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terça-feira, 4 de maio de 2010

A SOMBRA E A SOLIDÃO


A Sombra e a Solidão

A Solidão esgueirava-se pela estrada

e procurava um lugar onde pudesse

se abrigar,antes do escurecer.

Percebia que estava sendo seguida,

mas toda a vez que olhava para trás,

não via ninguém com quem conversar.

Precisava desabafar,

mas nem isso conseguia,

por que ninguém a queria escutar.

Seus pezinhos doloridos

estavam cansados de tanto andar.

A luz do luar fazia a imagem

da Solidão aumentar

e ela percebeu alguém ao seu lado

a soluçar.

A Sombra saiu da escuridão

e a seu lado foi se postar.

Era imensa, gigantesca

e aquela hora da noite,

parecia ainda mais escura.

A Solidão sentiu a presença da Sombra

que não parava de se lamentar.

- Estou cansada, estou confusa.

Mal podia a Sombra estas palavras formular,

antes que se pusesse novamente a soluçar.

Por onde eu ando,continuou a Sombra,

fico num canto esquecida,

quieta,calada,muitas vezes sem me mexer

e quem eu sigo nem percebe

a minha presença ao entardecer.

Quando a luz da lua reflete os meus passos,

muitas vezes eu assusto quem eu sigo

e ninguém percebe que eu sou apenas

uma Sombra amiga.

- Pois eu, disse a Solidão,

sofro muito mais discriminação.

Ninguém quer a minha companhia,

vivo só, na escuridão.

A Sombra então se aproximou da Solidão

e a envolveu com seus braços enormes.

Ficaram as duas quietas, caladas,

observando um raio de luar

iluminar seus corações.



Débora Benvenuti



A ILUSÃO



A Ilusão




A Ilusão estava de partida.

Nunca sentira tanta solidão como agora.

O outono se aproximava

e ela sentia-se só e desamparada.

O dia amanhecera lindo.

O calor do sol a aquecera,

mas a noite se aproximava

e ela ainda caminhava pela estrada.

Vivia iludindo os corações

onde habitava,

mas não se sentia incomodada.

Era muito requisitada.

Sempre que alguém a procurava,

ela iludia com palavras adocicadas.

E os corações sucumbiam, apaixonados.

Muitos nem percebiam

que a Ilusão era só uma miragem

e muito pouco tempo durava.

Quando percebiam que a Ilusão

os enganara,

dela nunca mais se aproximavam.

E a Ilusão se tornava amarga,

cada vez que desiludia

um coração que nela acreditava.

Mas nada podia fazer.

Era linda e tinha as faces rosadas.

Um andar elegante e sofisticado.

Nela tudo era lindo e maravilhoso.

Enquanto era admirada,

Vivia um conto de fadas.

Mas pouco a pouco ia ficando cansada.

Queria se iludir,

mas não sabia como.

Era hora de partir.

Sabia disso.

Mesmo sendo Ilusão,

sofria de solidão...



Débora Benvenuti