MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Morada do Amor







Um Coração muito magoado,
 depois de muito procurar,
sem ter encontrado
outro coração para amar,
resolveu sair a procura
desse amor tão desejado.
Chegando às margens de um lago,
encontrou um barco abandonado
e resolvido a ver o que havia
nas outras margens.
Tomou o barco emprestado
e começou a travessia,
para o outro lado do lago.
Durante a travessia,
foi ouvindo muitos relatos do Vento,
que soprava suaves melodias ao seu ouvido.
Falava de canções tão esquecidas,
que o Coração ouvia cada vez
mais enternecido.
Eram canções tão suaves,
que falavam de Amor,
esse quase desconhecido do pobre Coração,
já enfraquecido,
que a cada palavra sussurrada pelo  vento,
ia ficando cada vez mais apaixonado,
 e desejando cada vez mais que o Vento
 contasse logo onde era a morada
 desse sentimento,
que fazia os corações baterem descompassados,
 a cada sonho alimentado.
O Vento, então,
percebendo a ansiedade do coração,
terminou a travessia,
deixando o passageiro
do outro lado do lago.
O coração desembarcou
e nada ali encontrou.
Ficou muito tempo escutando
o murmúrio do vento,
que dizia a todo o momento:
- Eu existo...eu existo...eu existo...
Eu existo dentro de você!!!
O Coração compreendeu
onde era a morada do Amor
e se comprometeu
a deixar sempre a porta aberta,
para receber o Amor
  de um outro coração
que fizesse a travessia inversa...


Débora Benvenuti

sábado, 30 de março de 2013

O Amor e a Paixão






Um dia por acaso,
ouvi esse diálogo
entre o Amor e a Paixão:
- Eu sou o Amor
e por onde eu passo,
vou deixando um rastro
de perfume de flor.
E você...quem é você?
- Eu sou a Paixão
e por um onde eu passo,
vou deixando um rastro
de amargura e de dor
e já te encontrei muitas vezes
entre flores e dores.
 - E que trazes contigo?
Pergunta a Paixão
ao amigo chamado Amor.
- Eu venho de muito longe
e existo desde o princípio
de todas as eras
e assim espero
continuar espalhando
Ternura, Afeto  e  Amor.
- E que trazes você,
em tua bagagem, amiga Paixão?
- Eu trago comigo muitas estórias
quando parto um coração.
Eu fico por perto,
a espera do momento certo,
de me instalar novamente
em mais um coração.
- Pois eu acredito,
que por ser o Amor habite mais tempo,
ilumine os caminhos
de quem confundiu
Amor com Paixão.
Eu faço a incerteza
viver com tristeza
em cada coração.
Isso me faz viver por mais tempo
e não ter que partir,
permaneça unindo
ainda mais os corações.
E os dois continuaram
caminhando lado a lado,
cada qual acreditando
viver mais tempo
no coração solitário
de quem vive buscando o Amor...


Débora Benvenuti

sexta-feira, 1 de março de 2013

A Paixão




A Paixão embriagada
caminhava desmotivada.
Sentia-se enganada
e no Amor não mais confiava.
Cada vez que se declarava
o Amor fingia que não entendia
e a Paixão se consumia.
Ardia em chamas
e nada conseguia.
Fazia versos,
dizia o que sentia
e nada disso adiantava.
A Paixão então ficava a cada dia
mais determinada.
Precisava conquistar o Amor
e estava desesperada.
Seus argumentos eram cheios
de sentimentos.
A Paixão era uma chama ardente,
que se consumia lentamente.
Queimava como brasa
ao mais leve sopro da brisa.
E quanto mais a brisa soprava
mais a chama se propagava.
A Paixão se consumia
de tanto amor que sentia.
Até que um dia,
O Amor se contagiou
com o calor que essa Paixão
por ele sentia.
Era uma noite fria
e o Amor precisava de calor,
para aquecer o seu coração que sofria.
A Paixão então se aproximou do Amor
e o envolveu  docemente.
Falou da sua paixão
e do quanto precisava desse amor
para preencher seus dias.
Amor e Paixão,
a partir desse dia,
viveram tão unidos,
que se tornou impossível
descobrir qual dos dois
habitavam um mesmo coração.


Débora Benvenuti

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Eternidade, O Amor e a Saudade






A Saudade e o Amor
diante da Eternidade
foram se encontrar,
para tentar explicar
o que andavam fazendo,
e cada qual ao seu modo
foram se expressando:
- A Saudade disse que havia deixado
muitos corações despedaçados,
enquanto o Amor tentava compor
os caquinhos estilhaçados,
que a Saudade ia deixando pelo caminho.
Quanto mais longe de um coração
se encontrava,
mais a Saudade ia deixando a sua mágoa
e o coração mais apertado ficava,
cada vez que a Saudade passava.
De tanto consolar um coração,
o Amor acabou também ficando apaixonado,
pelo mesmo coração,
que a Saudade havia deixado.
A Saudade, sabendo então
que o coração estava de novo apaixonado,
resolveu voltar e questionar o seu lugar.
O Amor, sabedor de todos os males
que a Saudade havia deixado
nesse coração tão amargurado,
jurou, diante da Eternidade,
que jamais havia deixado
alguém tão só e desesperado.
A Eternidade,
conhecedora de toda a enfermidade
que a Saudade causava,
disse que o Amor era superior
a toda essa crueldade,
causado pela Saudade,
e resolveu que a partir desse momento,
cada vez que um coração se julgasse
aprisionado pela Saudade,
teria o direito de escolher o Amor
que mais afeto despertasse
e deixar a Saudade seguir
a mesma estrada que havia trilhado,
quando abandonou o coração,
já tão gasto e humilhado.
Daquele dia em diante,
o Amor e a Saudade nunca mais
foram vistos habitando um mesmo coração.
Quando a Saudade passava,
o Amor se fingia de cego,
para não ver a Saudade,
diante da Eternidade,
fazer juras de Amor
e enganar o Coração,
que mesmo apaixonado
ainda pensava na Saudade...


