MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Tempo, a Memória e o Vento






  
Uma leve brisa faz balançar a Memória, que inerte, parece não ter mais vida. O Vento estava sempre a soprar, num esforço inútil de fazer  a Memória recuperar o Tempo perdido. Mas o Tempo  estava sempre muito apressado e cada vez passava mais depressa. A Memória abria a janela de seu pensamento, na esperança de que o Tempo percebesse que ali ainda havia uma luz que não se apagara, apenas tremeluzia fraca e cansada. Muitas vezes o coração da Memória se emocionava com alguma lembrança que o Tempo deixava cair, ao passar distraído pela estrada da vida. Nada mais do que isso. Quanto mais pensava no Tempo, mais a Memória se tornava fraca e cansada. Se pelo menos o Tempo fosse conhecedor de todas as lembranças que habitavam a Memória e que estavam submersas no mais profundo do seu ser, talvez se compadecesse dela e soprasse em seus ouvidos, as canções já esquecidas, que apenas faziam eco em seu pensamento, mas não se faziam ouvir. Com estes tristes pensamentos, a Memória adormeceu e sonhou todos os sonhos que esquecera de sonhar e que o Tempo, na sua pressa, a impedira de realizar.


Débora Benvenuti

sábado, 14 de dezembro de 2013

A consciência, o Pensamento e a Imaginação





Já havia um bom tempo que a Consciência se dera conta de que havia se formado um vazio no seu pensamento e por mais que buscasse a ajuda da Imaginação, nada mais acontecia. Já se fora o tempo em que a Imaginação voava livre, mesmo sem a ajuda do Pensamento. Algo acontecia com a Imaginação e não havia nada que mudasse essa situação. O Pensamento vagava horas a fio pelo infinito da Imaginação e quanto mais vagava, mais perdido ficava. Havia uma lacuna que precisava ser preenchida e quanto mais pensava nisso, mais a Consciência se certificava de que precisava encontrar uma saída. Eram várias portas que haviam se fechado, impedindo a saída da Imaginação. Nunca houvera uma situação que se prolongasse por tanto tempo. Era o caos virado do avesso. As palavras sempre foram muito inteligentes, mas agora elas não sabiam mais como se organizar. Sem a ajuda do Pensamento, elas se misturavam umas às outras e não conseguiam se expressar. E por assim ser,nada mais poderia ser feito a não ser esperar que de repente,tudo voltasse a ser como era antes. A Imaginação precisava descobrir onde havia perdido as suas asas e quando as encontrasse, voltaria novamente a voar... 

Débora Benvenuti

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Caminhantes


Há um caminho estreito
por onde passam tantos caminhantes.
Alguns desistem e se jogam a um canto,
cansados, oprimidos, ofegantes.
Os fardos que carregam pesam tanto,
que a caminhada se torna desgastante.
Muitos continuam a caminhada
rumo a um novo amanhecer,
mesmo não sabendo
 o que lhes possa acontecer.
O que importa é não desistir,
mesmo que muitos possam insistir
e dizer que é hora de retroceder,
que a caminhada é longa
e que você não vai conseguir.
Se sentires que os teus pés
estão dormentes
e que já não consegues seguir adiante,
não desanimes, seja confiante.
Descanse por um momento,
mas não ouças o que te dizem neste instante,
pois quem já desistiu,
há muito esqueceu o valor de ser constante.
Há uma luz no final do túnel
e o caminho é longo e tortuoso,
mas se continuares com alento,
por certo encontrarás essa luz,
a luzir intermitente...




