MEU LIVRO - EDITORA CORPOS - PORTUGAL

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

O ENTREGADOR DE SONHOS E O SONO

 

 

Mais uma vez anoitece

e como sempre acontece,

lá vem o Entregador de Sonhos,

depois que todos adormecem.

Nessa noite,

ainda desperto,

um Coração espera

que o Sono se aproxime,

para pedir a ele que fique alerta,

espere o Entregador de Sonhos

e diga a ele que não esqueça

de deixar o sonho que ele mereça.

Que seja muito belo

e que realmente aconteça.

Pelo vão da porta entreaberta,

o Sono entra de mansinho.

Toca as pálpebras do Coração,

e ele vai caindo num torpor que o faz flutuar

e sem mesmo perceber,

acaba por adormecer.

É nessa hora que o Entregador de Sonhos se aproxima,

sempre na mesma rotina

e vai distribuindo os sonhos a quem ele mais estima.

O Sono, como prometera ao Coração,

ficara de plantão

e quando o Entregador de Sonhos apareceu,

pediu a ele para escolher um sonho,

que fizesse o Coração se enternecer.

Pudesse sonhar enquanto dormisse

e se realizasse após o amanhecer.

O Sono desenrolou o Sonho

e o colocou no travesseiro

onde o Coração adormecera.

Era um sonho cor de rosa

e o Coração sonhou,

como nunca antes sonhara.

Encontrou o seu amor

e dele nunca mais se separou.

 

Débora Benvenuti


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A Onça Pintada, o Gavião e o Caçador

 


 

 

O Gavião havia feito um acordo com a Onça Pintada e estava desconfiado de que ela o estava enganando. Resolveu marcar um encontro com a Onça Pintada e no dia combinado, o Gavião, muito esperto, resolveu levar o Caçador com ele, para evitar possíveis desavenças. Chegando ao local combinado, o Gavião e o Caçador foram convidados a aguardar um momento, até que pudessem ser atendidos. A Onça pintada apareceu minutos depois e convidou os dois amigos a seguirem-na. O Gavião se acomodou no toco de um galho, pois estava com uma asa ferida e não podia voar. A Onça Pintada se dirigiu ao Gavião e perguntou-lhe o seu nome e logo após, dirigiu-se ao Caçador e perguntou qual o motivo dele estar ali. O Caçador então respondeu que o Gavião estava ferido e precisava de quem o protegesse. A Onça pintada não acreditou muito no Caçador e perguntou a ele se possuía alguma procuração para defender o Gavião, ao que o Caçador respondeu: procuração pública não tenho, mas a acompanho para resolver os seus problemas. A Onça Pintada não gostou muito da explicação e respondeu: se o senhor não tem procuração para representá-la, nem deveria estar aqui. Está cometendo um crime. Vou pedir ao senhor que se retire. O Caçador então respondeu: Eu não vou me retirar. Vim aqui acompanhar o Gavião e daqui não saio. A Onça Pintada começou a ficar nervosa, pois o Gavião queria ver como andavam as negociações e como ele não tinha nada a apresentar e com medo do Caçador, se pôs a gritar: Polícia,chamem a Polícia. Polícia. Polícia e gritava desesperada, tentando ganhar tempo. E dizia ao Caçador: Vá embora daqui. Vá embora daqui. E quanto ao Gavião,só retorne aqui com o seu advogado. O Gavião saiu arrastando a asa quebrada e desapareceu com o Caçador, sem entender muito o que estava acontecendo. O Caçador então se dirigiu a um amigo, que tinha contatos com a TV Animal e pediu ajuda. Logo ficou acertado que o Gavião poderia retornar acompanhado do advogado. Alguns dias depois, lá se foi o Gavião acompanhado do seu advogado,o SR Corujão. Os dois foram recebidos pelo chefe do escritório, outra Onça Pintada com jeito de ser o maioral ali. Essa outra Onça Pintada, andou de lá para cá e com o peito estufado se apresentou: Eu sou o SOLUCIONADOR. Resolvo qualquer problema e disse, depois de muita conversa fiada e sem nenhum documento para apresentar, que ele mesmo resolveria a situação. Passado alguns dias, o Gavião resolveu entrar em contato novamente com o SOLUCIONADOR, para saber se havia resolvido o caso, mas para seu espanto, ficou sabendo que a tal Onça Pintada, ficou com tanto medo do advogado do Gavião que saiu correndo pela floresta e pelo caminho foi derrubando todas as pintas e só depois se ficou sabendo que a tal Onça Pintada não passava de um gatinho sem moral nenhuma.