Débora Benvenuti

A Confiança e a Suspeita







A Confiança era um ser muito delicado. Aparecia de repente e ia se instalando aos poucos nos lugares mais inesperados.Usava toda a sua inteligência (era dotada de inúmeras facetas) quando queria persuadir alguém a acreditar nela. E para isso não media esforços. Era muito perspicaz e logo percebia os detalhes que a ninguém mais parecia importar. Isso fazia com que estivesse sempre alerta a tudo o que acontecia e aproveitava todas as oportunidades para se infiltrar no mais íntimo dos sentimentos. Depois de estabelecida, baixava e guarda e isto fazia com que se tornasse vulnerável. Aparecia então a Suspeita, que estava sempre a espreita, para fazer com que a Confiança perdesse aquele seu ar arrogante de quem tudo quer e tudo sabe. Era nesse momento que a Suspeita aproveitava para analisar as fraquezas da Confiança. Sem que a Confiança se desse conta, a Suspeita ia analisando cada palavra proferida por ela e ia tentando encaixar as peças que ela,distraidamente, ia deixando pelo caminho. Cada vez que conseguia juntar uma peça, o jogo se tornava mais interessante e a Suspeita ficava mais intrigada com a confiança que a Confiança tinha nela própria. Não era capaz de perceber que estava sob suspeita e assim, cada vez mais, baixava a guarda e sem perceber, acreditando que todos acreditavam nela, ia cedendo terreno para que a Suspeita se infiltrasse e conseguisse juntar as peças do quebra-cabeça, até que a verdadeira face da Confiança aparecesse. Quando a Confiança percebia que ninguém mais acreditava nela, ficava desesperada e desmentia tudo o que a Suspeita falava dela e tentava de todas as maneiras, recuperar o que não podia mais ser recuperado: A Confiança!


Débora Benvenuti

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Dúvida e a Curiosidade




A Dúvida e a Curiosidade



A Dúvida caminhava pela estrada

e trazia consigo um pesado fardo.

De vez em quando pensava em desistir,

mas corria o risco de não mais prosseguir

e abandonar para sempre,

o que estava a carregar.

Pensava às vezes se desfazer

um pouco do fardo que carregava,

mas não se atrevia sequer a abrir o saco,

que já cansada,

pela estrada arrastava.

Por onde passava,

encontrava sempre a Curiosidade,

que a espreitava,

em cada curva da estrada.

E quanto mais andava,

mais a Dúvida se martirizava.

Queria ter uma certeza,

uma apenas e já se daria por satisfeita.

Mas por outro lado, tinha medo,

de espiar dentro do saco,

que pesava a cada passo que dava.

E ela assim continuava,

confiando na certeza,

de que haveria um momento

em que não teria mais dúvidas.

 Quando a Curiosidade novamente a encontrasse,

se desfaria do  fardo,

que não mais conseguia carregar.

E assim, depois de muito pensar

e com os pezinhos doloridos de tanto andar,

encontrou a Curiosidade a lhe esperar.

Não teve mais argumentos,

para a Curiosidade enganar.

 Colocou o pesado fardo no chão,

devagar, sem nada falar.

A Curiosidade saltitava

e mal conseguia se conter,

querendo saber

o que a Dúvida tinha a esconder.

Então, lentamente,

a Dúvida se desfez do fardo.

De dentro dele,

como por encanto,

surgiu a  Esperança,

que deixou a Dúvida muda de espanto,

por que não sabia que o fardo

que pesava tanto,

se tornara tão leve,

depois que deixara a Curiosidade

espiar por um momento e

pôr fim ao seu tormento...



Débora Benvenuti

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Sentimento e a Emoção





O Sentimento divagava enquanto
procurava uma explicação,
que fosse muito convincente,
para falar a um Coração.
Precisava fazer uma declaração
e não sabia como exprimir
essa sensação.
A Emoção o transformava
e isso o deixava sem muita ação.
Não podia expressar mais
do que pensava,
isto o faria criar outras expectativas
e essa não era a sua intenção.
Muitas vezes a Emoção o dominava
e ele não conseguia
demonstrar sua afeição.
Então esperaria a ocasião oportuna
para falar ao Coração.
Diria com sinceridade,
palavras carinhosas,
para não ferir a sensibilidade
nem causar comoção.
Com muita emoção,
com os sentimentos latentes
martelando a sua mente,
confessou que era somente
amizade o que sentia.
Não era amor nem outro sentimento,
isso ficava evidente.
O Sentimento,sorridente,
enfim ficou contente:
Demonstrou seus sentimentos,
com Emoção,sem constrangimentos.


Débora Benvenuti