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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A Saudade e o Tempo



Por mais que tentasse não pensar, a Imaginação ficava horas a fio fitando o infinito. Tentava buscar alguma lembrança que o Tempo pudesse ter apagado e não conseguia se conformar em ter esquecido alguma coisa. O Tempo muitas vezes passava devagar e era nessas horas que a Imaginação tentava fazer com que o Tempo lhe contasse algum segredo, que tivesse se perdido ao longo caminho.
Haviam lembranças um tanto apagadas, que o Tempo carregava num pergaminho e cada vez que o desenrolava,  mais difícil ficava tentar ler alguma coisa. E isso não era tudo: algumas lembranças eram acontecimentos tão estranhos, que a Imaginação acreditava não ter vivido. Então se punha a pensar, se isso tudo não seria uma brincadeira que o Tempo inventava, para testar a memória da Imaginação. Mas como com o Tempo não se brinca, a Imaginação ficava um tanto aborrecida, por não lembrar de coisas tão importantes e das quais sentia uma enorme saudade, mesmo sendo lembranças que se iam apagando pouco a pouco. Precisar lembrar. Não queria esquecer nada, pois cada vez que se distraia, sentia uma enorme saudade de alguma coisa, mas não conseguia lembrar o que era. Era como se uma neblina fina e densa fosse se acumulando no seu pensamento e a impedisse de saber o motivo de tanta saudade.
E a Saudade aos poucos ia desaparecendo, deixando um vazio enorme, que nem o Tempo, com todos os seus afazeres, era capaz de preencher.


Débora Benvenuti

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Saudade e o Amor II






             A Saudade andava se sentindo muito só. Por onde passava, ia deixando pegadas tão profundas, quanto o peso que carregava em sua alma. Cansada do fardo que  carregava, sentou-se à sombra  de uma árvore, espreguiçou-se como pôde, aspirou o suave perfume das flores naquele belo dia  de primavera, deitou-se na relva macia e sentiu-se adormecer  profundamente. O Amor ia passando por ali e naquele momento e  encontrou a Saudade, num sono tão inocente, que sentou-se ao seu lado e ficou a observá-la. Sentiu-a tão triste ali sozinha, naquele sono tão displicente, que sentiu um enorme carinho pela Saudade. Tocou-lhe a face com suavidade e  sussurrou-lhe ao seu ouvido palavras tão ternas, como nunca antes a Saudade havia ouvido. Ela então sentiu a presença do Amor ao seu lado, abriu os olhos de mansinho e percebeu como era lindo o Amor, quanta delicadeza havia naquele olhar e que ternura  emanava do seu coração. Uma lágrima escorreu pela face da Saudade e o Amor então se aproximou e tocou  suavemente com os lábios aquela lágrima que a Saudade deixara escorrer.Foi um momento sublime, de rara beleza. O Amor então estendeu a mão, para que a Saudade pudesse se levantar. Abraçou-a docemente, recolheu o fardo que a Saudade carregava e os dois partiram abraçados pela estrada, sentindo que estariam sempre juntos, por onde quer que andassem, por toda a Eternidade...


Débora Benvenuti

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Eternidade, O Amor e a Saudade






A Saudade e o Amor
diante da Eternidade
foram se encontrar,
para tentar explicar
o que andavam fazendo,
e cada qual ao seu modo
foram se expressando:
- A Saudade disse que havia deixado
muitos corações despedaçados,
enquanto o Amor tentava compor
os caquinhos estilhaçados,
que a Saudade ia deixando pelo caminho.
Quanto mais longe de um coração
se encontrava,
mais a Saudade ia deixando a sua mágoa
e o coração mais apertado ficava,
cada vez que a Saudade passava.
De tanto consolar um coração,
o Amor acabou também ficando apaixonado,
pelo mesmo coração,
que a Saudade havia deixado.
A Saudade, sabendo então
que o coração estava de novo apaixonado,
resolveu voltar e questionar o seu lugar.
O Amor, sabedor de todos os males
que a Saudade havia deixado
nesse coração tão amargurado,
jurou, diante da Eternidade,
que jamais havia deixado
alguém tão só e desesperado.
A Eternidade,
conhecedora de toda a enfermidade
que a Saudade causava,
disse que o Amor era superior
a toda essa crueldade,
causado pela Saudade,
e resolveu que a partir desse momento,
cada vez que um coração se julgasse
aprisionado pela Saudade,
teria o direito de escolher o Amor
que mais afeto despertasse
e deixar a Saudade seguir
a mesma estrada que havia trilhado,
quando abandonou o coração,
já tão gasto e humilhado.
Daquele dia em diante,
o Amor e a Saudade nunca mais
foram vistos habitando um mesmo coração.
Quando a Saudade passava,
o Amor se fingia de cego,
para não ver a Saudade,
diante da Eternidade,
fazer juras de Amor
e enganar o Coração,
que mesmo apaixonado
ainda pensava na Saudade...


