MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O Gavião e a Coruja




Mamãe Coruja tinha dois filhotinhos. Uma das corujinhas ela chamou de Lua, por ser menina e a outra corujinha era Ivi, um menino a quem ela dava muito atenção, por ser mais novo que Lua. O Papai Coruja muito cedo abandonou o ninho, não por vontade própria, mas porque sempre deixava as coisas para depois, cabendo à Mamãe Coruja o sustento do ninho. E assim foi por muitos anos. Mamãe Coruja era letrada. Havia aprendido a ensinar e saía do ninho várias vezes ao dia e às vezes à noite, para ensinar outras corujinhas os valores que ela também ensinava, com muito amor, às suas corujinhas. Por não existir a figura de um papai coruja, a quem o filhote Ivi  pudesse se espelhar, Mamãe Coruja sempre se preocupava em suprir qualquer necessidade de Ivi, demonstrando amor e ensinando-o a voar pelo seus próprios meios. Muitas vezes, quando Mamãe Coruja percebia que ia faltar alimento para os dois filhotes, ia vendendo os galhos do seu ninho a outros pássaros, até que seu ninho quase desabou. Então seu irmão, chamado Vivi se comprometeu a dar estudo para seus sobrinhos, pois queria que nada faltasse a eles. E assim aconteceu. Mamãe Coruja refez o ninho e titio Vivi a ajudou a dar estudo, principalmente à Ivi, pois queria que ele fosse doutor. Enquanto isso, Lua se formou na faculdade que ela escolheu e começou a trabalhar. Havia encontrado o grande amor da vida dela e do amor dos dois, nasceu Raio de Sol, que passou a ser o centro das atenções. Certo dia Mamãe Coruja caiu do ninho e fraturou a perninha. Ficou imobilizada por vários meses e Lua a cuidou com muito amor e dedicação. Então chegou o dia em que Ivi finalmente terminou sua faculdade. Agora era Doutor. Alguns meses antes de Ivi se formar, ele conheceu um Gavião fêmea e por ela se encantou. Mamãe Coruja percebeu, que dois seres tão diferentes, jamais iria dar certo, pois o gavião Bia era um ser muito sem sentimentos. Dizia à Ivi que tinha nascido para ele e o convenceu que ele não viveria sem ela. Queria construir um futuro com ele, e dizia que ficaria com ele somente porque ele havia prometido que se casaria com ela. Um dia, ela disse que ele não precisava mais de Mamãe Coruja. Poderiam substitui-la por um cãozinho, a quem dariam o nome de sua mãe. Assim, quando ele sentisse falta da Mamãe Coruja, teriam o cãozinho, a quem dariam o nome de Debra. E Ivi se preparou para um voo solitário, deixando o ninho e todos os ensinamentos que havia recebido de Mamãe Coruja.


Débora Benvenuti

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A Imagem e a Ação





A Imagem era um ser muito pretencioso. Tudo o que ela quisesse, ela conseguia, mesmo que para isso fosse preciso usar a imaginação e tecer uma teia muito bem tecida, para que seres inofensivos para ela fossem direcionados. Imaginava-se o centro das atenções e depois de prender a sua presa, não havia nada que pudesse ser feito para salvar o inofensivo ser que caía em suas garras. Só o que ela não sabia era que para toda Ação, sempre há uma Reação de mesma  força e intensidade.  A imagem era tão segura de si mesma, que jamais imaginou que a Ação repeleria os seus atos mais insanos e seu passado nebuloso. A Imagem  acreditava que possuía um caráter  único e isto a tornava insuperável. O tal caráter se localizava exatamente no meio de sua imagem, para o qual convergiam todos os seres desavisados. Só um momento: seres inofensivos e desavisados? Isto com certeza é só força de expressão. A Reação se manifestou assim que percebera as intenções da Imagem e avisou o inofensivo ser, mas este já havia mergulhado de corpo e alma, naquele  poço negro e profundo que a Imagem refletia.



Débora Benvenuti