MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

domingo, 20 de novembro de 2011

O Sonho Abandonado




O Sonho Abandonado


Um sonho há muito tempo acalantado,
se sentiu abandonado,
depois de conviver muito
tempo em um  coração apaixonado.
Sabia que era hora de partir,
mesmo estando muito machucado.
Durante muito tempo,
foi cuidado pelo Coração onde habitara.
Era todo dia embalado,
e carinhosamente tratado,
para que continuasse a crescer forte,
e um dia deixasse de ser sonhado,
para  se tornar realidade.
Mas isso não aconteceu,
para desespero do Sonho,
que se viu de repente acordado,
e o que parecia ser um sonho,
nunca chegou a ser verdade.
O Sonho ainda tentou convencer o Coração
de que ainda podia ser sonhado.
Mas como convencer aquele Coração
que já fora tantas vezes enganado?
Como dizer a ele,
que era sonho sim,
mas que podia ser sonhado?
Depois de muito argumentar
e sem nada a acrescentar,
que pudesse fazer o Coração,
esse sonho continuar a sonhar,
o Sonho recolheu os pedacinhos
do que já fora sonhado,
guardou tudo em uma valise,
e sem se despedir do Coração,
saiu em busca de outro lugar
onde pudesse ser sonhado,
em toda a sua dimensão,
com muito mais convicção.

Débora Benvenuti 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vida que Segue



Vida que Segue


Um coração abandonado,
ainda muito perturbado,
embarcou numa casquinha de noz
e no mar foi lançado.
Não sabia que fora enganado
e assim, desamparado,
com o coração muito magoado,
decidiu que precisava
partir para outra viagem,
ao interior de si mesmo.
Navegou por muitos mares,
encontrou muitos adversários
e com eles, alguns falsários.
Mas isso tudo não o aniquilou,
pelo contrário,
o deixou ainda mais animado.
Sempre que partia
a navegar além dos mares,
encontrava tempo fechado,
com muito nevoeiro
encobrindo o seu veleiro.
Isso tudo não era motivo
para que o fizesse desistir,
de seguir sempre em frente
e novos horizontes descobrir.
Mesmo fragilizado,
naquele barquinho improvisado,
sentiu-se reconfortado
com a decisão que tomara.
As ondas do mar se erguiam
com tanta força,
que faziam a casquinha quase virar
e o coração ainda mais desesperado,
pensava no mar se lançar.
Depois de algum tempo
o mar pareceu se acalmar
e tudo voltou ao normal.
A casquinha no mar flutuou
e o coração serenou.
Depois da tempestade,
veio a calmaria
e o coração ainda receoso
percebeu que estivera á deriva
no mar revolto
e ainda envolto
em seus pensamentos,
na areia da praia
a casquinha atracou.
Desembarcou todo encharcado
e molhado até o pescoço.
Mas o sol que o aquecia
o deixou mais animado.
Sentiu a brisa do mar
a soprar encabulada.
Não se importou
em tirar as roupas molhadas
e seguir de novo
por uma nova estrada.
Só que agora,
muito mais reconfortado.
Com o coração cheio de esperança,
sem o peso das lembranças,
sentiu-se revigorado.
E percebeu...
Que a vida segue...

Débora Benvenuti

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cinzas das Horas


Cinzas das Horas



 Recolho pacientemente
 as cinzas das horas,
 que se acumulam friamente,
 nesse canto escuro
 e inconsciente da minha mente.
 Não há espaço
 onde eu possa esconder
 o meu pranto
 e a dor dessa espera
 se transformou tanto,
 que não sei mais
 se te amo como antes
 ou se são as cinzas das horas
 que se misturam ao meu desencanto.
 Fez-se noite,
 que cruel espera!!!
 Que faço agora,
 se já não vislumbro mais
 o raiar da aurora?
 Abro as janelas da minha alma
 e espalho ao vento,
 as cinzas dos meus sentimentos...


Débora Benvenuti

domingo, 11 de setembro de 2011

Quando o Amor Chegar



Quando o Amor chegar


De onde vens, Amor e para onde vais?
Por que passas sempre
com tanta pressa?
Não percebes a porta aberta?
Já cansei de esperar.
Não sei de que forma vens,
por isso não quero me enganar.
Será que tens a fala mansa
de um amigo
ou se és alguém mais atrevido
que fala de amor
ao meu ouvido
e eu finjo que não ouço
porque penso que esse amor
possa ser só mais um amigo?
Quando o Amor chegar,
quero estar certa
que esse Amor veio para ficar,
mesmo que seja esse amigo
que fala ao meu ouvido
coisas que eu deixei
de escutar...


Débora Benvenuti




sábado, 10 de setembro de 2011

A Ideia faz a Expressão



 A Ideia faz a Expressão


A ideia percorria livremente os caminhos 
que a Imaginação inventava.
As duas se encontraram
numa curva do caminho,
por onde a Imaginação se perdera,
na última vez que acatara um pensamento
que a Ideia tivera.
As duas eram inseparáveis,
mas muitas vezes discordavam,
por que a Expressão
às vezes aparecia e em tudo se metia.
E essa intromissão
nem sempre era acatada com convicção.
Talvez a Expressão
sofresse um pouco de divagação.
Expressava-se muitas vezes de forma incerta
e isso fazia a Imaginação
ter uma Ideia distorcida de cada situação.
A Expressão era muito altruísta,
mas muitas vezes
era mal interpretada.
Tropeçava nos pontos,
escorregava nas vírgulas
e muitas vezes não aceitava
a Ideia que a Imaginação criava.
Então,as três decidiram fazer uma reunião,
na qual decidiriam quem daria opinião.
A Ideia chegou à conclusão,
que deveriam anotar tudo o que
a Imaginação dissesse.
E cada qual foi se expressando,
Conforme falava o coração.
Fizeram anotações e finalmente
a Expressão se organizou:
Anotou tudo o que foi dito
e não mudou nenhuma vírgula.
Só tropeçou no Ponto Final,
que apareceu de repente
e fez a Expressão finalizar
essa pequena estória
que acabava de contar.



Débora Benvenuti