MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Travesseiro e a Travessia



Certa vez um Travesseiro

de tanto sonhar com o Amor,

  resolveu fazer uma travessia,

carregando um Sonho, na maré fria.

 Decidiu seguir o vento,

ouvindo o lamento do Mar,

 numa noite em que só se ouvia

o murmurar das ondas

e o canto da sereia na lua cheia.

- Para onde me levas?

 Perguntou o Travesseiro,

às ondas que se erguiam além do mar.

- Viajo por todos os mares

e trago comigo,

 além das mensagens, toda a bagagem

 de quem só sabe amar.

E você, por que carregas,

 com tanto esmero,

esses poemas amigo Travesseiro?

 - Levo comigo todos os sonhos

que um amigo tão distraído  deixou-me carregar.

 São poemas lindos que preciso entregar,

antes que esse sonho possa acabar

E o Travesseiro, todo faceiro,

 os poemas carregou com ele

 e os entregou a quem dizia amar.

 - E o que contém os poemas?
                         
 Perguntou o Mar ao amigo Travesseiro.

- Só contém os desejos

 de um Coração Aventureiro

que vive somente para amar...

 E a travessia o Travesseiro  acabou por realizar.

 O poema foi entregar,

antes que o sonho pudesse acabar

 e esses versos o Mar pudesse apagar...





 Débora Benvenuti

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A Ilha do Amor


Numa ilha deserta,
há muito tempo desabitada,
O Amor, a Felicidade e a Saudade
ali fizeram a sua morada.
O Amor, a procura de um Coração,
o Coração, em busca da Felicidade
e a Felicidade,
tentando esquecer a Saudade.
E os três, assim entusiasmados,
saíram a procura dos seus amados.
O Amor, depois de muito caminhar,
encontrou uma cabana abandonada.
Lá dentro, um coração
chorava as suas mágoas.
Falava da Saudade que sentia
da Felicidade
e achava que não podia
viver sem um amor de verdade.
Foi a vez da Felicidade
dizer o que sentia,
quando se encontrava sozinha
e não sabia que era Felicidade
o que sentia.
Quando a Saudade chegava
é que descobria
o que era Felicidade...
E a Saudade, então, já acostumada
a ouvir falar de Amor,
 essa dor que habita
os corações apaixonados,
não se admirou,
quando ouviu o Amor
falar da Saudade que sentia
da Felicidade.
E os três então descobriram
que num só coração,
o Amor,
a Saudade e a Felicidade
podiam sim,
viver muito bem aconchegados,
mesmo numa ilha isolados,
falariam de Amor,
Saudade e Felicidade...




Débora Benvenuti

O Fantasma da Solidão



O fantasma da solidão
assola o meu coração.
Quando a noite cai,
 eu me sinto só,
na escuridão.
Observo as folhas das árvores
fazendo sombras na janela
e a lua lá fora,
ainda bela,
me lembra quantas noites
eu fiquei a tua espera.
O espectro da noite
lança sombras na parede.
Imagens gigantescas se formam,
como se fossem grandes braços a envolver-me.
Escondo-me embaixo dos lençóis,
esperando que a sombra vá embora.
Mas por mais esforço que eu faça,
percebo que tudo é em vão.
A sombra vem e me abraça,
com tanta força,
que eu não consigo me desvencilhar desse abraço,
 que me sufoca e me mata.
Sinto as forças se esvaindo lentamente.
O suor a escorrer-me pelo corpo.
Agonizo.
Me debato inutilmente
e desfaleço nos teus braços...
Solidão.