 


Débora Benvenuti


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O Ponto Final e a Criatividade




O Ponto deixou de ser criativo no momento que se tornou ponto. A partir daquele momento, o Ponto chegou a conclusão de que nada mais havia a ser dito.Era o Ponto final. Mas Ponto final para que...?Ficava a interrogação. Mas depois do ponto, para que servia a interrogação? Esta era uma pergunta que a Criatividade não poderia deixar de se perguntar. Afinal, criar era algo que a Criatividade sabia fazer muito bem. E como sabia. Criava situações muitas vezes até cômicas e deixava o Ponto sem argumentos. Então ele se achava superior à Criatividade? Se assim pensava, estava muito enganado. Qualquer coisa era motivo para a Criatividade dar asas à Imaginação. Criar era algo tão simples quanto um estalar de dedos e para muitos, tão complicado que só sobravam risos e mais risos, a cada ponto final. E não era só um ponto. Havia mais dois pontos e logo depois, mais três pontos. Mas o que o autor dos pontos queria dizer com isso?




Débora Benvenuti

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O Gigante Adormecido



Em um Reino distante vivia um Gigante que permaneceu num sono profundo por mais de 13 anos. Ninguém se atrevia a acordá-lo, porque todo o Gigante quando acorda, se torna muito maior do que sua aparência possa aparentar. Foram anos sombrios, em que os súditos do Reino permaneciam na mais obscura miséria e ignorância. Há quem afirme que muitos sofreram uma lavagem cerebral, tanto nas classes mais humildes até aqueles que tinham algum esclarecimento. Os que nada tinham, continuavam na ignorância, mas aqueles que detinham o conhecimento, se aproveitavam disso para acumular fortunas e saquear o castelo. Aos poucos, os súditos do Reino foram se dando conta que era hora de dar um basta em tudo. Suas armas eram as suas palavras e com elas foram reunindo o maior número de pessoas que puderam alcançar. Ninguém imaginava que a união dessa minoria se tornaria tão grande a ponto de derrubar o opressor. A luta estava apenas começando. Aos poucos, todos foram se mobilizando e se comunicando pelas redes sociais. Era hora de o Gigante acordar.  Quando acordou, ninguém mais conseguiu deter o Gigante, que a cada dia foi massacrando o adversário até a sua derrota final. Finalmente, as correntes se romperam e o Gigante assumiu o que era seu, por direito.

Débora Benvenuti


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A Obsessão e a Crítica





A Obsessão é um ser intolerável. Não suporta a Crítica, mas adora jogar pedras em telhado de vidro. Muitas vezes essas pedras quebram o vidro e quando são revidadas, nunca são toleradas, no mais amplo sentido da palavra. E as palavras às vezes são as Criticas mais sensatas que se possa fazer, mas nunca são aceitas pela Obsessão. A Obsessão é como um touro enfurecido. Abaixa a cabeça e assopra um vento tão forte, que suas narinas chegam a tremer e assim, com toda a fúria, investe no desarmado autor da Crítica, na esperança de reduzi-lo a pó. Quando percebe que suas tentativas são frustradas, fica mais enfurecido e com suas imensas patas, tenta esmagar o adversário. É um salve-se quem puder. Quem fez a Crítica tinha lá as suas razões, o que não se pode dizer da Obsessão. Esta sim é incapaz de enxergar o que está a um palmo do seu nariz. Por isso se diz que um touro enfurecido não tem visão, apenas se deixa levar pelo movimento. E o movimento é o que não falta ao autor da Crítica. O movimento do adversário e o momento propício. Estes dois elementos são a base de quem pretende fazer a Crítica.

 


Débora Benvenuti


A PALAVRA E A ESCRITA


 


A Palavra era soberana. A Escrita era incontestável. Esses dois seres passavam o tempo todo questionando o poder que cada um deles exercia nas pessoas. A Palavra, quando decidia dar o tom exato a que se propunha, não havia quem não se apaixonasse por seus dizeres. A Escrita, por sua vez, se julgava muito mais importante, porque sempre argumentava que as Palavras o vento levava, e a Escrita permanecia para sempre na memória de quem um dia as lia. A Palavra estava certa em suas convicções. Tinha o poder de atrair sempre mais e mais adeptos toda a vez que se fazia ouvir. A Escrita questionava sempre as Palavras que eram ditas. Dizia que muitas vezes quem as ouvia não entendia o seu significado e quando as repassava, não condizia com a verdade. Afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto. E não é que isso era verdade? A Escrita então estava coberta de razão. Se alguém duvidasse do que fora dito, lá estava a Escrita, para quem quisesse ler. Com todas as letras! E onde estava a Palavra, nesse momento? Ninguém sabia responder. O vento que por ali passara, já se encarregara de as dissolver. 



