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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A Esperança e a Felicidade



A Imginação estava inquieta. Nada em que pensasse a fazia acalmar-se. E não sabia o que estava acontecendo com ela. Decidiu então abrir a caixinha do coração e ver o que havia escondido dentro dela. Sabia que o que encontrasse ali, talvez não a tirasse daquela aflição, que a fazia andar de lá para cá, incansavelmente, a procura de uma resposta. Temerosa, decidiu que era preciso investigar. Com muito cuidado, abriu a caixinha. Dentro dela encontrou vários sentimentos, mas o que mais a deixou estarrecida foi perceber que a Esperança não se encontrava mais lá. Havia fugido. Mas fugido para onde? E com quem? Voltaria algum dia? Por que motivo teria feito isso? Estava cansada de procurar pela Felicidade e resolvera ela mesma sair a sua procura? Estas perguntas surgiam na mente da Imaginação e quanto mais ela se perguntava, menos entendia. Sempre pensara que a Esperança estava adormecida dentro dela. Será que acordara de repente e resolvera sair a correr o mundo, sem data para voltar?
Sem a Esperança, a Imaginação não saberia onde encontrar a Felicidade. E não era aquela felicidade que se encontra nas pequenas coisas do dia-a-dia. A Felicidade que a Imaginação buscava tinha outro nome: Amor! Amor, sim! Um amor que fizesse a Imaginação viver um conto de fadas. Era isso que estava faltando em sua vida. Algo que a fizesse se sentir viva. E quanto mais os dias iam passando, a Imaginação ia enfraquecendo e se tornando cada vez mais solitária. Não tinha nada que abrir a caixinha do coração. Cada vez que fazia isso, algo dentro dela morria um pouco. Nada mais restava agora a não ser esperar que a Esperança retornasse e assumisse o seu papel dentro daquele coração solitário, que nada mais fazia a não ser esperar...mas esperar o que?



Débora Benvenuti

sábado, 25 de outubro de 2014

O Segredo e a Curiosidade



O Segredo andava cansado

de tanto se manter calado.

Cada vez que a Curiosidade se aproximava,

o Segredo se sentia incomodado.

Era tanto desconforto,

que o Segredo já não sabia,

por quanto tempo se manteria calado.

Qualquer coisa que dissesse,

poderia ser mal interpretado

e como conhecia a Curiosidade,

sabia o quanto ela era apressada.

Mal ouvia um comentário

e queria saber tudo

o que o Segredo

mantinha sob os seus cuidados.

O segredo só é segredo,

quando mantido a sete chaves,

repetia o Segredo

sempre que era interpelado.

Certa vez comentara algo

que deveria ficar guardado,

mas a Curiosidade prometera

que ele não seria revelado.

Mal o Segredo virou as costas

e a Curiosidade contou a todos que encontrou,

o segredo que o Segredo ocultava.

Mas pedia a todos a quem contava,

que mantivesse o segredo

e assim ele se espalhava

a medida que era contado.

Cada segredo

que o Segredo escondia,

logo se convertia

em uma grande mentira,

a medida que aumentava.

E assim o segredo,

deixava de ser segredo,

porque ninguém conseguia

ficar de boca fechada!



Débora Benvenuti

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O Coração e o Amor


Depois de uma longa caminhada,
o Amor encontrou um coração
e resolveu fazer ali a sua morada.
O Coração desconfiado,
talvez por andar mal acompanhado
e já ter sido tantas vezes enganado,
não quis que o Amor entrasse.
Espiou pelo vão da porta entreaberta,
não deixando de ficar alerta,
caso fosse mais uma vez despertado,
do longo sono em que estivera,
por tantos anos de espera,
sem jamais ter sido incomodado,
por alguém batendo à porta,
justamente nessa hora,
em que repousava na sua almofada,
onde ficava longas horas a fitar o infinito.
Julgava que em algum momento,
alguém iria fazer o caminho inverso,
iria ler os seus versos,
que espalhara pelo universo,
implorando que o Amor passasse trazendo uma flor
e entregasse ao coração, com uma declaração,
dizendo que era o Amor o portador de tão singela flor.
E dessa vez então o Coração acreditaria que era mesmo o Amor,
quem passara ali tão perto.
Falava  palavras tão ternas,
e fazia  juras eternas,
que acabaram conquistando o coração.
Ele se sentiu tão enamorado,
que acabou abrindo a porta e deixando entrar o Amor...



Débora Benvenuti