Débora Benvenuti

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A Saudade e o Tempo



Por mais que tentasse não pensar, a Imaginação ficava horas a fio fitando o infinito. Tentava buscar alguma lembrança que o Tempo pudesse ter apagado e não conseguia se conformar em ter esquecido alguma coisa. O Tempo muitas vezes passava devagar e era nessas horas que a Imaginação tentava fazer com que o Tempo lhe contasse algum segredo, que tivesse se perdido ao longo caminho.
Haviam lembranças um tanto apagadas, que o Tempo carregava num pergaminho e cada vez que o desenrolava,  mais difícil ficava tentar ler alguma coisa. E isso não era tudo: algumas lembranças eram acontecimentos tão estranhos, que a Imaginação acreditava não ter vivido. Então se punha a pensar, se isso tudo não seria uma brincadeira que o Tempo inventava, para testar a memória da Imaginação. Mas como com o Tempo não se brinca, a Imaginação ficava um tanto aborrecida, por não lembrar de coisas tão importantes e das quais sentia uma enorme saudade, mesmo sendo lembranças que se iam apagando pouco a pouco. Precisar lembrar. Não queria esquecer nada, pois cada vez que se distraia, sentia uma enorme saudade de alguma coisa, mas não conseguia lembrar o que era. Era como se uma neblina fina e densa fosse se acumulando no seu pensamento e a impedisse de saber o motivo de tanta saudade.
E a Saudade aos poucos ia desaparecendo, deixando um vazio enorme, que nem o Tempo, com todos os seus afazeres, era capaz de preencher.


Débora Benvenuti

quarta-feira, 30 de julho de 2014

No Vale da Decisão






Andando pela estrada,
um coração cansado,
encontrou-se em um vale encantado.
Percebendo estar sendo observado,
o coração sentiu-se incomodado.
Olhou para todos os lados,
mas não conseguiu descobrir
o que o fazia ficar tão desconfiado.
Foi então que ouviu uma voz que murmurava algo
que o deixou ainda mais admirado,
pois a voz evocava o seu passado.
Como num passe de mágica,
o coração se sentiu no tempo deslocado.
Viajou por muitos lugares,
reviveu amores esquecidos,
realizou todos os sonhos merecidos
e quando se julgou realizado,
retornou ao vale encantado
e percebeu que teria que tomar
uma difícil decisão:
- Continuar como vivera até então
ou dar asas a sua imaginação,
viver como sonhara o seu coração.
Esta seria a mais difícil decisão que precisaria tomar,
com resignação.
Qualquer que fosse a sua escolha,
assim viveria para sempre,
sem jamais voltar atrás na sua decisão.
O coração sentiu-se então tão diminuído naquele vale perdido,
que resolveu viver para sempre no vale encantado,
sonhar acordado,
viver enrolado no seu mais eterno conflito,
sufocar o grito e jamais acordar
do seu sonho aflito!




Débora Benvenuti

sábado, 19 de julho de 2014

Aprendendo a ser Mãe




Não existe nenhuma cartilha ensinando como ser “Mãe”, porque nem todas as mães são iguais, por mais que se pareçam. Este é um aprendizado longo e eterno e você vai ter que aprender sozinha, como eu aprendi. Não é fácil, mas também não é difícil. Só tens que pensar agora neste ser indefeso que carregas no teu ventre. Ele é fruto de um momento de amor e como os momentos seguintes, deve ser o motivo maior das tuas preocupações, porque você agora recebeu o presente mais precioso que Deus poderia dar a uma mulher: o dom de ser Mãe. Não são todas as mulheres que recebem esta dádiva. Muitas fazem o impossível para se tornarem mães e não conseguem. Portanto, minha filha, pense sempre em primeiro lugar nesse bebezinho lindo que agora já podes chamar de filho. Pense nele em todos os momentos, porque ele é parte de você e é o maior tesouro que poderias receber. Um filho é para sempre e é a certeza de que você viveu a plenitude do amor em todo o seu significado. Eu vou ser avó. É a primeira vez que escrevo essa palavra. Preciso me acostumar com ela. Só desejo que a tua gestação seja plena de saúde e alegria e saibas desde já, que esse bebê vai ser iluminado e dar muita alegria a todos nós.





Débora Benvenuti