Débora Benvenuti

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Saudade e o Tempo


A Saudade e O Tempo


A Saudade sentia-se muito só
e encontrou o Tempo,
que passava naquele instante,
 devagar,sem pressa
e sem saber onde chegar.
Nenhum dos dois estava
com vontade de falar.
A Saudade sentia uma dor enorme,
que lhe impedia de pensar.
Eram um sentimento tão forte,
impossível de suportar.
Por mais que tentasse
esquecer o que a fazia sofrer,
não conseguia dessa sensação
se desfazer.
O Tempo,por sua vez,
estava perdido.
Perambulava pelas esquinas
do seu pensamento
e por mais que tentasse,
não encontrava o que procurava
e isso o deixava fatigado.
Carregava consigo pesadas correntes,
que o torturavam,
a cada passo que dava.
Corria sem pressa de chegar
e isso era muito desgastante.
Perdera-se no tempo
e estava sem tempo para pensar.
Desde que fora descoberto,
nunca mais encontrara tempo
para si mesmo.
Estava sempre correndo
de um lado para outro.
Era muito procurado
e muitas vezes amaldiçoado.
Perdia-se muito tempo
tentando fazer o Tempo passar.
Havia sempre alguém querendo
controlá-lo e isso o deixava desanimado.
Muitas vezes corria apressado,
mas sempre chegava atrasado.
Então chegava a Saudade
e o deixava ainda mais amargurado.
Sentia saudades do tempo
em que não se preocupava
com o próprio tempo.
Mas a Saudade sempre lhe perguntava
se já havia esquecido daquele Tempo
em que havia Tempo para tudo.
Nesse tempo,
o Tempo era dono de si mesmo.
E as velhas recordações
o faziam voltar no tempo
e sem tempo para pensar,
sentia a Saudade o abraçar.
E assim,abraçados,
permaneciam calados,
esperando a Saudade passar
e com o Tempo,sem outro contratempo,
esquecerem-se  que o Tempo por ali
estava a passar...
com as suas pesadas correntes a carregar...


Débora Benvenuti

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ESPERANÇA E A SAUDADE



A Esperança e a Saudade




 
A Esperança estava cansada,

de tanto ser enganada.

Cada vez que em seus sonhos acreditava,

sempre se sentia desarmada.

Nunca estava preparada

e por mais que se esforçasse,

sempre acontecia algo inesperado,

que fazia a Esperança ficar emocionada.

Então lá vinha novamente a Saudade

e com suas palavras adocicadas,

fazia a Esperança ficar entusiasmada.

Falava de coisas amenas,

mas sempre com a intenção

de relembrar as mesmas cenas,

que a Esperança julgava superadas.

Então a Saudade aproveitava

e no coração da Esperança se instalava.

E os sentimentos que ela afastava,

de novo se manifestavam.

E a Esperança, nessas palavras acreditava.

Continuava a sonhar,

os mesmos sonhos que sonhara.

E isso muito mal a ela causava.

A Esperança ficava ainda mais iludida,

mas sempre aconteciam as mesmas coisas

e a Esperança outra vez se enganava.

Não sabia se acreditava na Saudade

ou se recusava a ouvir suas palavras,

que a seus ouvidos soavam,

como a mais bela de todas as melodias.

Assim vivia a Esperança,

sem saber em quem acreditar,

até que um dia surgiu o Amor

e a ela confessou,

que estava apaixonado.

A Esperança enfim pensou,

que já era hora da Saudade ir embora

e nela nunca mais acreditou...


Débora Benvenuti