MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Afeto, a Ternura e o Amor






  1.  Nascidos de um mesmo coração,
     o Afeto, a Ternura e o Amor
     foram crescendo e cada qual
     foi tendo os seus próprios ideais.
     Como eram trigêmeos,
     tinham todos algo parecido,
     muito difícil de separar
     e muito menos identificar.
     O Afeto era muito sensível
     e por qualquer coisa ficava sentido.
     Enquanto a Ternura era só coração.
     Ficava com pena do Afeto
     e sentia que devia
     fazer muito mais pelo irmão.
     Falava suave aos seus ouvidos
     palavras ternas com tanto carinho,
     que o Afeto se sentia ainda mais aflito,
     com tanta demonstração de carinho.
     Então o Afeto ficou muito preocupado,
     por que sentiu que não podia
     sentir Amor pela Ternura,
     já que ambos eram irmãos.
     Mas cresceram tão entrosados
     que ficava difícil
     abandonar o coração,
     onde os três haviam sido gerados.
     Aí então ficou feita a confusão.
     O Afeto estava apaixonado pela Ternura
     e pelo que se sabe até então,
     os três jamais abandonaram o coração,
     onde eles haviam sido criados
     pelo Autor da Criação,
     esse mesmo que criou
     esse sentimento chamado...AMOR!!!


    Débora Benvenuti

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Coração Egípcio



Coração Egípcio



Um Coração adormeceu
e quando acordou percebeu,
estava num lugar estranho,
que não era o seu.
Atravessara o oceano
e todo o Mar Egeu.
Se encontrava agora,
nas areias escaldantes,
de uma terra distante,
cheia de mistérios,
onde o que havia,
era a magia,
que o envolvia.
Que lugar estranho,
observou o coração,
no momento em que acordou.
Estava num museu,
ou era tudo um sonho seu?
Ao seu lado percebeu,
que havia um sarcófago
e pulsando dentro dele,
um coração que lhe falava
palavras de amor,
o que muito o surpreendeu.
Parecia que o conhecia
e ele mesmo sentiu,
uma forte emoção,
o que fez bater mais forte
o seu coração.
Aquela voz
vinha de muito longe
e o coração reconheceu,
como sendo de um Amor
que o tempo não esqueceu.
Sentiu uma grande euforia
que o envolvia
e o fazia transportar
para um mundo que ele conhecia,
pois quem lhe falava de Amor,
era Tutankamon.
Então o Coração entendeu,
que o seu coração era de Nefertite,
e ele então se aquietou
e se deixou conduzir
por aqueles corredores
que tantas vezes percorrera
e nos braços do seu Amor
novamente adormeceu.
Viveu novamente as emoções
que já vivera tantas vezes,
ao lado desse Amor,
que novamente era Seu.

Débora Benvenuti

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Tempo, a Promessa e a Imaginação


O Tempo se preparava para passar, majestoso, como sempre acontecia. Sabia  que muitos  esperavam ansiosos a sua passagem e isto o envaidecia muito. Ele desfilava garboso, com todas as expectativas que sabia que iria causar. Nesse momento, a Imaginação surgia em toda a sua formosura. Nunca era tão solicitada, em outras épocas do ano, como agora, quando o ano acabava por findar. A Promessa então surgia nessa hora e vinha cobrar tantas outras promessas que haviam sido feitas e abandonadas ao longo do caminho. A Imaginação também se cobrava, pois sempre imaginava muito mais do que podia cumprir. E o Tempo era implacável, cada vez que passava. Todos não queriam vê-lo passar? Ele chegava todos os anos e trazia consigo 365 bons motivos  para que as promessas não deixassem de serem cumpridas e mesmo assim, sempre havia alguém que dizia que não tivera tempo, pois o Tempo passava tão depressa, que era impossível  faze-lo parar... Soavam então as doze badaladas da meia-noite e as janelas da vida se abriam para ver o Tempo passar e mais uma vez, mais promessas eram feitas, muitas delas incapazes de serem cumpridas. Então a Imaginação também adormecia, e ficava na esperança de que a Promessa viesse então acordá-la, quando o Tempo passasse novamente na janela e tudo recomeçasse novamente...

Débora Benvenuti

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Travesseiro e a Travessia





  Certa vez um Travesseiro 
 de tanto sonhar com o Amor
resolveu fazer uma travessia, 
carregando um sonho, na maré fria. 
Decidiu seguir o vento,
ouvindo o lamento do mar,
numa noite em que só se ouvia
o murmurar das ondas
e o canto da sereia na lua cheia.
- Para onde me levas,
perguntou o Travesseiro,
às ondas que se erguiam
além do mar.
- Viajo por todos os mares
e trago comigo,
além das mensagens 
toda a bagagem
de quem só sabe amar.
E você, por que carregas,
com tanto esmero, 
esses poemas, 
amigo Travesseiro?
- Levo comigo todos os sonhos
que um amigo tão distraído 
deixou-me carregar. 
São poemas lindos 
que preciso entregar, 
antes que esse sonho 
possa acabar. 
E o Travesseiro, todo faceiro, 
os poemas carregou com ele 
e os entregou a quem dizia amar. 
- E o que contém os poemas? 
Perguntou o mar ao amigo Travesseiro. 
- Só contém os desejos 
de um coração aventureiro
que vive somente para amar...
E a travessia o Travesseiro 
acabou por realizar,
o poema foi entregar, 
antes que o sonho pudesse acabar 
e esses versos o mar pudesse apagar... 

