MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A Imaginação e o Pacote



terça-feira, 1 de abril de 2014

A Esperança, o Coração e o Tempo




A Esperança estava de partida. Habitara durante muito tempo um Coração e por mais que insistisse, a cada dia percebia que o Coração não mais a ouvia. Não gostava de despedidas, por isso deixou o Coração ao amanhecer, enquanto ele ainda dormia. Sabia que estava ido ao encontro do desconhecido, pois estava tão cansada, que qualquer lugar seria melhor de morar, do que aquele velho Coração, que nem sequer mais batia direito e esse descompasso fazia a Esperança ficar desorientada. Às vezes ele batia tão rápido, que a Esperança pensava que ele havia encontrado o que buscara durante toda a vida. Depois, nada mais acontecia, e o Coração então adormecia profundamente, num sono cheio de pesadelos.
A Esperança caminhou durante muito tempo, carregando consigo todas as lembranças dos bons momentos em que habitara o Coração. Cansada demais com o fardo dessas lembranças, encontrou pelo caminho o Tempo, que estava sentado à beira de um lago, de águas muito límpidas e tranqüilas. Percebendo a Esperança se aproximar, notou o pesado fardo que ela carregava. Convidou-a descansar por alguns momentos e ela assim o fez.
O Tempo, conhecedor de todos os males e Senhor de toda a sabedoria, quis conhecer o que continha o fardo que a Esperança carregava. Ela então contou o quanto estava decepcionada com o Coração em que habitava. Contou-lhe os sonhos e os pesadelos que habitavam aquele coração e disse ao Tempo que desistira de fazê-lo acreditar em alguma coisa. O Tempo ouviu com toda a paciência que só ele possuía, os relatos da Esperança e quando ela terminou de falar, disse à ela que voltasse a morar no velho coração, porque era nesse exato momento de sua vida, que o Coração mais precisava de toda a esperança para continuar a viver.


Débora Benvenuti

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Imaginação e o Eco






A Imaginação andava apreensiva.
Há muito tempo não conseguia imaginar.
Já se sentira assim um dia
e quando isso acontecia,
de nada adiantava chorar.
Seus pensamentos se confundiam
e ela não conseguia mais pensar.
Então saía a caminhar...
Seus passos a conduziam,
sempre ao mesmo lugar:
- O alto de um penhasco
onde podia a tudo observar,
até que pudesse se acalmar.
Parou um instante,
ouviu o Silêncio,
falou ao Vento,
sentou no rochedo
e começou a soluçar.
Pensou que nunca mais voltaria
a se lançar no espaço.
Suas asas estavam gastas
e a impediam de voar.
Então gritou bem alto:
- Eu quero voar...
Eu quero voar...
E o som retumbava,
trazido pelo Eco,
e ela ouvia o que ele dizia
e mal conseguia acreditar:
- Eu quero voar soava tão nítido,
que algo dentro dela
começou a despertar.
Essa voz que ela ouvia
a incentivava a voar.
Então se lançou no espaço,
abriu as suas asas
e percebeu que ainda sabia voar...


Débora Benvenuti

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Afeto, a Ternura e o Amor






  1.  Nascidos de um mesmo coração,
     o Afeto, a Ternura e o Amor
     foram crescendo e cada qual
     foi tendo os seus próprios ideais.
     Como eram trigêmeos,
     tinham todos algo parecido,
     muito difícil de separar
     e muito menos identificar.
     O Afeto era muito sensível
     e por qualquer coisa ficava sentido.
     Enquanto a Ternura era só coração.
     Ficava com pena do Afeto
     e sentia que devia
     fazer muito mais pelo irmão.
     Falava suave aos seus ouvidos
     palavras ternas com tanto carinho,
     que o Afeto se sentia ainda mais aflito,
     com tanta demonstração de carinho.
     Então o Afeto ficou muito preocupado,
     por que sentiu que não podia
     sentir Amor pela Ternura,
     já que ambos eram irmãos.
     Mas cresceram tão entrosados
     que ficava difícil
     abandonar o coração,
     onde os três haviam sido gerados.
     Aí então ficou feita a confusão.
     O Afeto estava apaixonado pela Ternura
     e pelo que se sabe até então,
     os três jamais abandonaram o coração,
     onde eles haviam sido criados
     pelo Autor da Criação,
     esse mesmo que criou
     esse sentimento chamado...AMOR!!!