Débora Benvenuti

sábado, 13 de julho de 2013

A Depressão e a Esperança



A Depressão era um ser incompreendido.
Vivia num canto escuro
e raras vezes via o clarear do dia.
Sentia-se só e deprimida
e muitas vezes era invadida
 por pensamentos negativos
e por mais que quisesse,
não conseguia se levantar
do lugar onde ficava o dia todo
a se lamentar.
Queria muito dessa inércia se libertar,
mas não sabia o que fazer
e nem a quem recorrer.
Os amigos tentavam em vão
dizer palavras de incentivo
e quanto mais se esforçavam
mais a Depressão se amargurava.
Um dia, já cansada e desmotivada
saiu pela estrada,
arrastando o seu pesado fardo.
Quanto mais caminhava,
mais desalentada ficava.
Aproximou-se de um riacho
de águas cristalinas
e viu seu reflexo na água refletido.
Observou com mais cuidado
e pensou ter escutado
uma voz que vinha do
fundo do  riacho.
Era uma voz melodiosa
que encantou aos seus ouvidos.
Falava de Esperança
e de um amor não correspondido.
Mesmo assim, acreditava
que a Vida era maravilhosa.
Não havia nada no mundo
que pudesse ser melhor
do que ver o dia amanhecer.
Acreditar nos sonhos
e não deixar a Esperança
adormecer.




Débora Benvenuti

terça-feira, 25 de junho de 2013

Acendendo a Chama



Por onde o Acendedor passou,
foi deixando um rastro de amor,
acendendo a chama
que há muito se apagou,
nos corações de quem nunca amou.

Lá vem o Acendedor,
com seu candeeiro,
iluminando a noite
em busca do amor.

Tudo começou,
numa noite escura e fria.

O Acendedor
precisava de um cobertor,
para aquecer o seu coração,
que já não demonstrava
nenhuma reação.
Sentia uma estranha sensação
de abandono e desilusão.
Nada do que pensasse
melhorava essa triste condição.
Então decidiu sair em busca
de um novo amor.
Escrevera muitos versos
e  os espalhara pelo universo.
Agora precisava que alguém respondesse
se já tinha o
“ Acendedor de Corações”,
Um apanhado de emoções
que escrevera com tanto amor.
Ali estavam contidos,
muitos versos desse autor.
Sonhos descritos de forma singela,
como todos os versos de amor.
Sonhos, sempre  tivera,
mas nunca os descrevera
com tanto ardor,
coisas que só um sonhador
é capaz de expor.
O Acendedor já aqueceu
muitos corações,
E o seu... já aqueceu?





Débora Benvenuti

Você já tem o Acendedor?


Encontre-o Aqui:

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Viagem





Um coração receoso
de esquecer todos os amores,
que já haviam passado pelo seu caminho,
resolveu fazer uma viagem ao passado,
para ver se ainda encontrava
os corações que havia amado.
Não muito distante,
encontrou um coração vibrante
e percebeu naquele instante,
que a chama que ali ardera,
se apagara e só cinzas restara.
Mais adiante, perdido no horizonte,
encontrou um coração amante,
e lembrou como era ardente
a paixão que os envolvera
e que no tempo se perdera.
Tantas paixões na sua vida conhecera,
porém em nenhum daqueles corações
havia uma luz acesa,
que indicasse que ainda
alguma coisa de bom ali restara.
Por muitas estações o coração passou,
encontrando em cada uma,
uma lembrança do passado
que um dia vivenciou,
e tudo o que restou,
foram as cinzas esquecidas
das paixões adormecidas,
que o coração pelo universo espalhou...




Débora Benvenuti

Minha Primeira Antologia Poética


Já saiu a Primeira Antologia Poética da minha Editora em Portugal.
São vários autores.
Os amigos que quiserem adquirir,podem fazê-lo através do link do site que estou postando aqui. Para meus amigos(as) portugueses, fica mais fácil. Eu vou mandar buscar os exemplares por cartão de crédito. É seguro e fácil. Só demora uns quinze dias,dependendo da alfândega. Valor 15.00€ IVA ( Quinze Euros)

