MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vida que Segue



Vida que Segue


Um coração abandonado,
ainda muito perturbado,
embarcou numa casquinha de noz
e no mar foi lançado.
Não sabia que fora enganado
e assim, desamparado,
com o coração muito magoado,
decidiu que precisava
partir para outra viagem,
ao interior de si mesmo.
Navegou por muitos mares,
encontrou muitos adversários
e com eles, alguns falsários.
Mas isso tudo não o aniquilou,
pelo contrário,
o deixou ainda mais animado.
Sempre que partia
a navegar além dos mares,
encontrava tempo fechado,
com muito nevoeiro
encobrindo o seu veleiro.
Isso tudo não era motivo
para que o fizesse desistir,
de seguir sempre em frente
e novos horizontes descobrir.
Mesmo fragilizado,
naquele barquinho improvisado,
sentiu-se reconfortado
com a decisão que tomara.
As ondas do mar se erguiam
com tanta força,
que faziam a casquinha quase virar
e o coração ainda mais desesperado,
pensava no mar se lançar.
Depois de algum tempo
o mar pareceu se acalmar
e tudo voltou ao normal.
A casquinha no mar flutuou
e o coração serenou.
Depois da tempestade,
veio a calmaria
e o coração ainda receoso
percebeu que estivera á deriva
no mar revolto
e ainda envolto
em seus pensamentos,
na areia da praia
a casquinha atracou.
Desembarcou todo encharcado
e molhado até o pescoço.
Mas o sol que o aquecia
o deixou mais animado.
Sentiu a brisa do mar
a soprar encabulada.
Não se importou
em tirar as roupas molhadas
e seguir de novo
por uma nova estrada.
Só que agora,
muito mais reconfortado.
Com o coração cheio de esperança,
sem o peso das lembranças,
sentiu-se revigorado.
E percebeu...
Que a vida segue...

Débora Benvenuti

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cinzas das Horas


Cinzas das Horas



 Recolho pacientemente
 as cinzas das horas,
 que se acumulam friamente,
 nesse canto escuro
 e inconsciente da minha mente.
 Não há espaço
 onde eu possa esconder
 o meu pranto
 e a dor dessa espera
 se transformou tanto,
 que não sei mais
 se te amo como antes
 ou se são as cinzas das horas
 que se misturam ao meu desencanto.
 Fez-se noite,
 que cruel espera!!!
 Que faço agora,
 se já não vislumbro mais
 o raiar da aurora?
 Abro as janelas da minha alma
 e espalho ao vento,
 as cinzas dos meus sentimentos...


Débora Benvenuti

domingo, 11 de setembro de 2011

Quando o Amor Chegar



Quando o Amor chegar


De onde vens, Amor e para onde vais?
Por que passas sempre
com tanta pressa?
Não percebes a porta aberta?
Já cansei de esperar.
Não sei de que forma vens,
por isso não quero me enganar.
Será que tens a fala mansa
de um amigo
ou se és alguém mais atrevido
que fala de amor
ao meu ouvido
e eu finjo que não ouço
porque penso que esse amor
possa ser só mais um amigo?
Quando o Amor chegar,
quero estar certa
que esse Amor veio para ficar,
mesmo que seja esse amigo
que fala ao meu ouvido
coisas que eu deixei
de escutar...


Débora Benvenuti




sábado, 10 de setembro de 2011

A Ideia faz a Expressão



 A Ideia faz a Expressão


A ideia percorria livremente os caminhos 
que a Imaginação inventava.
As duas se encontraram
numa curva do caminho,
por onde a Imaginação se perdera,
na última vez que acatara um pensamento
que a Ideia tivera.
As duas eram inseparáveis,
mas muitas vezes discordavam,
por que a Expressão
às vezes aparecia e em tudo se metia.
E essa intromissão
nem sempre era acatada com convicção.
Talvez a Expressão
sofresse um pouco de divagação.
Expressava-se muitas vezes de forma incerta
e isso fazia a Imaginação
ter uma Ideia distorcida de cada situação.
A Expressão era muito altruísta,
mas muitas vezes
era mal interpretada.
Tropeçava nos pontos,
escorregava nas vírgulas
e muitas vezes não aceitava
a Ideia que a Imaginação criava.
Então,as três decidiram fazer uma reunião,
na qual decidiriam quem daria opinião.
A Ideia chegou à conclusão,
que deveriam anotar tudo o que
a Imaginação dissesse.
E cada qual foi se expressando,
Conforme falava o coração.
Fizeram anotações e finalmente
a Expressão se organizou:
Anotou tudo o que foi dito
e não mudou nenhuma vírgula.
Só tropeçou no Ponto Final,
que apareceu de repente
e fez a Expressão finalizar
essa pequena estória
que acabava de contar.



Débora Benvenuti


    

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Despedida


Despedida


Sem querer ouvi este diálogo
Entre o Ano Velho e o Ano Novo:
- Sinto-me já cansado
e não tenho mais esperanças,
disse o Ano Velho
ao Ano Novo que se aproximava, cauteloso.
- Não devias te sentir assim.
Tivestes um ano inteirinho
e deves ter muitas coisas para lembrar.
_ Um dia também serás como eu
e então irás lembrar o que me aconteceu.
No início, todos irão te saudar,
mas quando ficares velho,
de ti ninguém irá querer lembrar.
- Não acredito em profecias.
Vou fazer muitas acrobacias
para que ninguém de mim possa reclamar.
- Por mais que faças tudo o que desejas,
sempre haverá alguém
que contigo não irá concordar.
- Talvez não consiga contentar a todos,
mas provarei que posso tentar
e muitas coisas poderei realizar.
- Eu pensava bem assim,
quando vi tantas esperanças
sendo depositadas num barquinho a navegar.
- Não basta viver de esperança,
é preciso se esforçar,
para todos os sonhos realizar.
E o ano Velho se despediu tristonho,
sabendo que naquele momento,
nada mais poderia fazer,
a não ser desejar à todos
Que o ano Novo seja venturoso.


Débora Benvenuti

A Idéia e a Expressão II




A Ideia e a Expressão II


A Ideia surge de repente
e dá asas à Imaginação.
A Expressão que a tudo observa
faz anotação,
para que a Imaginação não se perca
na sua digressão.
Cada ideia representa
uma nova dimensão,
daquilo que se tem em mente
mas que precisa de Expressão.
É aí que surge o conflito
e gera novos atritos.
A Ideia busca uma nova solução
e a Imaginação entra em ação.
Observa atentamente
o que gera toda essa confusão.
Chama logo a Expressão
para que encontre
outra explicação.
E assim tudo recomeça:
A Ideia percorre o caminho inverso,
Refaz todos os versos
e percebe que tudo depende
Da forma de Expressão.


Débora Benvenuti