A
Confiança era um ser muito delicado. Aparecia de repente e ia se instalando aos
poucos nos lugares mais inesperados.Usava toda a sua inteligência (era dotada
de inúmeras facetas) quando queria persuadir alguém a acreditar nela. E para
isso não media esforços. Era muito perspicaz e logo percebia os detalhes que a
ninguém mais parecia importar. Isso fazia com que estivesse sempre alerta a
tudo o que acontecia e aproveitava todas as oportunidades para se infiltrar no
mais íntimo dos sentimentos. Depois de estabelecida, baixava e guarda e isto
fazia com que se tornasse vulnerável. Aparecia então a Suspeita, que estava
sempre a espreita, para fazer com que a Confiança perdesse aquele seu ar
arrogante de quem tudo quer e tudo sabe. Era nesse momento que a Suspeita
aproveitava para analisar as fraquezas da Confiança. Sem que a Confiança se
desse conta, a Suspeita ia analisando cada palavra proferida por ela e ia
tentando encaixar as peças que ela,distraidamente, ia deixando pelo caminho. Cada
vez que conseguia juntar uma peça, o jogo se tornava mais interessante e a
Suspeita ficava mais intrigada com a confiança que a Confiança tinha nela
própria. Não era capaz de perceber que estava sob suspeita e assim, cada vez
mais, baixava a guarda e sem perceber, acreditando que todos acreditavam nela,
ia cedendo terreno para que a Suspeita se infiltrasse e conseguisse juntar as
peças do quebra-cabeça, até que a verdadeira face da Confiança aparecesse.
Quando a Confiança percebia que ninguém mais acreditava nela, ficava
desesperada e desmentia tudo o que a Suspeita falava dela e tentava de todas as
maneiras, recuperar o que não podia mais ser recuperado: A Confiança!
Débora Benvenuti
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