MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sábado, 30 de março de 2013

O Amor e a Paixão






Um dia por acaso,
ouvi esse diálogo
entre o Amor e a Paixão:
- Eu sou o Amor
e por onde eu passo,
vou deixando um rastro
de perfume de flor.
E você...quem é você?
- Eu sou a Paixão
e por um onde eu passo,
vou deixando um rastro
de amargura e de dor
e já te encontrei muitas vezes
entre flores e dores.
 - E que trazes contigo?
Pergunta a Paixão
ao amigo chamado Amor.
- Eu venho de muito longe
e existo desde o princípio
de todas as eras
e assim espero
continuar espalhando
Ternura, Afeto  e  Amor.
- E que trazes você,
em tua bagagem, amiga Paixão?
- Eu trago comigo muitas estórias
quando parto um coração.
Eu fico por perto,
a espera do momento certo,
de me instalar novamente
em mais um coração.
- Pois eu acredito,
que por ser o Amor habite mais tempo,
ilumine os caminhos
de quem confundiu
Amor com Paixão.
Eu faço a incerteza
viver com tristeza
em cada coração.
Isso me faz viver por mais tempo
e não ter que partir,
permaneça unindo
ainda mais os corações.
E os dois continuaram
caminhando lado a lado,
cada qual acreditando
viver mais tempo
no coração solitário
de quem vive buscando o Amor...


Débora Benvenuti

sexta-feira, 1 de março de 2013

A Paixão




A Paixão embriagada
caminhava desmotivada.
Sentia-se enganada
e no Amor não mais confiava.
Cada vez que se declarava
o Amor fingia que não entendia
e a Paixão se consumia.
Ardia em chamas
e nada conseguia.
Fazia versos,
dizia o que sentia
e nada disso adiantava.
A Paixão então ficava a cada dia
mais determinada.
Precisava conquistar o Amor
e estava desesperada.
Seus argumentos eram cheios
de sentimentos.
A Paixão era uma chama ardente,
que se consumia lentamente.
Queimava como brasa
ao mais leve sopro da brisa.
E quanto mais a brisa soprava
mais a chama se propagava.
A Paixão se consumia
de tanto amor que sentia.
Até que um dia,
O Amor se contagiou
com o calor que essa Paixão
por ele sentia.
Era uma noite fria
e o Amor precisava de calor,
para aquecer o seu coração que sofria.
A Paixão então se aproximou do Amor
e o envolveu  docemente.
Falou da sua paixão
e do quanto precisava desse amor
para preencher seus dias.
Amor e Paixão,
a partir desse dia,
viveram tão unidos,
que se tornou impossível
descobrir qual dos dois
habitavam um mesmo coração.


Débora Benvenuti

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Eternidade, O Amor e a Saudade






A Saudade e o Amor
diante da Eternidade
foram se encontrar,
para tentar explicar
o que andavam fazendo,
e cada qual ao seu modo
foram se expressando:
- A Saudade disse que havia deixado
muitos corações despedaçados,
enquanto o Amor tentava compor
os caquinhos estilhaçados,
que a Saudade ia deixando pelo caminho.
Quanto mais longe de um coração
se encontrava,
mais a Saudade ia deixando a sua mágoa
e o coração mais apertado ficava,
cada vez que a Saudade passava.
De tanto consolar um coração,
o Amor acabou também ficando apaixonado,
pelo mesmo coração,
que a Saudade havia deixado.
A Saudade, sabendo então
que o coração estava de novo apaixonado,
resolveu voltar e questionar o seu lugar.
O Amor, sabedor de todos os males
que a Saudade havia deixado
nesse coração tão amargurado,
jurou, diante da Eternidade,
que jamais havia deixado
alguém tão só e desesperado.
A Eternidade,
conhecedora de toda a enfermidade
que a Saudade causava,
disse que o Amor era superior
a toda essa crueldade,
causado pela Saudade,
e resolveu que a partir desse momento,
cada vez que um coração se julgasse
aprisionado pela Saudade,
teria o direito de escolher o Amor
que mais afeto despertasse
e deixar a Saudade seguir
a mesma estrada que havia trilhado,
quando abandonou o coração,
já tão gasto e humilhado.
Daquele dia em diante,
o Amor e a Saudade nunca mais
foram vistos habitando um mesmo coração.
Quando a Saudade passava,
o Amor se fingia de cego,
para não ver a Saudade,
diante da Eternidade,
fazer juras de Amor
e enganar o Coração,
que mesmo apaixonado
ainda pensava na Saudade...


