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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nada por Nada


O Nada foi muitas vezes surpreendido por Nada. Nada do que ele estivesse fazendo poderia ser explicado. O Nada era um ser enigmático e muitas vezes, inexpressivo. Quando alguém o surpreendia fazendo o que não era da conta de ninguém, ele simplesmente dizia que não estava fazendo nada. E quando não estava fazendo nada mesmo, ninguém acreditava. Então o Nada se aborrecia, pois era muitas vezes desacreditado e por este motivo,  começava a ser investigado. Era tão surpreendentes as suspeitas levantadas contra ele, que muitas vezes ele mesmo se surpreendia. Quem é que ia acreditar nele, se tudo nele representava suspeitas?  Se estivesse calado, simplesmente observando o nada que o rodeava, já era motivo para alguém se perguntar o que ele estaria fazendo. E muitas vezes ninguém conseguia que ele dissesse nada. Era Nada o tempo todo. Isto irritava muita gente. Como alguém poderia ficar o tempo todo sem fazer nada...? E o Nada não fazia absolutamente nada. Nada daquilo que as pessoas pudessem imaginar. Não fazer nada era o motivo perfeito para não precisar dar explicações, pois nem sempre elas seriam entendidas. Então, quando era pego fazendo alguma coisa, lá vinha a resposta prontinha, como sempre fazia: eu não estou fazendo nada, você também, que mal tem...?


Débora Benvenuti