A Dúvida e a Curiosidade
A Dúvida caminhava
pela estrada
e trazia consigo um pesado fardo.
De vez em quando
pensava em desistir,
mas corria o risco de não mais prosseguir
e abandonar para sempre,
o que estava a carregar.
Pensava às vezes se
desfazer
um pouco do fardo que carregava,
mas não se atrevia sequer a abrir o saco,
que já cansada,
pela estrada arrastava.
Por onde passava,
encontrava sempre a Curiosidade,
que a espreitava,
em cada curva da estrada.
E quanto mais
andava,
mais a Dúvida se martirizava.
Queria ter uma
certeza,
uma apenas e já se daria por satisfeita.
Mas por outro lado,
tinha medo,
de espiar dentro do saco,
que pesava a cada passo que dava.
E ela assim
continuava,
confiando na certeza,
de que haveria um momento
em que não teria mais dúvidas.
Quando a Curiosidade novamente a encontrasse,
se desfaria do
fardo,
que não mais conseguia carregar.
E assim, depois de
muito pensar
e com os pezinhos doloridos de tanto andar,
encontrou a Curiosidade a lhe esperar.
Não teve mais
argumentos,
para a Curiosidade enganar.
Colocou o pesado fardo no chão,
devagar, sem nada falar.
A Curiosidade
saltitava
e mal conseguia se conter,
querendo saber
o que a Dúvida tinha a esconder.
Então, lentamente,
a Dúvida se desfez do fardo.
De dentro dele,
como por encanto,
surgiu a
Esperança,
que deixou a Dúvida muda de espanto,
por que não sabia que o fardo
que pesava tanto,
se tornara tão leve,
depois que deixara a Curiosidade
espiar por um momento e
pôr fim ao seu tormento...
Débora Benvenuti
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