MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

domingo, 11 de abril de 2010

Pappilon


Pappilon



Há muitos e muitos anos,existiu um marinheiro chamado Pappilon. Ele navegou durante anos por mares turbulentos, às vezes entremeados por calmarias e foi durante esse período que ele acreditou ter chegado a um porto seguro e fez ali a sua morada. Sopraram os ventos, veio a tempestade e ele firme, construiu sua família. Teve dois filhos, a quem ele chamou Sarah e Noah. Dedicou-lhes todo o amor que um pai pode dedicar a seus filhos e cada vez que pensava ter passado a tempestade, sopravam novos ventos que varriam para longe toda a esperança de felicidade. Até que um dia, ele resolveu se lançar ao mar novamente, a procura de outros portos onde pudesse se abrigar dos ventos fortes, que ameaçavam destroçar sua embarcação. E foi durante essa aventura, que ele chegou a uma ilha deserta,onde pensou que não existisse ninguém. Percebeu então, que na areia da praia o Amor havia deixado pegadas profundas, em formato de coração. Curioso, decidiu seguir essas pegadas para ver se a ilha era tão deserta assim. Caminhou durante muito tempo e acabou chegando a uma cabana onde percebeu que havia luz acesa. Encontrou ali uma mulher muito só, que durante muito tempo se distraia fazendo caixinhas muito coloridas e de vários formatos, onde guardava todos os sonhos que acalentava.Curioso,não resistiu à tentação e foi abrindo caixinha por caixinha, para ver o que havia dentro delas. Em cada caixinha que abria, foi descobrindo que haviam sido guardados ali, Amor,Esperança,Carinho, Afeto e muitos outros sentimentos,que ele, com o tempo,foi conhecendo. Um dia, ele abriu a última caixinha que continha um sentimento que ele desconhecia:

“ A Liberdade.”

E por desconhecer o significado dessa palavra, se aventurou novamente ao mar. Tentou durante muito tempo descobrir o que isso significava e quanto mais procurava, menos entendia. Era algo diferente de tudo que ele já havia experimentado. E assim, ele continua até hoje, buscando em cada porto um lugar seguro para ancorar a sua curiosidade.

Depois que o marinheiro partiu em busca de novas aventuras, a mulher fechou novamente cada uma das caixinhas e as escondeu em um lugar tão seguro, mas tão seguro, para que ninguém mais pudesse abri-las. E a partir desse dia, as luzes da cabana se apagaram e as pegadas na praia sumiram para sempre.



Débora Benvenuti

Coração Egípcio





Um Coração adormeceu

e quando acordou ,

percebeu

que estava num lugar estranho,

que não era o seu.

Atravessara o oceano

e todo o Mar Egeu.

Se encontrava agora,

nas areias escaldantes,

de uma terra distante,

cheia de mistérios,

onde o que havia,

era a magia,

que o envolvia.

Que lugar estranho,

observou o coração,

no momento em que acordou.

Estava num museu,

ou era tudo um sonho seu?

Ao seu lado percebeu,

que havia um sarcófago

e pulsando dentro dele,

um coração que lhe falava

palavras de amor,

o que muito o surpreendeu.

Parecia que o conhecia

e ele mesmo sentiu,

uma forte emoção,

que fez bater mais forte

o seu coração.

Aquela voz

vinha de muito longe

e o coração reconheceu,

como sendo de um Amor

que o tempo não esqueceu.

Sentiu uma grande euforia

que o envolvia

e o fazia transportar

para um mundo que ele conhecia,

pois quem lhe falava de Amor,

era Tutankamon.

Então o Coração entendeu,

que o seu coração era de Nefertite,

e ele então se aquietou

e se deixou conduzir

por aqueles corredores

que tantas vezes percorrera

e nos braços do seu Amor,

novamente adormeceu.

Viveu novamente as emoções

que já vivera tantas vezes,

ao lado desse Amor,

que novamente era Seu.



Débora Benvenuti