Débora Benvenuti

A Confiança e a Suspeita







A Confiança era um ser muito delicado. Aparecia de repente e ia se instalando aos poucos nos lugares mais inesperados.Usava toda a sua inteligência (era dotada de inúmeras facetas) quando queria persuadir alguém a acreditar nela. E para isso não media esforços. Era muito perspicaz e logo percebia os detalhes que a ninguém mais parecia importar. Isso fazia com que estivesse sempre alerta a tudo o que acontecia e aproveitava todas as oportunidades para se infiltrar no mais íntimo dos sentimentos. Depois de estabelecida, baixava e guarda e isto fazia com que se tornasse vulnerável. Aparecia então a Suspeita, que estava sempre a espreita, para fazer com que a Confiança perdesse aquele seu ar arrogante de quem tudo quer e tudo sabe. Era nesse momento que a Suspeita aproveitava para analisar as fraquezas da Confiança. Sem que a Confiança se desse conta, a Suspeita ia analisando cada palavra proferida por ela e ia tentando encaixar as peças que ela,distraidamente, ia deixando pelo caminho. Cada vez que conseguia juntar uma peça, o jogo se tornava mais interessante e a Suspeita ficava mais intrigada com a confiança que a Confiança tinha nela própria. Não era capaz de perceber que estava sob suspeita e assim, cada vez mais, baixava a guarda e sem perceber, acreditando que todos acreditavam nela, ia cedendo terreno para que a Suspeita se infiltrasse e conseguisse juntar as peças do quebra-cabeça, até que a verdadeira face da Confiança aparecesse. Quando a Confiança percebia que ninguém mais acreditava nela, ficava desesperada e desmentia tudo o que a Suspeita falava dela e tentava de todas as maneiras, recuperar o que não podia mais ser recuperado: A Confiança!


Débora Benvenuti

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Dúvida e a Curiosidade




A Dúvida e a Curiosidade



A Dúvida caminhava pela estrada

e trazia consigo um pesado fardo.

De vez em quando pensava em desistir,

mas corria o risco de não mais prosseguir

e abandonar para sempre,

o que estava a carregar.

Pensava às vezes se desfazer

um pouco do fardo que carregava,

mas não se atrevia sequer a abrir o saco,

que já cansada,

pela estrada arrastava.

Por onde passava,

encontrava sempre a Curiosidade,

que a espreitava,

em cada curva da estrada.

E quanto mais andava,

mais a Dúvida se martirizava.

Queria ter uma certeza,

uma apenas e já se daria por satisfeita.

Mas por outro lado, tinha medo,

de espiar dentro do saco,

que pesava a cada passo que dava.

E ela assim continuava,

confiando na certeza,

de que haveria um momento

em que não teria mais dúvidas.

 Quando a Curiosidade novamente a encontrasse,

se desfaria do  fardo,

que não mais conseguia carregar.

E assim, depois de muito pensar

e com os pezinhos doloridos de tanto andar,

encontrou a Curiosidade a lhe esperar.

Não teve mais argumentos,

para a Curiosidade enganar.

 Colocou o pesado fardo no chão,

devagar, sem nada falar.

A Curiosidade saltitava

e mal conseguia se conter,

querendo saber

o que a Dúvida tinha a esconder.

Então, lentamente,

a Dúvida se desfez do fardo.

De dentro dele,

como por encanto,

surgiu a  Esperança,

que deixou a Dúvida muda de espanto,

por que não sabia que o fardo

que pesava tanto,

se tornara tão leve,

depois que deixara a Curiosidade

espiar por um momento e

pôr fim ao seu tormento...



