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Nada foi muitas vezes surpreendido por Nada. Nada do que ele estivesse fazendo
poderia ser explicado. O Nada era um ser enigmático e muitas vezes,
inexpressivo. Quando alguém o surpreendia fazendo o que não era da conta de
ninguém, ele simplesmente dizia que não estava fazendo nada. E quando não
estava fazendo nada mesmo, ninguém acreditava. Então o Nada se aborrecia, pois
era muitas vezes desacreditado e por este motivo, começava a ser investigado. Era tão
surpreendentes as suspeitas levantadas contra ele, que muitas vezes ele mesmo
se surpreendia. Quem é que ia acreditar nele, se tudo nele representava
suspeitas? Se estivesse calado, simplesmente
observando o nada que o rodeava, já era motivo para alguém se perguntar o que
ele estaria fazendo. E muitas vezes ninguém conseguia que ele dissesse nada.
Era Nada o tempo todo. Isto irritava muita gente. Como alguém poderia ficar o
tempo todo sem fazer nada...? E o Nada não fazia absolutamente nada. Nada
daquilo que as pessoas pudessem imaginar. Não fazer nada era o motivo perfeito
para não precisar dar explicações, pois nem sempre elas seriam entendidas.
Então, quando era pego fazendo alguma coisa, lá vinha a resposta prontinha,
como sempre fazia: eu não estou fazendo nada, você também, que mal tem...?
Débora
Benvenuti