Débora Benvenuti


A Disputa


A Disputa era um ser acirrado. Sempre que podia, precisava disputar tudo o que via, porque se sentia um ser inferior, se assim não o fizesse. Nada podia ser superior a ele. Precisava mostrar a todos o quanto estar no topo da lista era importante para ele. E quando isso não acontecia, sentia-se o mais infeliz dos mortais. Reconhecia a sua inferioridade e quanto mais inferior se sentia, mais desejava obter sucesso nas coisas que ele não conhecia. Os dias e os anos se passavam e ele não percebia o quanto seria necessário ele aprender, para se tornar um ser superior. Queria e desejava ser superior, mas não sabia a que queria ser superior. Não havia um objetivo a atingir, apenas precisava esconder o quão insignificante era a sua trajetória. Viver era apenas dar um sentido vago a sua existência tão cheia de emaranhados nebulosos. E seres inúteis acabavam sempre afogados em sua soberba. Falar dos fatos é essencial. Usar as palavras certas é sabedoria. Quem observa do alto, enxerga mais longe.



Débora Benvenuti

sábado, 3 de novembro de 2018

O Afeto,a Ternura e o Amor





Nascidos de um mesmo coração,
 o Afeto, a Ternura e o Amor
 foram crescendo e cada qual
 foi tendo os seus próprios ideais.
 Como eram trigêmeos,
 tinham todos algo parecido,
 muito difícil de separar
 e muito menos identificar.
 O Afeto era muito sensível
 e por qualquer coisa ficava sentido.
 Enquanto a Ternura era só coração.
 Ficava com pena do Afeto
 e sentia que devia
 fazer muito mais pelo irmão.
 Falava suave aos seus ouvidos
 palavras ternas com tanto carinho,
 que o Afeto se sentia ainda mais aflito,
 com tanta demonstração de carinho.
 Então o Afeto ficou muito preocupado,
 por que sentiu que não podia
 sentir Amor pela Ternura,
 já que ambos eram irmãos.
 Mas cresceram tão entrosados
 que ficava difícil
 abandonar o coração,
 onde os três haviam sido gerados.
 Aí então ficou feita a confusão.
 O Afeto estava apaixonado pela Ternura
 e pelo que se sabe até então,
 os três jamais abandonaram o coração,
 onde eles haviam sido criados
 pelo Autor da Criação,
 esse mesmo que criou
 esse sentimento chamado...AMOR!!!



Débora Benvenuti

O Blog Falante e o Informante




Quando anoitecia e todos dormiam,
era hora em que muitas coisas aconteciam.
Sem saber que era observado,
O Plágio aparecia
e muitos poemas do Blog,
desapareciam.
No outro dia,
em outra página
eles eram postados
por alguém que dizia
que não sabia
de onde eles eram clonados.
O Blog sempre avisava
ao visitante mal informado,
que os poemas ali postados
eram todos assinados.
Mesmo assim,
eles eram copiados.
E quem os copiava sempre dizia
que jamais seriam identificados,
Ao que o Blog respondia...
Vai nessa...Vai nessa...
Cuidado que estás sendo
Observada...
Clonar o que não te pertence
Pode ser muito complicado...




Débora Benvenuti

O Poema e a Ilusão




O Poema estava apaixonado

pela Ilusão.

Escrevia versos e tentava

conquistar seu coração.

Com palavras carinhosas,

fazia todo o dia

uma declaração.

A Ilusão não queria

demonstrar a sua paixão.

Acreditava que tudo

não passava de uma mera confusão.

Por ser Ilusão,

muito cedo desapareceria

e causaria uma enorme decepção,

a esse coração que dizia amá-la

e não conseguiria viver

com a rejeição.

Sabia muito bem que sofreria,

e sabendo da sua triste condição,

tão logo percebesse o engano,

partiria sem rumo e sem direção.

O Poema, percebendo a sua hesitação,

pediu a Ilusão que convivesse

para sempre no seu coração.

Casariam sem muita badalação,

sem festa e sem convidados,

para não serem incomodados,

nesta nova fase

que iniciavam com tanta convicção.

Para não serem enganados,

selaram assim essa união:

O Poema viveria

e em seus versos escreveria,

tudo o que sentia,

mesmo sabendo que o que sentia

Era a mais pura ilusão.

 

 

 

 

Débora Benvenuti