Era
uma festa esperada por setenta e nove anos. Depois dos 80 anos, sem jamais ter
comemorado um só aniversário, aquela velha senhora resolveu que queria dar uma
festa, para dançar uma valsa. Aquela valsa que jamais tinha dançado: a dos seus
15 anos. E a festa aconteceu com muitos convidados. Foi um acontecimento tão
emocionante, que a velha senhora decidiu que queria repeti-lo mais uma vez e
mais uma vez. Agora não eram mais 80 anos e sim 90 anos de pura emoção e
energia. Ninguém diria que a festa teria tantos convidados. Acontece que a
maior parte dos convidados e a que mais se divertiu, desceram de dois ônibus,
que estacionaram no local da festa. A própria aniversariante dançou ao som de
sua música predileta, na companhia de todos os entes queridos que já haviam
partido. Como eles souberam desse acontecimento? Fica aqui a suspeita: eles
receberam uma visita dos parentes vivos, que foram homenageá-los no seu local
de descanso e resolveram que já haviam descansado o suficiente por muitos anos
e todos eles se reuniram para comemorar junto com a velha senhora aquele
momento tão especial, que uniu todas as gerações, mesmo que muitos não tenham
tido a oportunidade de vê-los. Se eu estava lá e vi? Não, mas com certeza, se tivesse
participado, teria esbarrado em algum deles.
Débora
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