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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A PALAVRA E A ESCRITA


 


A Palavra era soberana. A Escrita era incontestável. Esses dois seres passavam o tempo todo questionando o poder que cada um deles exercia nas pessoas. A Palavra, quando decidia dar o tom exato a que se propunha, não havia quem não se apaixonasse por seus dizeres. A Escrita, por sua vez, se julgava muito mais importante, porque sempre argumentava que as Palavras o vento levava, e a Escrita permanecia para sempre na memória de quem um dia as lia. A Palavra estava certa em suas convicções. Tinha o poder de atrair sempre mais e mais adeptos toda a vez que se fazia ouvir. A Escrita questionava sempre as Palavras que eram ditas. Dizia que muitas vezes quem as ouvia não entendia o seu significado e quando as repassava, não condizia com a verdade. Afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto. E não é que isso era verdade? A Escrita então estava coberta de razão. Se alguém duvidasse do que fora dito, lá estava a Escrita, para quem quisesse ler. Com todas as letras! E onde estava a Palavra, nesse momento? Ninguém sabia responder. O vento que por ali passara, já se encarregara de as dissolver. 



Débora Benvenuti


domingo, 18 de março de 2018

O Sussurro do Vento



Há um lugar longínquo onde apenas o vento assobia canções ao cair da tarde. Para ouvi-lo é preciso se despir de qualquer outro pensamento e apenas se entregar à magia daquele momento. São canções de amor que só o vento traz de outros lugares por onde passa. E não precisa entender tudo o que ele sussurra, pois o vento embala suavemente essas canções e apenas os sentimentos são envolvidos nessa suave sintonia. Como as notas delicadas de uma sinfonia que nunca antes foi ouvida. Ao longe,ouve-se os sons do cair da tarde, que se misturam delicadamente aquele momento de suave encantamento. É um momento delicado, onde o ocaso vai aos pouco delineando as sombras da noite, que se aproxima devagar, como se também quisesse fazer parte da melodia do findar do dia. A alma se aquieta e os sons vão sumindo até que nada mais se pode ouvir.



Débora Benvenuti

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Tempo, a Memória e o Vento






  
Uma leve brisa faz balançar a Memória, que inerte, parece não ter mais vida. O Vento estava sempre a soprar, num esforço inútil de fazer  a Memória recuperar o Tempo perdido. Mas o Tempo  estava sempre muito apressado e cada vez passava mais depressa. A Memória abria a janela de seu pensamento, na esperança de que o Tempo percebesse que ali ainda havia uma luz que não se apagara, apenas tremeluzia fraca e cansada. Muitas vezes o coração da Memória se emocionava com alguma lembrança que o Tempo deixava cair, ao passar distraído pela estrada da vida. Nada mais do que isso. Quanto mais pensava no Tempo, mais a Memória se tornava fraca e cansada. Se pelo menos o Tempo fosse conhecedor de todas as lembranças que habitavam a Memória e que estavam submersas no mais profundo do seu ser, talvez se compadecesse dela e soprasse em seus ouvidos, as canções já esquecidas, que apenas faziam eco em seu pensamento, mas não se faziam ouvir. Com estes tristes pensamentos, a Memória adormeceu e sonhou todos os sonhos que esquecera de sonhar e que o Tempo, na sua pressa, a impedira de realizar.


Débora Benvenuti

domingo, 7 de agosto de 2011

O Vento e a Flor


O Vento e a Flor

 

O vento sopra devagar

e faz a flor suavemente balançar.

Suas pétalas perfumadas

espalham um aroma sedutor,

que até o vento se impregna

desse aroma que exala da flor.

E percorrendo os campos floridos,

por vales, montanhas e mares,

o vento carrega consigo,

mensagens de amor,

a um coração solitário,

que vive sonhando com a flor.

O vento sopra de mansinho,

falando com carinho,

de sentimentos serenos,

sensações tão amenas,

que fazem o coração

se sentir tão pequeno.

Uma lágrima escorre

e um sentimento verdadeiro,

transforma aquele sentimento

num doce devaneio.

Um amor derradeiro,

um sonho inteiro dedicado à flor.



Débora Benvenuti

sábado, 20 de novembro de 2010

O VENTO E AS CINZAS


O Vento e as Cinzas



O Vento soprava suavemente uma canção,
que se fazia ouvir docemente,
pelas Cinzas que se encontravam
espalhadas pelo chão.
Quanto mais próximo estava o Vento,
mais as Cinzas sentia-se
invadida pela emoção.
Queria erguer-se dali,
partir em nova direção,
mas tudo o que conseguia
era ficar ali, inerte,
a espera de que alguém
a tirasse dessa triste condição.
Ao ver o Vento se aproximar,
perguntou a ele se a podia ajudar,
ao que o Vento lhe perguntou,
curioso:
- O que posso fazer,
Para fazer você renascer?
- Sopre bem forte,
da melhor maneira que puder.
Quero daqui me levantar
e me transportar
para longe deste lugar.
O Vento então soprou bem forte
e carregou as Cinzas até bem alto,
até atingir os céus
e lá ela se transformou
em uma bela nuvem prateada.
Quando o vento sopra aquela mesma canção,
A nuvem se transforma em um belo coração.


Débora Benvenuti

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O TEMPO E O VENTO




O Tempo e o Vento

 

O Vento saiu de casa

assoviando alegre e contente.

Há muito não se sentia assim,

leve, sereno, feliz..

Passeava pela praia,

quando encontrou o Tempo,

se lamentando, contrafeito.

Por mais que se esforçasse,

sempre alguém encontrava

algum defeito.

Então ele soluçava

e algumas gotas do céu lançava.

Se estava quente ou se

estava frio,

alguém sempre reclamava.

E falavam que o Tempo virara.

Mas não terminavam a frase

e isso o incomodava.

O Vento então contava

por tudo que passara:

- Se soprava bem de leve

o chamavam de brisa fresca.

Ele então se enfurecia

e soprava com vontade.

Já erguera muitas saias

de moças encabuladas,

que ficavam ruborizadas

com essas coisas safadas,

que o Vento aprontava.

Quando isso acontecia,

o Vento se enfurecia,

soprava com toda a força,

que a todos espantava.

Muitos se escondiam

quando ele se aproximava.

Então o chamavam

por qualquer nome de mulher

e isso era um vexame

que ele não podia suportar.

Os dois se calaram

e pensaram no que fazer.

O Tempo resolveu se recolher

e logo escureceu.

O Vento se esqueceu

de todos os nomes que recebeu.

Mas prometeu se controlar,

se parassem de lhe chamar

de Brisa Fresca e de outros

nomes que preferia nem lembrar...



Débora Benvenuti