Débora Benvenuti

O Engano


O Engano nasceu de um encontro

entre a Mentira e a Verdade.

O Engano era muito descuidado.

Muitas vezes mentia

e nem percebia

que estava enganado.

Ele sempre se arrependia

quando percebia que

um erro cometia

e então nem mesmo se reconhecia,

quando isso acontecia.

Vivia sempre embaraçado.

Mal conseguia dar um passo

e se via todo enrolado.

Quando saía,

nunca sabia

por onde havia andado,

e acabava sempre

no lugar errado.

Isso muito problema lhe causava,

por que nunca conseguia

voltar para casa.

E quando lhe perguntavam

se havia algum engano,

Ele sempre dizia:

Desculpe, estou enganado.

E assim ele passava os dias,

tentando descobrir uma forma,

de não mais se sentir humilhado,

em situações

em que ele sempre se metia.

Até que um dia,

encontrou um amigo

que lhe disse que não se preocupasse,

carregasse sempre uma Verdade

e dela nunca mais se separasse.

Por onde fosse,

espalhasse pedacinhos da Verdade,

para quando se enganasse,

se lembrasse de percorrer o mesmo caminho

e assim nunca mais se sentiria enganado!

 

Débora Benvenuti

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Tempo, a Memória e o Vento






  
Uma leve brisa faz balançar a Memória, que inerte, parece não ter mais vida. O Vento estava sempre a soprar, num esforço inútil de fazer  a Memória recuperar o Tempo perdido. Mas o Tempo  estava sempre muito apressado e cada vez passava mais depressa. A Memória abria a janela de seu pensamento, na esperança de que o Tempo percebesse que ali ainda havia uma luz que não se apagara, apenas tremeluzia fraca e cansada. Muitas vezes o coração da Memória se emocionava com alguma lembrança que o Tempo deixava cair, ao passar distraído pela estrada da vida. Nada mais do que isso. Quanto mais pensava no Tempo, mais a Memória se tornava fraca e cansada. Se pelo menos o Tempo fosse conhecedor de todas as lembranças que habitavam a Memória e que estavam submersas no mais profundo do seu ser, talvez se compadecesse dela e soprasse em seus ouvidos, as canções já esquecidas, que apenas faziam eco em seu pensamento, mas não se faziam ouvir. Com estes tristes pensamentos, a Memória adormeceu e sonhou todos os sonhos que esquecera de sonhar e que o Tempo, na sua pressa, a impedira de realizar.


Débora Benvenuti

sábado, 14 de dezembro de 2013

A consciência, o Pensamento e a Imaginação





Já havia um bom tempo que a Consciência se dera conta de que havia se formado um vazio no seu pensamento e por mais que buscasse a ajuda da Imaginação, nada mais acontecia. Já se fora o tempo em que a Imaginação voava livre, mesmo sem a ajuda do Pensamento. Algo acontecia com a Imaginação e não havia nada que mudasse essa situação. O Pensamento vagava horas a fio pelo infinito da Imaginação e quanto mais vagava, mais perdido ficava. Havia uma lacuna que precisava ser preenchida e quanto mais pensava nisso, mais a Consciência se certificava de que precisava encontrar uma saída. Eram várias portas que haviam se fechado, impedindo a saída da Imaginação. Nunca houvera uma situação que se prolongasse por tanto tempo. Era o caos virado do avesso. As palavras sempre foram muito inteligentes, mas agora elas não sabiam mais como se organizar. Sem a ajuda do Pensamento, elas se misturavam umas às outras e não conseguiam se expressar. E por assim ser,nada mais poderia ser feito a não ser esperar que de repente,tudo voltasse a ser como era antes. A Imaginação precisava descobrir onde havia perdido as suas asas e quando as encontrasse, voltaria novamente a voar... 

Débora Benvenuti

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Caminhantes


Há um caminho estreito
por onde passam tantos caminhantes.
Alguns desistem e se jogam a um canto,
cansados, oprimidos, ofegantes.
Os fardos que carregam pesam tanto,
que a caminhada se torna desgastante.
Muitos continuam a caminhada
rumo a um novo amanhecer,
mesmo não sabendo
 o que lhes possa acontecer.
O que importa é não desistir,
mesmo que muitos possam insistir
e dizer que é hora de retroceder,
que a caminhada é longa
e que você não vai conseguir.
Se sentires que os teus pés
estão dormentes
e que já não consegues seguir adiante,
não desanimes, seja confiante.
Descanse por um momento,
mas não ouças o que te dizem neste instante,
pois quem já desistiu,
há muito esqueceu o valor de ser constante.
Há uma luz no final do túnel
e o caminho é longo e tortuoso,
mas se continuares com alento,
por certo encontrarás essa luz,
a luzir intermitente...




Débora Benvenuti