouve mais
os ruídos do dia,
O Acendedor de Corações
retoma a sua rotina.
Foi assim que começou
a estória do Acendedor.
Com a noite como cobertor
e a insônia a lhe inspirar poesia,
ele já sabia
o quanto a noite estava longe
de conhecer o dia.
Ansiava por um amor
que lhe trouxesse um pouco de calor,
falasse palavras doces
e o abraçasse com ardor.
Mas nada disso ele tinha,
para aumentar sua auto-estima.
Passava as noites perambulando
pelas esquinas do seu pensamento.
E quanto mais ele se entretinha
a escrever nas entrelinhas,
mais desejava encontrar alguém
que soubesse
entender o que ele sentia.
E as horas se estendiam
até o raiar do dia,
sem que o Acendedor encontrasse
quem ele mais queria.
Escreveu tantos versos,
falou tanto de amor,
até que alguém ouviu
falar do Acendedor.
Do outro lado do oceano,
um coração que muito amou,
sentiu que era preciso
conhecer o Acendedor.
E conhecedor desse amor,
transformou o Acendedor
num belo livro de poemas,
onde estão reunidos
os mais belos versos
e as mais belas juras de amor,
coisa que só quem já conheceu o amor
é capaz de entender
“ O Acendedor de Corações.”


Débora Benvenuti

sábado, 30 de julho de 2011

O Tempo e o Passatempo



O Tempo e o Passatempo


O Passatempo ficava sempre à janela, esperando o Tempo passar e sempre que o Tempo por ali passava, estava tão apressado que nunca conseguia um tempo para passar o tempo, com o seu amigo, Passatempo. Todos os dias, na hora habitual ( o Tempo nunca se atrasava), lá vinha ele correndo sem mais demora. Tinha uma pressa enorme de passar, embora muitas vezes, poucas pessoas o vissem passar. Ficavam a espera dele e muitas vezes estavam tão distraídas, que ele passava sem ser visto. Até o Passatempo, que estava sempre procurando algo para se distrair, acabava não percebendo o Tempo passar. Um dia, o Tempo passou na janela e percebeu que o Passatempo não era mais o mesmo. Havia envelhecido de tanto esperar o Tempo passar. Condoído por ver o amigo tão decaído, resolver parar um instante para conversar:
- Meu amigo Passatempo, que tens feito?
- Só fico passando o tempo...
- Então deves ter muitas coisas para contar, disse o Tempo.
- Pois fico tão envolvido procurando algo para fazer, que mal te vejo passar...
- E eu sempre tão apressado, mal tenho tempo para parar.
- Como sei que estás sempre apressado, nunca te convido para passares um tempo comigo...
- Desde que sou Tempo, nem tempo mais tenho para comigo. As pessoas sempre estão correndo atrás de mim e como sou muito solicitado, estou sempre apressado.
- A mim também me buscam, quando não sabem mais o que fazer, enquanto te esperam passar...
- Muitos dizem que eu passo rápido demais, embora outros não saibam o que fazer comigo...
- Eu sou quem mais entende disso tudo, já que fico a maior parte do tempo procurando algo para fazer...
- E como Passatempo, pouco tempo tens para me ver passar...
- Só percebo que já passastes, quando me olho ao espelho...Então percebo que já passastes há muito tempo...só eu não te vi passar, tão ocupado estava em passar o tempo...

Débora Benvenuti

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Vaidade e a Felicidade


A Vaidade e a Felicidade


A Vaidade,
muito charmosa,
toda vestida de rosa,
passeando pelo bosque,
encontrou uma fonte de águas cristalinas.
Não contendo a curiosidade,
foi correndo mirar-se
naquele espelho d'água transparente,
para ver se sua imagem
não havia sido alterada.
Percebeu que alguma coisa
estava errada,
porque a imagem refletida,
não mais a ela pertencia
e sim a alguém que ela não conhecia.
Quanto mais admirava
a imagem ali refletida,
mais se entristecia,
pois percebia que a imagem que via
era triste e envelhecida.
Pensou que nunca mais seria
como era antes e assim,
com a aparência enrugada,
pelos anos maltratada,
lamentava-se tristemente:
- Nunca mais seria a jovem
que já fora antigamente
e com esses pensamentos,
deitou-se na relva
e adormeceu profundamente.
Sonhou que viveria para sempre,
se aceitasse as condições
que o Tempo lhe propôs:
- Cada vez que se mirasse
nas águas daquele bosque encantado,
não olharia a imagem refletida,
apenas veria o seu pensamento
e com ele transporia
as portas da Felicidade,
que estaria ao seu lado
toda a vez que ela
assim o desejasse,
mas para isso teria
que observar seus mandamentos,
jamais desejar
o que não mais poderia ter,
contentar-se com o que tivesse,
e assim ela viveria para sempre,
no coração de quem ela mais desejasse.
Então a Vaidade compreendeu,
que a beleza com a qual convivera,
era agora
o reflexo da sua mente...


Débora Benvenuti