A
Ilusão era um ser muito sensível e por ser assim, muitas vezes sentia que
estava sendo enganada. Por mais que a Imaginação se esforçasse para fazê-la
acreditar que tudo era possível, que até os sonhos mais distantes muitas vezes
podiam se tornar reais, aparecia a Decepção, com o seu jeito amargo de ver as
coisas e dizia que tudo não passava de ilusão. Desiludida, a Ilusão já não mais
sonhava e quando se permitia ter um sonho, o guardava só para si, pois sabia o
quanto a Decepção já a havia magoado. Muitas vezes a Imaginação povoava os seus
pensamentos e e ela se deixava carregar em suas asas, por voos tão altos e por
lugares jamais antes imaginados. Sentia-se flutuar no espaço e era uma sensação
tão intensa, que muitas vezes se sentia bailando, como se fosse uma folha
carregada pelo vento. E a folha carregava a Ilusão em seus braços, de forma tão
delicada, que a Ilusão sentia que todo os seus sonhos estavam sendo realizados.
Mas como havia chegado o inverno, a folha que antes fora tão verde e viçosa,
agora já se sentia enrugada e seca, mas mesmo assim, insistia em bailar com a
Ilusão, sob a brisa que as embalava docemente. A Imaginação falava ao vento,
sobre os sentimentos da Ilusão e o quanta decepção ela já havia sofrido. Por
isso, pedia a ele que continuasse a soprar, delicadamente, para que a folha, já
ressecada, não se partisse e caísse ao chão. A Ilusão sofria de depressão, mas
desejava que a Decepção nunca mais a encontrasse e naquele momento, o que mais
desejava, era continuar sendo Ilusão.
Débora Benvenuti