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domingo, 19 de maio de 2013

O Vazio e a Curiosidade




Havia certos momentos em que o Vazio se apoderava de todos os sentimentos e ia se alastrando em todas as direções, sufocando a quem ele encontrasse pelo caminho.Não deixava nenhum espaço sem ser ocupado. Esmagava as emoções de forma tão perversa, que nada por perto parecia ter vida. A Esperança,nesses momentos, sentia-se impotente, perante o vazio avassalador que teimava em obstruir todas as  frestas do seu coração. Era em momentos assim, que a Curiosidade não se contia. Analisava todos os ângulos daquele vazio imenso, procurando  descobrir uma forma de se infiltrar e fazer a Esperança acordar daquele sono hipnótico, no qual caíra em profundo esquecimento. Nenhum som se ouvia, apenas o tic-tac do relógio marcando o tempo, que insistia em passar, movendo os ponteiros de forma ritmada, como se fosse um robô, à mercê do próprio tempo. E o Tempo, que sempre estava a passar, nada percebia ou se percebia, nunca tinha tempo nem para ele mesmo, quanto mais para perceber o quanto o Vazio preenchia o tempo. E assim, dessa forma desordenada, a Curiosidade se mantinha em sua forma mais sutil, buscando uma forma de regatar as emoções e fazê-las preencher o Vazio, para que se tornasse novamente habitável.


Débora Benvenuti

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Dúvida e a Curiosidade




A Dúvida e a Curiosidade



A Dúvida caminhava pela estrada

e trazia consigo um pesado fardo.

De vez em quando pensava em desistir,

mas corria o risco de não mais prosseguir

e abandonar para sempre,

o que estava a carregar.

Pensava às vezes se desfazer

um pouco do fardo que carregava,

mas não se atrevia sequer a abrir o saco,

que já cansada,

pela estrada arrastava.

Por onde passava,

encontrava sempre a Curiosidade,

que a espreitava,

em cada curva da estrada.

E quanto mais andava,

mais a Dúvida se martirizava.

Queria ter uma certeza,

uma apenas e já se daria por satisfeita.

Mas por outro lado, tinha medo,

de espiar dentro do saco,

que pesava a cada passo que dava.

E ela assim continuava,

confiando na certeza,

de que haveria um momento

em que não teria mais dúvidas.

 Quando a Curiosidade novamente a encontrasse,

se desfaria do  fardo,

que não mais conseguia carregar.

E assim, depois de muito pensar

e com os pezinhos doloridos de tanto andar,

encontrou a Curiosidade a lhe esperar.

Não teve mais argumentos,

para a Curiosidade enganar.

 Colocou o pesado fardo no chão,

devagar, sem nada falar.

A Curiosidade saltitava

e mal conseguia se conter,

querendo saber

o que a Dúvida tinha a esconder.

Então, lentamente,

a Dúvida se desfez do fardo.

De dentro dele,

como por encanto,

surgiu a  Esperança,

que deixou a Dúvida muda de espanto,

por que não sabia que o fardo

que pesava tanto,

se tornara tão leve,

depois que deixara a Curiosidade

espiar por um momento e

pôr fim ao seu tormento...



Débora Benvenuti

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Vaidade e a Felicidade


A Vaidade e a Felicidade


A Vaidade,
muito charmosa,
toda vestida de rosa,
passeando pelo bosque,
encontrou uma fonte de águas cristalinas.
Não contendo a curiosidade,
foi correndo mirar-se
naquele espelho d'água transparente,
para ver se sua imagem
não havia sido alterada.
Percebeu que alguma coisa
estava errada,
porque a imagem refletida,
não mais a ela pertencia
e sim a alguém que ela não conhecia.
Quanto mais admirava
a imagem ali refletida,
mais se entristecia,
pois percebia que a imagem que via
era triste e envelhecida.
Pensou que nunca mais seria
como era antes e assim,
com a aparência enrugada,
pelos anos maltratada,
lamentava-se tristemente:
- Nunca mais seria a jovem
que já fora antigamente
e com esses pensamentos,
deitou-se na relva
e adormeceu profundamente.
Sonhou que viveria para sempre,
se aceitasse as condições
que o Tempo lhe propôs:
- Cada vez que se mirasse
nas águas daquele bosque encantado,
não olharia a imagem refletida,
apenas veria o seu pensamento
e com ele transporia
as portas da Felicidade,
que estaria ao seu lado
toda a vez que ela
assim o desejasse,
mas para isso teria
que observar seus mandamentos,
jamais desejar
o que não mais poderia ter,
contentar-se com o que tivesse,
e assim ela viveria para sempre,
no coração de quem ela mais desejasse.
Então a Vaidade compreendeu,
que a beleza com a qual convivera,
era agora
o reflexo da sua mente...


Débora Benvenuti