Débora Benvenuti

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Sentimento e a Emoção





O Sentimento divagava enquanto
procurava uma explicação,
que fosse muito convincente,
para falar a um Coração.
Precisava fazer uma declaração
e não sabia como exprimir
essa sensação.
A Emoção o transformava
e isso o deixava sem muita ação.
Não podia expressar mais
do que pensava,
isto o faria criar outras expectativas
e essa não era a sua intenção.
Muitas vezes a Emoção o dominava
e ele não conseguia
demonstrar sua afeição.
Então esperaria a ocasião oportuna
para falar ao Coração.
Diria com sinceridade,
palavras carinhosas,
para não ferir a sensibilidade
nem causar comoção.
Com muita emoção,
com os sentimentos latentes
martelando a sua mente,
confessou que era somente
amizade o que sentia.
Não era amor nem outro sentimento,
isso ficava evidente.
O Sentimento,sorridente,
enfim ficou contente:
Demonstrou seus sentimentos,
com Emoção,sem constrangimentos.


Débora Benvenuti

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ao som de um Violino




Ao som de um Violino


A Imaginação rodopiava alegremente
ao som de um violino,
que chorava melodias de amor,
ao cair da noite.
A atmosfera romântica
traduzia os sentimentos,
que esvoaçavam pelo ar
feito folhas levadas pelo vento.
E ela sentia-se inebriante
com a felicidade que a envolvia
como um manto
e deixava-se acalentar docemente,
ouvindo aquele som
que a elevava transbordante.
E o pensamento esvoaçante
a conduzia por terras distantes,
onde o amor fizera o seu ninho
e a conduzia, hesitante.
Tinha medo de acordar
e naquele instante
não mais lembrar
desse momento de euforia,
que amava tanto.
O som se extinguia lentamente...
Chorava a melodia
que não queria se desfazer da noite,
que se prolongava...fria.

Débora Benvenuti

domingo, 10 de junho de 2012

O Beijo




O Beijo



O Beijo acordou curioso.
Há muito tempo queria descobrir
como seria o Beijo
em outros países.
Queria conhecer todas as línguas,
mas era pouco estudado.
Então percebeu
que para beijar em Português,
precisaria conhecer um Fado.
Em Francês,
precisaria ser mais versado.
Mon baiser, diria ele
com a língua toda enrolada...
E para beijar um Inglês
teria que falar assobiado.
Kiss, kiss, kiss.
Diria ele todo atrapalhado.
E quanto mais indignado
ficasse com essas palavras
mais interessado ele ficava
em beijar em outras línguas.
E se fosse em Holandês,
aí ficaria complicado.
Kus,kus,kus,
Diria ele meio envergonhado.
O Alemão,
era ainda mais complicado.
Küssen, teria que falar,
mas se sentiria desbocado.
Por que será que um beijo,
teria que ser ter
uma grafia com tanto significado?
Em Galês,
Beijar seria assim:
Cusan, diria o beijo
ainda um tanto desconfiado.
Ficou então muito preocupado
e resolveu que dar um beijo
era coisa para ser pensado...

Débora Benvenuti

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Imaginação e o Trabalho


 Imaginação e o Trabalho




A Imaginação estava inquieta.
Seu trabalho era imaginar
e desse trabalho não podia se esquivar.
Se não trabalhasse
nada mais teria o que contar.
Ficou olhando as letrinhas do teclado
e nem uma só palavra conseguia formar.
Pensou em tudo que já imaginara,
mas nada a fazia se concentrar.
Quando o trabalho dava trabalho
ficava difícil trabalhar,
muito menos imaginar,
pensou a Imaginação,
pondo-se a meditar.
Não conseguia entender
porque no Dia do Trabalho
ninguém queria trabalhar.
Quem inventou o Trabalho,
será que sabia quanto Trabalho
o trabalho dava?
Talvez não soubesse,
pensou a Imaginação.
Depois que o Trabalho foi inventado,
ninguém viveu descansado.
Quem fica sem Trabalho
fica muito preocupado.
Correr atrás do Trabalho
dá muito mais trabalho
do que o Trabalho
que o trabalho dá.


Débora Benvenuti