    Débora Benvenuti

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Coração Egípcio



Coração Egípcio



Um Coração adormeceu
e quando acordou percebeu,
estava num lugar estranho,
que não era o seu.
Atravessara o oceano
e todo o Mar Egeu.
Se encontrava agora,
nas areias escaldantes,
de uma terra distante,
cheia de mistérios,
onde o que havia,
era a magia,
que o envolvia.
Que lugar estranho,
observou o coração,
no momento em que acordou.
Estava num museu,
ou era tudo um sonho seu?
Ao seu lado percebeu,
que havia um sarcófago
e pulsando dentro dele,
um coração que lhe falava
palavras de amor,
o que muito o surpreendeu.
Parecia que o conhecia
e ele mesmo sentiu,
uma forte emoção,
o que fez bater mais forte
o seu coração.
Aquela voz
vinha de muito longe
e o coração reconheceu,
como sendo de um Amor
que o tempo não esqueceu.
Sentiu uma grande euforia
que o envolvia
e o fazia transportar
para um mundo que ele conhecia,
pois quem lhe falava de Amor,
era Tutankamon.
Então o Coração entendeu,
que o seu coração era de Nefertite,
e ele então se aquietou
e se deixou conduzir
por aqueles corredores
que tantas vezes percorrera
e nos braços do seu Amor
novamente adormeceu.
Viveu novamente as emoções
que já vivera tantas vezes,
ao lado desse Amor,
que novamente era Seu.

Débora Benvenuti

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Tempo, a Promessa e a Imaginação


O Tempo se preparava para passar, majestoso, como sempre acontecia. Sabia  que muitos  esperavam ansiosos a sua passagem e isto o envaidecia muito. Ele desfilava garboso, com todas as expectativas que sabia que iria causar. Nesse momento, a Imaginação surgia em toda a sua formosura. Nunca era tão solicitada, em outras épocas do ano, como agora, quando o ano acabava por findar. A Promessa então surgia nessa hora e vinha cobrar tantas outras promessas que haviam sido feitas e abandonadas ao longo do caminho. A Imaginação também se cobrava, pois sempre imaginava muito mais do que podia cumprir. E o Tempo era implacável, cada vez que passava. Todos não queriam vê-lo passar? Ele chegava todos os anos e trazia consigo 365 bons motivos  para que as promessas não deixassem de serem cumpridas e mesmo assim, sempre havia alguém que dizia que não tivera tempo, pois o Tempo passava tão depressa, que era impossível  faze-lo parar... Soavam então as doze badaladas da meia-noite e as janelas da vida se abriam para ver o Tempo passar e mais uma vez, mais promessas eram feitas, muitas delas incapazes de serem cumpridas. Então a Imaginação também adormecia, e ficava na esperança de que a Promessa viesse então acordá-la, quando o Tempo passasse novamente na janela e tudo recomeçasse novamente...

Débora Benvenuti

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Travesseiro e a Travessia





  Certa vez um Travesseiro 
 de tanto sonhar com o Amor
resolveu fazer uma travessia, 
carregando um sonho, na maré fria. 
Decidiu seguir o vento,
ouvindo o lamento do mar,
numa noite em que só se ouvia
o murmurar das ondas
e o canto da sereia na lua cheia.
- Para onde me levas,
perguntou o Travesseiro,
às ondas que se erguiam
além do mar.
- Viajo por todos os mares
e trago comigo,
além das mensagens 
toda a bagagem
de quem só sabe amar.
E você, por que carregas,
com tanto esmero, 
esses poemas, 
amigo Travesseiro?
- Levo comigo todos os sonhos
que um amigo tão distraído 
deixou-me carregar. 
São poemas lindos 
que preciso entregar, 
antes que esse sonho 
possa acabar. 
E o Travesseiro, todo faceiro, 
os poemas carregou com ele 
e os entregou a quem dizia amar. 
- E o que contém os poemas? 
Perguntou o mar ao amigo Travesseiro. 
- Só contém os desejos 
de um coração aventureiro
que vive somente para amar...
E a travessia o Travesseiro 
acabou por realizar,
o poema foi entregar, 
antes que o sonho pudesse acabar 
e esses versos o mar pudesse apagar... 

Débora Benvenuti

O Engano


O Engano nasceu de um encontro

entre a Mentira e a Verdade.

O Engano era muito descuidado.

Muitas vezes mentia

e nem percebia

que estava enganado.

Ele sempre se arrependia

quando percebia que

um erro cometia

e então nem mesmo se reconhecia,

quando isso acontecia.

Vivia sempre embaraçado.

Mal conseguia dar um passo

e se via todo enrolado.

Quando saía,

nunca sabia

por onde havia andado,

e acabava sempre

no lugar errado.

Isso muito problema lhe causava,

por que nunca conseguia

voltar para casa.

E quando lhe perguntavam

se havia algum engano,

Ele sempre dizia:

Desculpe, estou enganado.

E assim ele passava os dias,

tentando descobrir uma forma,

de não mais se sentir humilhado,

em situações

em que ele sempre se metia.

Até que um dia,

encontrou um amigo

que lhe disse que não se preocupasse,

carregasse sempre uma Verdade

e dela nunca mais se separasse.

Por onde fosse,

espalhasse pedacinhos da Verdade,

para quando se enganasse,

se lembrasse de percorrer o mesmo caminho

e assim nunca mais se sentiria enganado!

 

Débora Benvenuti