MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

domingo, 18 de março de 2018

A Razão, a Explicação e a Versão





A Razão acreditava que estava sempre certa e assim sendo, não queria ouvir a Explicação, que estava sempre tentando mudar o curso dos acontecimentos. Para a Versão, esta situação sempre gerava muitas controvérsias. Havia sempre os dois lados da moeda. Não era assim tão simples achar que a Razão sempre tinha razão, mesmo que tivesse. Havia várias versões para o mesmo pressuposto, o que gerava muitas vezes, indignação. Mas afinal, de quem era a Razão? Quem poderia estar acima dos fatos e acreditar que não houvesse outras versões, muitas vezes defendidas com entusiasmo, algumas vezes exacerbadas, mas mesmo assim, com muitas interrogações? A Explicação se esmerava em contar os fatos com a maior credibilidade. Eram detalhes minuciosos, que ela se esmerava em apresentar, numa seqüencia de fatos que deixava qualquer um na dúvida mais cruel que se possa imaginar. E havia outras versões que não deixavam dúvidas ou margem para especulações. Então, como saber de quem era a Razão? Nem mesmo a Razão era capaz de acreditar na própria razão, com tantas versões de um mesmo fato. Havia Razões e Razões, que a própria Razão desconhecia.


Débora Benvenuti

O Sussurro do Vento



Há um lugar longínquo onde apenas o vento assobia canções ao cair da tarde. Para ouvi-lo é preciso se despir de qualquer outro pensamento e apenas se entregar à magia daquele momento. São canções de amor que só o vento traz de outros lugares por onde passa. E não precisa entender tudo o que ele sussurra, pois o vento embala suavemente essas canções e apenas os sentimentos são envolvidos nessa suave sintonia. Como as notas delicadas de uma sinfonia que nunca antes foi ouvida. Ao longe,ouve-se os sons do cair da tarde, que se misturam delicadamente aquele momento de suave encantamento. É um momento delicado, onde o ocaso vai aos pouco delineando as sombras da noite, que se aproxima devagar, como se também quisesse fazer parte da melodia do findar do dia. A alma se aquieta e os sons vão sumindo até que nada mais se pode ouvir.



Débora Benvenuti