O Tempo e o Vento
O Vento saiu de casa
assoviando alegre e contente.
Há muito não se sentia assim,
leve, sereno, feliz..
Passeava pela praia,
quando encontrou o Tempo,
se lamentando, contrafeito.
Por mais que se esforçasse,
sempre alguém encontrava
algum defeito.
Então ele soluçava
e algumas gotas do céu lançava.
Se estava quente ou se
estava frio,
alguém sempre reclamava.
E falavam que o Tempo virara.
Mas não terminavam a frase
e isso o incomodava.
O Vento então contava
por tudo que passara:
- Se soprava bem de leve
o chamavam de brisa fresca.
Ele então se enfurecia
e soprava com vontade.
Já erguera muitas saias
de moças encabuladas,
que ficavam ruborizadas
com essas coisas safadas,
que o Vento aprontava.
Quando isso acontecia,
o Vento se enfurecia,
soprava com toda a força,
que a todos espantava.
Muitos se escondiam
quando ele se aproximava.
Então o chamavam
por qualquer nome de mulher
e isso era um vexame
que ele não podia suportar.
Os dois se calaram
e pensaram no que fazer.
O Tempo resolveu se recolher
e logo escureceu.
O Vento se esqueceu
de todos os nomes que recebeu.
Mas prometeu se controlar,
se parassem de lhe chamar
de Brisa Fresca e de outros
nomes que preferia nem lembrar...
Débora Benvenuti