ÍNDICE - Estes são os Autores
Abdul Cadre :
Asa Negra. . . 5
Albertina Fernandes :
Luz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Alessandro Moura :
As flores.... . . 7
Alexandre Homem Dual:
De Branco Pintadas as Paredes São. . . . . . . . . . . . . 8
Amanda Amanari :
O cacto e as flores. . . 13
André Ribeiro :
Cidades escuras, ou eu sem ti (nelchael). . . 14
António José Serra Duarte :
Hora-a-Hora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
António Vicente Aposiopese :
Vão Velorosas Valérias. . . 18
Carla Monteiro :
Aos poetas. . 19
Carlos Cebolo :
Agulheiro dos Mares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
César Salgueiro :
Ideias. . . 23
Clarice Lis Marcon :
a água lavou. . . 25
Débora Benvenuti :
O Acendedor de Corações. . 27
Deusdeth Maciel :
Flor de Outono. . . 29
Elsa Nunes :
Mistérios da alma. . . 32
Emanuel de Abreu :
Ironias do Amor. . 34
Estgma :
Dupla existência. . 35
Fábio R. Villela :
Metade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Fabíola Gimenes :
Deixarei... (Fase: Silêncio) . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Francilangela Clarindo :
O Mar à Janela. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Guilherme Duarte :
Tributo à amizade. . . 43
Jorge Almeida :
Última estação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46
Jorge M. C. Antunes :
Solstício de Verão. . . 47
Leandro Yossef :
Mil vezes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Leonardo Peracini :
Eis o Homem. . . 50
Letícia Borges :
Borboleteando. . 52
Lie Caseiro :
Aquilo que não sei o nome. . . . . . . . . . . . . . . . .53
Liliana dos Santos Teixeira :
Aeroporto de Sombras. . 55
Lopes :
Viajar do tempo. . 56
Lourdes Ramos :
Mel Português. . 58
Madalena A. C. Rocha :
Pensamento do Dia. . . 59
Manuel Machado :
O Retrato. . . 60
Maria Inês :
Aguarela do Silêncio. . 61
Maria Teresa Sá Carvalho :
Mar de Desejos. . . 62
Mariangela Barreto :
Alma bipolar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63
Maurício Duarte :
Você. . 64
Mirandulina Rego :
Retalhos de Escrita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66
Mosath :
Belial em San Francisco - Poema I. . 69
Nani :
Palavras . 78
Priscila Coelho Silva :
Aracaju-se. . . 80
Renato Laia :
Aqui Jaz Uma Vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81
Rhodys Sigrist :
Dança das Quimeras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83
Ricardo Pacheco :
Renascido das Cinzas. . . 84
RitaPea :
Ser cantante. . . 86
Roberto Armorizzi :
Cada Inteiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Serpente Angel :
E era tão grande.... . . 87
Tuna :
Desespero. . . 89
Valdemi Cavalcanti :
Qual foi o meu crime, senhor?. . . . . . . . . . . . . . .90
Venerável Hermyon :
União. . . 93
William Vicente Borges :
Acréscimos e decréscimos. . . 94
Y.K. :
Discurso da Natureza (Youkai). . . . . . . . . . . . . . .96

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Saudade e o Amor II






             A Saudade andava se sentindo muito só. Por onde passava, ia deixando pegadas tão profundas, quanto o peso que carregava em sua alma. Cansada do fardo que  carregava, sentou-se à sombra  de uma árvore, espreguiçou-se como pôde, aspirou o suave perfume das flores naquele belo dia  de primavera, deitou-se na relva macia e sentiu-se adormecer  profundamente. O Amor ia passando por ali e naquele momento e  encontrou a Saudade, num sono tão inocente, que sentou-se ao seu lado e ficou a observá-la. Sentiu-a tão triste ali sozinha, naquele sono tão displicente, que sentiu um enorme carinho pela Saudade. Tocou-lhe a face com suavidade e  sussurrou-lhe ao seu ouvido palavras tão ternas, como nunca antes a Saudade havia ouvido. Ela então sentiu a presença do Amor ao seu lado, abriu os olhos de mansinho e percebeu como era lindo o Amor, quanta delicadeza havia naquele olhar e que ternura  emanava do seu coração. Uma lágrima escorreu pela face da Saudade e o Amor então se aproximou e tocou  suavemente com os lábios aquela lágrima que a Saudade deixara escorrer.Foi um momento sublime, de rara beleza. O Amor então estendeu a mão, para que a Saudade pudesse se levantar. Abraçou-a docemente, recolheu o fardo que a Saudade carregava e os dois partiram abraçados pela estrada, sentindo que estariam sempre juntos, por onde quer que andassem, por toda a Eternidade...


Débora Benvenuti

domingo, 19 de maio de 2013

O Vazio e a Curiosidade




Havia certos momentos em que o Vazio se apoderava de todos os sentimentos e ia se alastrando em todas as direções, sufocando a quem ele encontrasse pelo caminho.Não deixava nenhum espaço sem ser ocupado. Esmagava as emoções de forma tão perversa, que nada por perto parecia ter vida. A Esperança,nesses momentos, sentia-se impotente, perante o vazio avassalador que teimava em obstruir todas as  frestas do seu coração. Era em momentos assim, que a Curiosidade não se contia. Analisava todos os ângulos daquele vazio imenso, procurando  descobrir uma forma de se infiltrar e fazer a Esperança acordar daquele sono hipnótico, no qual caíra em profundo esquecimento. Nenhum som se ouvia, apenas o tic-tac do relógio marcando o tempo, que insistia em passar, movendo os ponteiros de forma ritmada, como se fosse um robô, à mercê do próprio tempo. E o Tempo, que sempre estava a passar, nada percebia ou se percebia, nunca tinha tempo nem para ele mesmo, quanto mais para perceber o quanto o Vazio preenchia o tempo. E assim, dessa forma desordenada, a Curiosidade se mantinha em sua forma mais sutil, buscando uma forma de regatar as emoções e fazê-las preencher o Vazio, para que se tornasse novamente habitável.


Débora Benvenuti

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Coração e a Esperança







O Coração acordou assustado.
Estava muito cansado
e tivera um sono agitado.
Passara a noite num lugar encantado,
onde haviam gnomos e fadas.
Lembrava apenas de algumas cenas,
que se delineavam em sua mente,
como um filme que assistia sempre.
E cada vez que isso acontecia,
ele sentia que precisava assisti-lo novamente.
Eram raros esses momentos,
Mas ele queria voltar a dormir
e sonhar o mesmo sonho,
mesmo que esse sonho fosse um tormento.
Queria continuar sonhando,
e pediu a sua amiga Esperança,
que o fizesse dormir,
e enquanto ele dormisse,
o transportasse ao mesmo lugar
onde sabia que iria encontrar outro Coração,
que o estava a esperar.
Ele sabia que só lhe restava sonhar,
mas enquanto fosse sonho,
poderia realizar.
Queria muito um Amor encontrar,
e a Esperança se pôs a imaginar como faria
para esse sonho realizar.
Enquanto o Coração dormia,
bateu de porta em porta,
até encontrar
um Coração de alma vazia,
que já não mais conhecia a Esperança.
Quando ela se aproximou,
o Coração ficou receoso
e dela se aproximou, cauteloso,
pois há muito tempo não a via.
A Esperança tentou convencê-lo
de que encontrara outro Coração
que desejava conhecê-lo.
O Coração ficou desconfiado,
pensou muito, pois já sabia
que a Esperança a qualquer momento
poderia abandoná-lo
e ele não queria outra vez
correr o risco de ser magoado.
Depois de muito pensar,
decidiu que era hora de recomeçar.
E de mãos dadas com a Esperança,
foi em busca do sonho,
que ainda guardava na lembrança...



Débora Benvenuti